domingo, 30 de agosto de 2009

QUEM É MARIA NAVALHA







Diário da Bhoemia – Capitulo 2 – Maria Navalha

Alguns diziam que ela era mulher de vida fácil, porém ela sempre trabalhou muito para sustentar seu irmão doente mental. Trabalhou no cais, nos mais diversos bares, botecos e Bin bocas que já existiu lá fez fama pelo seu temperamento rude e de difícil amizade, talvez, por sua vida humilde.

Logo após nascer seu irmão houve complicações com o parto, vindo a falecer a Mãe, uma mulher doce e dedicada aos seus filhos e marido. O Pai, um militar muito severo, não conformado, rejeita o próprio filho e foi aí que Maria Regina das Dores, mais tarde chamada de Maria Navalha, se pôs: entre o Pai martirizado pela morte de sua amada e um filho que apresentava uma deficiência mental. Tudo isso a coagiu para uma vida de sofrimentos e angústias. Logo depois, o pai também se foi. Morreu de tristeza, pois não suportou a partida de tão doce mulher.

Após seu falecimento, eles tiveram que se mudar para um lugar muito humilde. Então, Maria Navalha, com seus 14 anos, começa entender que a vida para as mulheres na década de 50 não era tão fácil assim.

Trabalhou em casa de família, mas seu jeito meigo logo atraia os olhares maliciosos de Patrões sedentos de desejos e foi por um deles que ela acabou deixando-se seduzir. Com esse patrão, ela compartilhou 10 anos de sua vida, até que um dia ele se foi sem deixar nenhuma notícia. Ela que sempre foi contra a dependência, logo naquele momento voltava para a rua da amargura com seu irmão que sempre estava ao seu lado. Seu desvio mental em nada comprometia o carinho e afeto de irmão e amigo que ela sentia. Foram muitas as noites que ela se pegou chorando, sem ter o que comer, com fome e frio na rua. Até que um dia se mudaram para o porto, de onde sigo com minha história.

Não demorou e logo arrumou um emprego de garçonete em um prostíbulo. Ela era tão assediada que as meninas que ali ganhavam sua vida vendendo seu corpo se incomodavam com aquela bela jovem que agora já tinha seus 25 anos.



Em meio as várias pessoas que ali freqüentavam, apareceu, um homem negro, bem trajado, de terno de linho branco e com uma gravata vermelha que deixava um ar de conquistador. Ele, então, pediu uma bebida: “me da uma Bhrama de meia minha querida” - disse aquele homem que tremia os olhares enquanto esperava. Em seguida, sacou de seu bolso um baralho com que ficou a cartear em cima da mesa provocando o olhar de muitos ali naquele local. Não demorou muito, chegou o primeiro querendo saber o que mais do que boa pinta o nobre negro vestido tinha a oferecer. Então, ele tirou seu relógio e disse: “tenho isso”. Era um relógio ainda de corrente, muito bonito por sinal. E foi só com isso que ele depenou os pobres freqüentadores do local. Entre uma rodada e outra, seu olhar se virava para a Maria, doce, bela e bonita e ela correspondia com um sorriso de deboche, ao acabar com quase todos ali presentes e com o bolso cheio de “pataco” ele se levantou, como se é de costume e pediu uma Parati (pinga) para finalizar sua noite. Ele nunca passava das 03:00 da manha. Eram ordens expressas de uma vidente. Então, tomou a Pitu, uma pinga que lhe dava ânimo para chegar a sua morada. Antes de sair, agradeceu à Maria e se foi.

Após algumas horas de sua partida, Maria, cansada por mais um dia de exaustivo trabalho, também foi se embora e ao passar por uma viela escura, um caminho mais curto, próximo a Av. Mem de Sá, se deparou com duas pessoas suspeitas, que tinham um olhar de maldade e cobiça. Nisso, ela apressou seus passos na tentativa de despistar aqueles homens estranhos. Quando ela sem esperar, outro homem a cerca entre as vielas, segura a em seu braço e lhe diz: “olá, bela moça. Vejo que me viu perder tudo que tinha nos bolsos para aquele homem de terno e não quero mais perder, pelo menos quero você agora como uma recompensa pelo pataco perdido. Também vi que dava risada da minha má sorte ao lado daquele negro malandro!”.



Nesse instante, ela correu em direção ao outro lado da viela e lá estavam os dois que a estavam perseguindo. Sentindo–se sem salvação, começou a pedir para São Jorge, seu santo de devoção a quem sempre teve um grande carinho e fé, para que a socorresse. Como em um passe de mágica, mais do que depressa, veio aquele negro todo engomado, cheio de passos bonitos até pra andar e disse: “Boa noite seu moço, você diz que me conhece, tem razão de me conhecer, eu nasci de madrugada antes do dia amanhecer”.

