segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Bolinho de Jesus ?
O acarajé é uma iguaria da culinária baiana e tem sua origem nos barracões de candomblé. O bolinho de feijão-fradinho, frito no azeite de dendê, é uma oferenda à Orixá Iansã. Em Salvador - BA é facilmente encontrado nas ruas, vendido em tabuleiros pelas tradicionais Baianas, com suas roupas brancas, torço (turbante) na cabeça e suas Guias (colares) no pescoço. Essa tradição perdura desde o século XIX. O acarajé começou a ser vendido nas ruas de Salvador pelas escravas, e hoje se tornou o prato mais conhecido e característico da Bahia, e o ofício das baianas do acarajé foi tombado pelo IPHAN, desde 2004, como patrimônio imaterial do Brasil.
Na África, ele chama-se akara, e quando as escravas desfilavam pelas ruas, com os tabuleiros na cabeça, anunciavam akará ajeum. Ajeum significa, em Ioruba, comer. Nós brasileiros juntamos as duas palavras e nasceu o termo acarajé.
Bom o fato é que mesmo com tanta tradição cultural e religiosa envolvida, anda acontecendo algo no mínimo absurdo. Evangélicos produzindo e comercializando o acarajé e chamando-o de Bolinho de Jesus.
Começou quando algumas adeptas do Candomblé se tornaram protestantes, e hoje vários evangélicos se utilizam deste procedimento para ter garantida sua fonte de renda.
Estes, naturalmente, não usam as roupas brancas, nem o torço e nem as guias. Nem mesmo usam os tabuleiros para acomodar os acarajés, fazem de tudo para desassociar o quitute do Candomblé. Ignoram, no sentido de não se importarem, as origens, a história, a tradição e a cultura que envolve o que antes de tudo é uma oferenda, e querem vendê-lo apenas como um alimento qualquer. É que vende bem, muito bem. Então se apropriam indevidamente de uma das mais enraizadas e conhecidas tradições da Bahia e do Brasil, pois quem nunca ouviu falar no famoso acarajé da Bahia?
Fiquei pensando muito nisso, e acabei associando a outro fato semelhante. Todos sabem que sal grosso, arruda, fitinha vermelha, e por ai a fora, são elementos tradicionais dos cultos afro-brasileiros, principalmente da Umbanda, que se popularizaram e foram incorporados na cultura brasileira, assim como o famoso vaso de 7 ervas, ferradura, figa e muitos outros. Pois bem, não é difícil ligarmos a televisão e vermos um pastor evangélico, de roupa branca (tai outra coisa), utilizando alguns destes elementos em seu culto, e ainda denominando isso de “des carrego” (tai mais outra coisa).
É inegável a contribuição do Povo Negro e do Povo de Santo para a construção da identidade cultural do Brasil, mas àqueles que não encaram desta forma devem ao menos não tentar roubar, adaptando de forma grosseira, nossas coisas para as suas coisas.
O acarajé, alem do feijão e do dendê, tem muito sangue e suor dos escravos. Tem muita reza e axé dos barracões de Candomblé. Tem dança e tem ritmo. Tem sonhos de liberdade e sorrisos de esperança.
O acarajé é de Iansã.
O autor, Ricardo Barreira, é presidente do Instituto Sócio Cultural Umbanda Fest.
sábado, 21 de novembro de 2009
Oferendas
O que quer dizer, realmente, fazer ou dar uma oferenda?
Muitos acreditam que os Orixás e as Entidades comem. Nenhum Orixá ou Entidade come as oferendas! Nas reuniões percebemos que as entidades se alimentam, bebem e fumam. Mas devemos nos lembrar que naquele momento elas estão incorporadas no médium e usam aqueles elementos para o trabalho que estão executando naquele momento.
Podemos sempre fazer oferendas?
Não, para isso temos que ter um auxílio de um Pai de Terreiro, que nos orientam sobre a seriedade de uma oferenda, e com certeza a fará com toda responsabilidade e fé.
Como podemos falar sobre o assunto que é um recurso da Umbanda com a seriedade e o respeito devido?
Em uma necessidade o pai de terreiro marca um dia para o filho fazer sua oferenda em lugar apropriado e deitar um pouco de tempo para receber as vibrações destas oferendas. Elas agem como catalisadoras e transmissoras de energia, servindo para fortificar o médium.
A mesma oferenda serve para qualquer pedido, fortalecimento, abertura de caminhos, etc.?
Não, para cada situação existem oferendas apropriadas, por isso a necessidade da assistência do Sacerdote ou Pai de Terreiro, pois ele sabe como e o que fazer.
Devemos colocar oferendas nas ruas, nas encruzilhadas, etc.?
Não. Elas não devem ser colocadas na rua e nem nas encruzilhadas, pois todos os terreiros devem ter um lugar de respeito para que sejam colocadas.
fonte: http://www.casabrancadeoxala.org/conversas%20na%20senzala/oferendas.html
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Consciência tem raça
tem forma, tem cor?