Em seguida, retirou do bolso da sua calça, uma navalha e como se fosse cortar um papel perfura o rosto do perdedor inconformado, que logo sai todo molhado com seu próprio sangue ruim e cheio de ódio. Os dois, mais do que depressa, também resolvem se retirar por medo ou por simplesmente vontade de não estar ali naquele nevoeiro que aumentava cada vez mais, fazendo o pavor crescer ainda mais.

Ao se virar, Maria percebeu que a roupa branca do nego malandro estava cheia de sangue, resultado do corte do inimigo que tentara incomodar a bela mulher. Então, num intuito de agradecer ao seu belo herói, ela o convidou para que ele fosse pelo menos amenizar as manchas que estivera em sua nobre roupa e eles, assim, foram conversando, dando muitas risadas e ela cada vez mais seduzida e ele cheio de chamego pela bela moça.

Ao chegar, ele retirou o paletó e ela começou a lavá-lo. Em seguida, deixou-o secar um pouco, porém, não houve sucesso na retirada de toda a mancha e eles começaram a beber.

Ela tinha, não se sabe porquê, uma garrafa de coquinho que serviu a si e ao herói. Ele, cada vez mais sedutor, fazia-a dar altas risadas enquanto o irmão dela roncava em sono pesado, sem imaginar que tinha visita.

De tanto beber, ela acabou adormecendo e ao acordar sentiu algo diferente em si mesma, como se estivesse mais ousada, mais capaz, mas forte. Ao se levantar, o belo homem já tinha ido sem deixar rastro, apenas um bilhete e a navalha em cima como apoio. No bilhete, ele dizia:


“Obrigado por confiar em mim. Essa navalha nos une para todo o sempre e com ela vais cortar a injustiça, a maldade e a mentira. Saiba usar porque seu fio de corte está ligado diretamente ao seu coração saiba separar os bons dos maus e eu estarei sempre ao seu lado”.




Seu olho se encheu de água com a partida do seu eterno herói, sem nem ao menos um beijo de despedida, nada, apenas aquela navalha. Logo ela que demorou tanto para se simpatizar com outro homem, mal isso tinha acontecido e já houve a separação.

Conforme ele disse, ela fez. Sempre que precisava de ajuda, a navalha a ajudava, tanto que os homens e pessoas ruins a apelidaram de Maria Navalha. Não havia quem a não conhecia.

Logo que a vida começou a melhorar, ela comprou um chapéu Panamá de fita vermelha igual ao do seu amado e usava sempre para todo lado que ia. Às vezes, achavam que ela gostava de mulheres, pois fazia uma cara de mau e brigava como um homem, mas na verdade ela sempre esperava um dia poder reencontrar seu grande amor.



“Quem foi que disse que mulher não briga bem
Quem foi que disse que mulher tem que chorar
Eu firmo meu ponto na folha da Marambaia
Corto demanda na Umbanda
Me chamam Maria Navalha"



Charles de Paiva
diario da Bhoemia - comunidade de umbanda todos os direitos reservados

A UMBANDA LHE CHAMA…. ATENDA ESSE CHAMADO, OU NÃO




Muitas pessoas têm, sistematicamente, procurado centros espíritas, principalmente de Umbanda, para solucionar problemas diversos. A convivência com os trabalhos, a presença nas sessões de consulta ou até mesmo de desenvolvimento, costumeiramente, desperta um interesse maior pela religião. A partir daí o consulente passa a viver a expectativa de, muito em breve, passar a integrar o corpo mediúnico da casa, ou, como se diz popularmente, “fazer parte da gira”.
Com o passar do tempo, no entanto, muitas pessoas ficam decepcionadas pois não encontraram aquilo que procuravam e a saída do terreiro é uma questão de tempo. Deixam de lado a fé, a esperança, a credibilidade e, simplesmente, buscam novos rumos. Novos tesouros.
Isso ocorre, na grande maioria das vezes, em razão da falta de orientação ao consulente por parte dos dirigentes espirituais. Via de regra é comum transformar um Centro Espírita, seja qual for a doutrina empregada ou o ritual seguido, em um balcão de atendimentos. Cartazes com promessas de solução para casamentos, amarração, problemas financeiros e de saúde são encontrados com facilidade pelas ruas da cidade.
Até mesmo atendimento eletrônico, seja via telefone ou Internet, já é oferecido hoje em dia.
E, com certeza, não será um atendimento gratuito. Cursos, então, tem para todos os gostos: curtos, longos, caros, baratos. E, em apenas nove meses, você pode se tornar um babalaô ou uma babá.
OBJETIVOS DA UMBANDA
Procura-se uma forma mais fácil de atrair o público para as sessões, sem, contudo, esclarecer quais são os reais objetivos da Umbanda. É certo que cada casa tem sua forma de atuar e cabe ao dirigente máximo definir suas prioridades. Mas transformar a religião em um balcão de negócios, certamente, não é o caminho mais correto.
A Umbanda preconiza a evolução espiritual, a busca pelo equilíbrio interior, a prática da caridade, a renovação da fé e o crescimento da esperança. Esperança por um mundo melhor, muito mais justo, igual, sem preconceitos de raça, credo, cor, sexo ou qualquer outra diferença que possa existir entre as pessoas. Afinal, aos olhos de Zambi, nosso Deus todo poderoso, somos todos iguais.
Portanto, quando receber o chamado da Umbanda, atenda-o. Mas tenha consciência de que esse chamado lhe representará uma oportunidade de reparar erros do passado, de progredir espiritualmente visando a vida futura. Contribuirá também para melhorar sua autoconfiança e valorizar a fé.
Não pense que, ao assumir seu compromisso com o Astral, estará dando o primeiro passo para receber bonificações materiais – um novo emprego, um carro importado e do ano, um marido (ou esposa) rica, aquela casa dos seus sonhos. Não meu irmão, essa não é a prioridade da Umbanda. Esses benefícios materiais serão resultados do seu esforço, da sua dedicação ao trabalho e, acima de tudo, do seu merecimento.
Na Umbanda você encontrará a Luz. Na Umbanda você encontrará a Fé, a Esperança e a Caridade. Agora, se esses não são os seus objetivos, por favor, não atenda ao chamado da Umbanda. Você ainda não está preparado.

Inívio da Silva Borda
Cantinho Espírita de Umbanda Xangô Gino e Ogum Beira-Mar

Colaboração: Diego Brito

FONTE: http://povodearuanda.wordpress.com/2008/08/28/umbandalhechama/

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Quedas e Fracassos de Médiuns!




Quedas e Fracassos de Médiuns!
"É com grande tristeza, que vimos, dentro de uma serena e acurada observação, quase que direta sobre pessoas e casos, testemunhando,constatando, como é grande o número de médiums fracassados ou decaídos e que é pior, sem termos visto ou sentido neles o menor desejo de reabilitação sincera, pautada na escoimação real de suas mazelas, de suas vaidades, de suas intransigências,etc...

O que temos observado cuidadosamente na maioria desses médiums fracassados são tormentos de remorso, que,como chagas de fogo, queima-lhes a consciência, sem que eles tenham forças para se reeguer moralmente, pois se enterraram tanto no pântano do astral-inferior, se endividaram tanto com os "marginais do astral"que, dentro dessa situação, é difícil mesmo se libertar de suas garras...

Isso porque o casamento de fluídos entre esse médiums fracassados e esses "marginais do astral " - os quiumbas - já se deu a tanto tempo, que o divórcio,a libertação se lhes apresenta dentro de tais condições de sofrimento, de tais impactos, ainda acresidos na renúncia indispensável a uma série de injunções, que o infeliz médium decaído prefere continuar com seus remorsos...

Mas, situemos desde já, dentre os diversos meios pelos quais os médiums têm fracassado, os três aspectos principais ou os três pontos-vitais que os precipitam nos abismos de uma queda mediúnica etc. Ei-los:

1) A VAIDADE EXCESSIVA, que causa o empolgamento e lança o médium nos maiores desatinos, abrindo os seus canais medianímicos a toda sorte de influências negativas.

2) A AMBIÇÃO PELO DINHEIRO FÁCIL, exaltada pelo interesse que ele identifica nos "filhos-de-fé" em o agradar, em o presentear, para pedir favores, trabalhos, pontos, afirmações, que envolvem elementos materiais.

3) A PREDISPOSIÇÃO SENSUAL INCONTIDA, que lhe obscurece a razão, dada a facilidade que encontra no meio do elemento feminino que gira em torno de si por interesses vários e que comumente se deixa facinar pelo "cartaz"de médium-chefe, babá, "chefe-de-terreiro", etc

Como a coisa começa a balançar a moral-mediúnica desses aparelhos?

fonte: http://fotolog.terra.com.br/balu_omodegunte:198

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

- É PRA BAHIA, MEU PAI!

