Não!
Consciência é a matiz do amor
E a todos enlaça
Basta de tanto horror!
Paciência também não tem cor
Nem raça, nem forma
Mas...
tem limite e decoro
e não se conforma
Basta de tanta hipocrisia!
É muita heresia dizer
Que consciência tem dia
Esse dia é todo dia
Que propicia
Alegria e prazer
Basta! Haja paciência!
Pense e aja com consciência!
Negros, amarelos, pardos,
brancos, irmãos!
Coloquem a mão sobre o peito
E arranquem do coração
Os mantos do preconceito!
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Caboclos & Caboclas
São geralmente espíritos de civilizações primitivas, tais como índios: Íncas, Maias, Astecas e afins. Foram espíritos de terras recém formadas e descobertas, eles formaram sociedades (tribos e aldeias), com perfeita organização estrutural, tudo era fabricados por eles, desde o cultivo de alimentos até a moradia.
Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos da terra, além de sua utilização.
Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham "incorporados" a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca de sua elevação espiritual.
São subordinados aos Orixás, o que lhes concede uma força mestra na sua personalidade e forma de trabalho, igual aos Preto-velhos.
Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia, estamos nos referindo a sua forma de trabalho.
Costumam usar durante as giras, penachos e fumam charutos. Falam de forma rústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas danças muita beleza, própria dessa linha.
Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representam quase uma "senha" entre eles. Cumprimentos e despedidas são feitas usando esses sons.
Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem pertencer. Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:
Caboclos da mata - Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram contato com elas.
Caboclos da mata virgem - Esses viveram mais interiorizado nas matas, sem nenhum contato com outros povos.
Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros. Mais ainda existe as particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.
A primeira é a "especialidade" de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros, guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.
A segunda é diferença criada pela "força da natureza" que os rege. É o Orixá para quem eles trabalham.
Para nós da Umbanda, é importantíssimo saber que a "personalidade" de um caboclo se dá pela junção de sua "origem", "especialidade" e "força da natureza" que o rege.
E é nessa "personalidade" que centramos nossos estudos. Assim como os Preto-velhos, eles podem dar passe, consulta e correntes de energização ou participarem de descarrego, contudo sua prática da caridade se dá principalmente com a manipulação.
Quando falamos em manipulação, estamos nos referindo desde preparo de remédios feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral até manipulação física, como por rezar "espinhela caída".
Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia. Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer remédios naturais.
Como são espíritos da mata propriamente dita, todos recebem forte influência de Oxossi, no sentido apenas do conhecimento químico das ervas, independente do Orixá que trabalhe.
São espíritos que também trabalham muito com passe. Acreditamos ser pela facilidade de locomoção, já que normalmente trabalham em pé.
São também bastante necessários na hora de um descarrego, pois conseguem acoplar no médium em qualquer posição.
Os chefes dos povos se denominam "chefes dos Orixás", sendo que são chamados "chefes de falange" ou "falangeiros". Os chefes e todos os integrantes de cada linha vem em representação do Orixá que os manda, atuando como este e trabalhando do mesmo modo, apesar de terem diferenças entre si, dependendo do tipo de "falange" a que pertencem.
http://www.aumbandan.hpg.ig.com.br/ (FONTE PESQUISADA)
Por Antonio D´Ogum
sábado, 7 de novembro de 2009
ZÉ PILINTRA MESTRE DO CATIMBÓ
Zé Pelintra é um dos personagens mais interessantes do extenso quadro de Entidades espirituais que se manifestam na Umbanda. Contam-se histórias mirabolantes sobre essa Entidade e a que parece ser a mais próxima da realidade humana que ele tivera afirma que se chamava José Gomes da Silva, era oriundo do interior pernambucano, boêmio, jogador totalmente ligado às mulheres. Brigador de primeira, não entrava numa para não vencer. Suas escaramuças com a polícia eram conhecidas, principalmente, porque mesmo enfrentando mais de dez homens, saía sempre vencedor. Apesar de jogador inveterado não gostava de ganhar dos incautos, a esses assustava e os mandava de volta para suas casas e famílias. Aos "expertos" sim, gostava de "limpá-los". Primeiro os enganava, perdendo, inicialmente de forma astuciosa, nos dados ou nas cartas, para depois, aproveitando-se dos ânimos inflamados dos "ganhadores", virava o jogo. Às mulheres dedicava intensa paixão, nas apesar de seus envolvimentos amorosos não ser o que se pode chamar de fiéis, contam que morreu em função de uma grande paixão. Bebedor inveterado, mas, ainda que bebesse muito, controlava muito bem tudo o que ocorria à sua volta. Existem algumas histórias pessoais sobre Zé Pelintra, mas sabemos que as Entidades de Umbanda representam, além de um ser específico, representa também o personagem central que aquela Entidade significa. Isso quer dizer que não é somente José Gomes da Silva que transformou-se no famoso Zé Pelintra, mas qualquer um que tivesse tido aquelas mesmas características. Zé Pelintra se manifesta não só no Brasil, até no EUA já se ouviu falar de sua existência. No Rio de Janeiro, em muitas casas de Umbanda, encontra-se a figura alegre, expansiva e representativa do malandro bonachão. Dizem que ele vivia na Lapa, o bairro carioca mais boêmio que se conhece. Gosta de cigarros, cerveja, whiskie, vermuth e gosta muito de lenços ou camisas na cor vermelha embora use outras cores também. Adora um chapéu Panamá. Muitos se vestem com o famoso terno de linho branco, chapéu e gravata vermelha das imagens. Ah! E as camisas devem ser de seda porque os protegem do fio da navalha, arma característica da malandragem de épocas passadas.