- É PRA BAHIA, MEU PAI!
A Linha dos Baianos é formada por Espíritos alegres, brincalhões e descontraídos. Gostam muito de desmanchar demandas. São conselheiros e orienertadores e gostam muito dos rituais em que trabalham, girando e dançando com passos próprios.
Agradecem às festas que lhe são oferecidas; bebem batida de coco e comem comidas típicas da cozinha baiana.
Os Baianos que se apresentam na Umbanda são Espíritos ligados ao Nordeste do nosso País, que viveram ou passaram parte de sua vida em Estados dessa região. Tiveram suas lições e aprenderam muito com os Mestres do Catimbó e da Pajelança. São os Espíritos responsáveis pela “esperteza” do homem em sua jornada terrena.
O Povo Baiano vem ao Terreiro para trazer seu Axé, sua Energia Positiva. A gira é sempre muito animada. São Entidades que tem muito a nos ensinar, sempre com uma resposta certeira e rápida para nossas questões. Com seus cocos, azeite de dendê, comidas e cantigas típicas da região, realizam trabalhos em prol da evolução espiritual de todos. Por terem vivido em épocas mais recentes, são Espíritos mais próximos de nós.
Na Linha de Baianos, enquadram-se também os Espíritos de Marinheiros, que tem sua ligação com o mar e Iemanjá, e os Caboclos Boiadeiros, que foram trabalhadores do Sertão Nordestino.
Também desce na Linha de Baianos o nosso amigo Sr. Zé Pelintra, que é Mestre do Catimbó e que também trabalha nas Linhas de Exu e Preto Velho. Suas rezas, comidas, bebidas e danças, são apropriados para cada ocasião.
No desenvolvimento de suas giras, os Baianos trazem como mensagem a forma e o saber lidar com as adversidades de nosso dia-a-dia, com a alegria, a flexibilidade, a magia e a brincadeira sadia.
Médiuns introspectivos, quando incorporados de seu Baiano ou Baiana acabam se libertando e demonstrando alegria e descontração. Outros, que já são descontraídos por sua própria natureza, aprendem a desenvolver com seus Baianos outras qualidades, como a força de viver diante dos problemas e situações cotidianas e o amparo ao próximo, transformando a tristeza em alegria e esperança. O que se pode dizer é que estamos sempre aprendendo com os Baianos.
As Linhas de Baianos, assim como as de Boiadeiros, são consideradas Auxiliares, de Trabalho ou Do Meio, com suas Legiões e Falanges. São oriundas de manifestações de regiões brasileiras dentro da Linha de Caboclos.
Baianos e Boiadeiros costumam trabalhar para o descarrego e o equilíbrio. O dia dedicado a eles depende de cada região, costume e devoção:
Dia 09 de abril, Sr. Zé Pelintra – Linha de Baianos, 25 de novembro, dia das Baianas, 13 de julho, Santo Antonio – Boiadeiros de Ogum etc.
MANIFESTAÇÃO DOS BAIANOS EM TERREIROS PAULISTAS
Nas décadas de 50 e 60, ao mesmo tempo em que a Umbanda se firmava em São Paulo, via-se crescer o fluxo migratório do Nordeste; esse grande êxodo acabou por transformar a cidade em uma das maiores metrópoles do mundo. Nesse grande fluxo destacaram-se os nordestinos, que vieram para trabalhar na Construção Civil e na Indústria Automobilística, então em grande expansão.
Popularmente, na cidade de São Paulo o nordestino sempre foi associado ao trabalho duro, pobreza e analfabetismo, restando a ele os bairros mais periféricos e as regiões mais precárias para morar.
Com todos os problemas decorrentes do exagerado crescimento populacional, sempre se buscou um “culpado”, todos sempre se voltaram contra o “intruso”, o “cabeça chata”, o ignorante nordestino.
Em São Paulo, assim como todo oriental é rotulado de “japonês”, todo nordestino é pejorativamente chamado de “baiano”, com todo caráter negativo que se tornou inerente a essa expressão.
Surpreendentemente, nos Terreiros de Umbanda paulistas o Baiano conseguiu alcançar grande popularidade. Como a Umbanda sempre caracterizou-se por abrigar Espíritos de diversas correntes, essas Entidades Nordestinas foram sempre muito bem acolhidas. O caráter de luta e irreverência do nordestino migrante parece ter sido o fator mais importante para sua aceitação dentro dos Terreiros.
Durante as giras sempre dão demonstrações de intensa alegria, apresentando fortes traços regionais, usando chapéus de couro ou palha, lembrando os Cangaceiros. Com seu jeito valente, não levam desaforo para casa. Por outro lado, possuem também características de pacientes, e todos gostam de ouvir seus conselhos. Costumam ser também carinhosos, e passam sempre segurança.
Essas diferenças de comportamento podem ser observadas em regiões distintas da cidade; enquanto num Terreiro de um bairro mais periférico observa-se uma incorporação de Baiano com características mais duras, em que parecem ser mais briguentos e falam muito alto, em um Terreiro localizado em um bairro de classe média a incorporação de Baiano é mais mansa e a Entidade manipula essências aromáticas, ervas, flores e velas coloridas. Sob esse aspecto, podemos observar que tudo vai depender da forma de trabalho do chefe da casa e de seus médiuns.
Apesar das diferenças, todos têm em comum a popularidade. São muito queridos e fazem sucesso em realidades sociais distintas.

Retirado da Revista Espiritual de Umbanda Edição Especial 1
Pesquisa:
Portal Guardiões da Luz
Ufma.br
Luz da Fraternidade
Umbanda.etc
Umbanda de Zé Pelintra
André R. de Sousa (USP)
Informativo Tambor
Entre a cruz e a encruzilhadas (resenha)

fonte: http://povodearuanda.wordpress.com/2007/07/22/povo-baiano/

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Inaugurado o 1º Terreiro de Umbanda no Presídio Romão Gomes















Uma conquista inédita!
Todos os cultos têm direitos definidos pela Constituição.

Sr. Antonio Moreira César. Detido no Presídio Romão Gomes por dois anos e meio. Assim que foi recolhido, percebeu que, por ser ligado à Umbanda, não havia local específico para cultuar sua crença, apenas locais destinados ao culto evangélico. No início, o único lugar em que teve o devido respeito para celebrar sua religiosidade, foi dentro do banheiro, através de seus banhos e orações. Grande era a discriminação que sofria, pois o viam como um adorador do demônio. Com o passar do tempo, ele começou a provar que, sua religião, apesar de se comunicar com o Criador, de maneira própria, merecia também respeito. Ao passar para o segundo estágio, passou a receber velas, que eram acesas no espaço da quadra de esportes, uma vez na semana. Até que surgiu um outro companheiro religioso, que começou a acender velas com ele no mesmo local. Antonio foi chamado à diretoria para se explicar com relação ao ocorrido. Mencionou que não tinha local para prática de seu culto. A partir daí, lhe foi concedida uma área fora do prédio do Romão Gomes, no mesmo terreno, com barrancos e chão de barro, a primeira vista inadequado para suas necessidades. Mas Antonio não desanimou.


Foram fornecidos seis blocos e atualmente o altar conta com cerca de dois metros de altura. O primeiro teto do terreiro foi uma árvore (mangueira), que protegia da chuva. Atualmente conta com lonas. Já tem pontos de luz e não mais é preciso cultuar no escuro. As datas dos cultos são fixas e até um atabaque foi incorporado ao terreiro. Antonio já não está mais recluso no Presídio Romão Gomes desde o início de setembro deste ano, mas há notícias de que a pessoa deixada por ele para cuidar do local, continua se empenhando e realizando os cultos. Ele se diz Filho de Santo e não Pai de Santo e sentiu-se na obrigação de zelar por esse espaço religioso. Antonio diz que esse é o único terreiro dos 144 presídios existentes no estado de São Paulo e que é também o único terreiro que não se pode ter filho: “Filho ali está de passagem. Ele só fica para tomar um pouco de axé, e depois vai embora. Nos outros locais há muitos adeptos da umbanda e do candomblé, que correm para os braços dos pastores, uma vez que necessitam de assistência espiritual.” O nome dado ao terreiro é Tenda de Umbanda Ogum Rompe Mato regido por Ogum da Guerra. Quem passou a liderar os cultos foi a Mãe Lourdes de Ogum, que segundo Antonio, foi enviada pelas entidades, mas com dificuldades de transporte, ela ocasionalmente comparece às giras. Ele se diz feliz, por ter pago o que devia à sociedade, e por ter deixado um legado para quem vier a precisar de assistência religiosa. Por fim desabafou, revelando momentos desagradáveis, como por exemplo, comer sem que ninguém se sentasse à mesa com ele, ou sequer lhe dirigisse a palavra, por ser macumbeiro, uma vez que havia vários turnos de refeição e os demais discípulos tinham horários diferenciados. Foi uma batalha, que terminou de forma positiva, que desafiou uma maioria e que mostrou quem realmente são os verdadeiros guardiões. Cercado por hortas que complementaram as instalações, o terreiro agora está plantado e vivo. O NAFRO-PM/SP pretende auxiliar no crescimento desta conquista, ou melhor deste terreiro, sem se envolver com o dia-a-dia do presídio e de seus detentos.


fonte de autoria do "Jornal A Gaxéta" e publicado em edição escrita de n° 39, no mês de outubro de 2008.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