Ele é boêmio e malandro, mas é uma das Entidades mais sérias da Umbanda. Tem sempre uma palavra amiga, uma ajuda, um trabalho de caridade. Todos que o conhecem sabem que podem confiar nele. No Nordeste manifesta-se no Culto à Jurema, ou Catimbó, onde é considerado Mestre e muito respeitado, tanto que é comum ser chamado para participar de batismos e até casamentos. No Catimbó, Zé Pelintra têm características mais regionais. Fuma cachimbo, bebe cachaça misturada com mel e usa bengala o que lhe dá um ar muito mais grave.
Zé Pelintra é uma das Entidades mais ecléticas da Umbanda e para alguns é considerado um Exu, embora ele próprio, diversas vezes, negue essa condição.
Salve a Malandragem,
Salve seu Zé Pelintra.
FONTE: http://vencedordedemanda.blogspot.com/2009/11/ze-pilintra-mestre-do-catimbo.html
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Religiões Celebram o Dia de Finados
FONTE: http://www.jcnet.com.br/busca/busca_detalhe2009.php?codigo=169464
JC ouviu representantes de diferentes doutrinas sobre o significado da morte e as crenças envolvidas nesta data
Feriado oficial no calendário nacional, o Dia de Finados, comemorado hoje, é mais especificamente celebrado pelos católicos. Muitas pessoas vão aos cemitérios para reverenciar seus entes queridos e deixam flores sobre seus túmulos, acendem velas e fazem orações. Outro ritual é participar de missas, cultos ou encontros para lembrar os mortos. Porém, o significado da morte difere entre as religiões e crenças. Por isso, o Jornal da Cidade conversou com representantes de diferentes doutrinas que explicam suas crenças.
Desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos e visitavam os túmulos dos mártires. Já no século V, a igreja católica dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, mas foi no século XIII que esse dia anual passou a ser comemorado em 2 de novembro, logo após a Festa de Todos os Santos (no dia 1 de novembro).
De acordo com dom Caetano Ferrari, bispo diocesano de Bauru, a morte é a passagem da vida humana para a vida eterna com Deus. “A morte para nós não significa que a vida foi tirada, mas sim que ela foi transformada. É um momento de passagem para a vida eterna”, explica.
Como se preparar para esse momento? “Vivendo bem”, afirma o bispo. Para os católicos, o melhor modo de viver é por meio de uma vida tranqüila, com boa relação com Deus, com as pessoas e com o espiritismo. “Todos temos que viver a vida sabendo que estamos aqui de passagem. A nossa fase definitiva é junto com Deus. Estamos aqui como peregrinos e, chegada a hora, vamos morrer. Sabemos que não é o fim, mas vamos para uma vida de amor com Deus”, revela dom Caetano.
Por isso, para a Igreja Católica o Dia de Finados é um momento para recordar das pessoas amadas que morreram. “Queremos entrar em comunhão com elas e fazemos isso por meio da comunhão com Deus, porque acreditamos que elas são agentes do senhor”, conta. “Essa cerimônia se realiza mediante a liturgia, a oração e a missa. Por isso é tradição ir até cemitérios com flores e acender velas”, acrescenta o bispo.
Já para os umbandistas, a morte é um ponto de transcendência do estado físico para o espiritual. “A umbanda é uma religião encarnacionista. Ela entende a morte como o fim de um ciclo material desta fase de corpo físico para o retorno a realidade. Estamos aqui por passagem, a realidade natural é o mundo espiritual”, explica o sacerdote Rodrigo Queiroz, do Templo Escola Umbanda Sagrada de Bauru.
Com esta visão, a morte não é um momento de lamentação, mas sim de celebração, afirma Queiroz. A garantia de uma boa transcendência é a “evolução do espírito”. “Precisamos dentro de uma série de preceitos e comportamentos humanos, ser cada vez mais comprometidos com o comportamento de auxílio ao meio em que vivemos, são necessárias ações positivas, frear os extintos negativos para promover uma lapidação da alma”, revela o sacerdote. “Se não for assim, a pessoa pode garantir uma queda para esferas inferiores da evolução no momento da morte. O preparo para a morte deve ser no nosso dia-a-dia e o saldo que cada um colhe no final da vida física é a sua obra de vida”, finaliza.
Juliana Franco
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