OUVE E SEGUE



Muitos companheiros em abençoadas tarefas alusivas ao próprio aperfeiçoamento, na seara do bem, largaram encargos e compromissos por ouvirem dizer...
Ouviram dizer palavras descaridosas que lhes arrefeceram o propósito de trabalhar e o anseio de servir.
Prepara-te a fim de ouvir semelhantes projeções de zombaria por parte daqueles que ainda não despertaram para o amor que Jesus nos ensinou e não abandones o teu lugar de ação.
Se cometeste algum erro no passado, dirão que não mereces confiança.
Caso ainda não possuas cultura do mais alto gabarito, nomear-te-ão por ignorante.
Na hipótese de usares discrição e benevolência para com os outros, classificar-te-ão por modelo de ingenuidade.
Se carregas algum desajuste psicológico, suportarás julgamentos precipitados com amargos pejorativos de permeio.
Em revelando essa ou aquela enfermidade, afirmarão que te apaixonaste por desânimo e doença.
Demonstrando afeição mais íntima por essa ou aquela pessoa, desenharão estranhas sombras sobre os teus mais belos sentimentos.
Quando isso te ocorra, escuta as censuras que se te façam, guarda silêncio na certeza de que Deus tudo reajustará no tempo próprio e prossegue agindo e construindo a felicidade do próximo, porquanto erguer a felicidade alheia será descerrar no coração a fonte de nossas próprias alegrias.
E ainda mesmo quando as tuas faltas hajam sido muitas, continua trabalhando e servindo, no levantamento do bem, recordando que o próprio Jesus declarou, ele mesmo, não ter vindo à Terra para curar os sãos.

Meimei
(De "Somente amor", de Francisco Cândido Xavier, pelos Espíritos Maria Dolores e Meimei)
TRIÂNGULO DA FRATERNIDADE
Choupana do Caboclo Pery

domingo, 23 de agosto de 2009

MEDIUNIDADE, ONDE ESTÁS?




ESTADO ATIVO, ATUANTE, ESTÁS EM BEM POUCOS DE NÓS..."
A mediunidade na Lei de Umbanda é uma faculdade que, dizem, é comum a todos em maior ou em menor intensidade, ou melhor, em estado passivo, ela esta em todos nós e em estado ativo em número muito reduzido de pessoas.
Mas, esta assertativa tem sido tão mal interpretada, como também o são estudos que propagaram das conclusões tiradas sobre seus "efeitos", ou seja, da exteriorização desta mediunidade através de suas manifestações.
Que estudaram mais a parte "visível e externa"destas manifestações pela maneira como se apresentam nos médiuns,pode ser constatada na farta literatura existente.E estes estudos, que são mais um belo corpo de doutrina, foram transformados em ensinamentos básicos e práticos, faltando, entretanto, terem posto em relevo, para mais precisa orientação, como esta mediunidade atua e se precipitam "certas causas" em seu "mecanismo de fixação e ligação" nas partes psíquicas, sensorial e motora dos aparelhos em qualquer uma das suas modalidades.
Sabendo-se que a modalidade de comunicação que se firma com mais intensidade na Umbanda, pela confiança que impõe e que qualificamos de "mecânica de incorporação".
Esta mecânica entrosa duas fases:
1) FASE INCONSCIENTE - em que o corpo astral do médium cede "in totum" a direção da máquina física a uma Entidade afim.
Façamos, então, uma imagem comparativa: esta fase é representada pelo chofer que cede seu lugar a outro, confiando-lhe a direção do carro e em absoluto seu subconsciente interfere na ação deste, desde o início até o fim ( na mediunidade: manifestação e transmissão), em atitude estritamente passiva e de confiança integral no chofer, ficando completamente "dirigido".
2) FASE SEMI-CONSCIENTE - em que o corpo astral do médium cede parcialmente a direção de sua máquina física a uma Entidade afim.
Na mesma imagem comparativa: é a situação em que o chofer cede seu lugar, mas, como que "receoso", conserva a mão esquerda na direção, como que para impedir, em tempo útil, qualquer falha, mas obedecendo aos movimentos que o outro executa no volante. Fica "semidirigido".
Apenas o subconsciente sabe, mais ou menos, o que se passa, mas não tem força direta para interferir na transmissão da Entidade, e em geral, depois do transe ou conserva uma lembrança confusa do ocorrido, ou nem ao menos isso.
Estes fatos acontecem quando uma pessoa tem REALMENTE o Dom, na mecânica de incorporação.
Mas não devemos confundir essas duas variantes de uma qualidade, com a de IRRADIAÇÃO INTUITIVA, que transformaram por ignorância ou conveniênicia ou mesmo por sugestão, em puro animismo, quando alimentam criaturas inexperientes nessas lídes com o ilusório título de "médiuns conscientes".
Vejamos então, para melhor compreender nossa dissertação, por onde atuam as Entidades, num aparelho de incorporação:
1) NA PARTE PSÍQUICA, quando transforma os caracteres mentais próprios do médium, pela conversação, inteligência, conceitos e pelo alcance incomum de casos e coisas.
2) NA PARTE SENSORIAL, quando ,por intermédio do corpo astral, atua diretamente no cérebro para coordenar o psiquísmo.
3) NA PARTE MOTORA, quando domina o corpo físico pelos braços, pernas e demais movimentos de quaisquer órgãos dos quais quer servir- se.Estas características imperam no chamado, erroneamente, médium consciente ou mais acertadamente, no médium de Irradiação Intuitiva? NÃO.
Neste caso, as partes psíquicas e motora ficam, incólumes: Apenas a sensorial, pelo cérebro como órgão interior, imanta o corpo astral certa sensação que põe o mental em receptividade às instruções. O aparelho, nesta qualidade, nem é dirigido nem semidirigido. Fica apenas irradiado pelas vibrações afins de uma Entidade que achando seu mental em harmonia, flui nele sua inteligência, e ele, aparelho,livre e desembaraçado, sem a menor alteração em sua parte motora, com todo controle do psíquismo, consientemente transmite tal como um radiotelegrafista quando recebe a mensagem.

fonte:http://fotolog.terra.com.br/balu_omodegunte:197

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Nosso Maior patrimonio





Salve a coroa de todos nossos Ogãs que Oxalá na lei maior e na proteção do Zé Pilintra possa abençoar a todos pelos maravilhosos trabalhos que já realizamos na Comunidade porque a Umbanda sem seu coro não é nada, eles tocam pra firmar pra proteger para ensinar que naqueles mais indefesos a traz de um instrumento, são tão valiosos quanto o mais formoso do guias da casa, meu grande axé a todos vcs meus irmãos de fé já não posso mais controlar a luz que vem de vcs nem preciso mais acender elas todos os dias antes da gira começar porque ele ja vem com vcs de suas casas a responsabilidade de quebrar as demandas as magias que muitos tentam mas vcs com a luz de seus corações não deixa acontecer

HUMILDADE x ORGULHO






Humildade. Esta palavra é muito usada, mas nem todas as pessoas conseguem entender o seu Verdadeiro significado. O termo humildade vem de húmus, palavra de origem latina que quer dizer terra fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente. Assim, uma pessoa humilde está sempre disposta a aprender e deixar brotar no solo fértil da sua alma, a boa semente. A verdadeira humildade é firme, segura, sóbria, e jamais compartilha com a hipocrisia ou com a pieguice. A humildade é a mais nobre de todas as virtudes pois somente ela predispõe o seu portador, à sabedoria real.O contrário de humildade é orgulho, porque o orgulhoso nega tudo o que a humildade defende. O orgulhoso é soberbo, julga-se superior e esconde-se por trás da falsa humildade ou da tola vaidade. Alguns exemplos talvez tornem mais claras as nossas reflexões. Quando, por exemplo, uma pessoa humilde comete um erro, diz: "eu me equivoquei", pois sua intenção é de aprender, de crescer. Mas quando uma pessoa orgulhosa comete um erro, diz: "não foi minha culpa", porque se acha acima de qualquer suspeita. A pessoa humilde trabalha mais que a orgulhosa e por essa razão tem mais tempo. Uma pessoa orgulhosa está sempre "muito ocupada" para fazer o que é necessário. A pessoa humilde enfrenta qualquer dificuldade e sempre vence os problemas. A pessoa orgulhosa dá desculpas, mas não dá conta das suas obrigações e pendências. Uma pessoa humilde se compromete e realiza. Uma pessoa orgulhosa se acha perfeita. A pessoa humilde diz: "eu sou bom, porém não tão bom como eu gostaria de ser". A pessoa humilde respeita aqueles que lhe são superiores e trata de aprender algo com todos. A orgulhosa resiste àqueles que lhe são superiores e trata de pôr-lhes defeitos. O humilde sempre faz algo mais, além da sua obrigação. O orgulhoso não colabora, e sempre diz: "eu faço o meu trabalho". Uma pessoa humilde diz: "deve haver uma maneira melhor para fazer isto, e eu vou descobrir". A pessoa orgulhosa afirma: "sempre fiz assim e não vou mudar meu estilo". A pessoa humilde compartilha suas experiências com colegas e amigos, o orgulhoso as guarda para si mesmo, porque teme a concorrência. A pessoa orgulhosa não aceita críticas, a humilde está sempre disposta a ouvir todas as opiniões e a reter as melhores.Quem é humilde cresce sempre, quem é orgulhoso fica estagnado, iludido na falsa posição de superioridade. O orgulhoso se diz céptico, por achar que não pode haver nada no universo que ele desconheça, o humilde reverencia ao criador, todos os dias, porque sabe que há muitas verdades que ainda desconhece. Uma pessoa humilde defende as ideias que julga nobres, sem se importar de quem elas venham. A pessoa orgulhosa defende sempre suas ideias, não porque acredite nelas, mas porque são suas.Enfim, como se pode perceber, o orgulho é grilhão que impede a evolução das criaturas, a humildade é chave que abre as portas da perfeição.Você sabe por quê o mar é tão grande? Tão imenso? Tão poderoso? É porque foi humilde o bastante para colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios. Sabendo receber, tornou-se grande. Se quisesse ser o primeiro, se quisesse ficar acima de todos os rios, não seria mar, seria uma ilha. E certamente estaria isolado.


FONTE:http:/ /umbanda. blogs.sapo. pt/1178.html

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Histórias do Vale do Amanhecer




Tia Neiva testemunha "desencontos" Umbandistas no astral.

Autoria desconhecida





Fonte da imagem:

http://anoro-araguari.blogspot.com/2008/01/homenagens-tia-neiva-filme.html



Salve Deus!



Na Terra era ainda madrugada, mas no Canal Vermelho as luzes se sucediam produzindo climas tristes e alegres conforme as nuances.



A Cla­rividente sempre se extasiava com esse jogo de luzes que presenciava, também em outros lugares do etéreo.

O fenômeno produzido pela luz solar tinha alguma semelhança com as luzes que se projetavam nos palcos dos Teatros.



Amanto chegou e depois de cum­primentar Tia afetuosamente, foi logo dizendo:

- Venha, vou lhe mostrar as coisas que precisa saber a respeito do Canal Vermelho.

Vi como você ficou impressio­nada com aquele caso de ontem.

- Realmente fiquei um tanto confu­sa (respondeu Neiva).

- Aqui vivem espíritos em trânsito, pessoas que não completaram seus programas na Terra.



Enquanto ele falava, a Clarividente aperfeiçoava a noção de que as coisas ali pareciam com as da Terra. As ár­vores, porém são todas simétricas e a relva fazia pensar naquela grama de nylon que se usa em certos estádios. No meio da relva apareciam algumas flores amarelas semelhantes às mar­garidas. Em meio ao verde azulado apareciam as casas, verdadeiras man­sões cujo colorido era estranho.



- Não se enleve muito Neiva, seja natural e objetiva.



A observação de Amanto quase a encabulou, porém acostumada como estava com esse tipo de disciplina, agra­deceu e seguiram.

Aproximaram-se de um prédio maior em cuja fachada havia um grande letrei­ro. Suas luzes apagavam e acendiam como nos luminosos da Terra e nele se lia: “Credo Universal”. Como Amanto não a convidou para entrar, Tia com facilidade projetou sua visão no interior e logo percebeu o que ali passava. Acostumada, porém, com a didática de Amanto, ficou na expectativa. Não demorou muito e notou que se formava uma fila na entrada, mas, que as pes­so­as permaneciam como que indecisas.



Para o seu espanto o letreiro mudara como por encanto e se lia claramente a palavra “Umbanda”.



- São umbandistas?

E porque não entram?



- Sim



São Médiuns recém chegados da Terra,

Médiuns umbandistas que cometeram faltas contra as leis da Umbanda.



- Faltas? Que espécie de faltas?



- Comerciaram, negociaram sua mediu­nidade e com isso deturparam essa doutrina tão bela que é a Um­banda.



- Agora, o que vai lhes acontecer?



- Agora vão sofrer um pouco; vão se conscientizar até que cheguem seus cobradores para os reajustes.



- Reajustes?

Como?



- Com as pessoas que lhes deram dinheiro e com os exus fora da lei com quem trabalharam.

Como você sabe Neiva, os exus fora da lei são um pouco produto da ganância dos seres huma­nos.

As invocações e chamadas só fazem aumentar suas forças.

O Médium que os invoca lhe dá oportunidade de se afirmarem nas suas metas e isso nada tem a ver com a umbanda.



Enquanto Amanto falava, a Clarivi­dente prestava atenção na intensa atividade de espíritos que iam e vinham nos seus afazeres e missões. Subita­mente tudo mudou as cores ambientais, a atitude das pessoas, as paisagens; formou-se um ar de mistério e hostili­dade palpável. Tia teve medo e per­guntou:



- Amanto, qual é a minha finalidade aqui?



- Em todo lugar que você estiver Neiva, é sempre para emitir, para proporcionar.



Ela não entendeu e ficou na mes­ma, enquanto Amanto prosseguia:



- Acabam de se libertar de Pedra Branca três espíritos e esse é o motivo pelo qual eu a trouxe aqui hoje.

Veja, lá vem eles!



Das três figuras que se aproxi­mavam da mansão, dois homens e uma mulher, destacava-se a figura de um homem amorenado, aparentando 50 anos e de semblante triste. Ele ca­minhava com ar inseguro, olhando de um lado para o outro como se estivesse coagido.



- Este homem (disse Amanto), foi um grande dirigente umbandista e toda essa mudança de ambiente que você percebeu se deve à sua presença aqui.



Fazendo eco as palavras de Aman­to, ouvia-se o clamor de muitas vozes que aclamavam o recém chegado com entusiasmo, contrastando com o am­biente sombrio.



- Esses que estão com ele, o homem e a mulher, morreram juntos com ele?



- Não! O casal já desencarnou há algum tempo, ao passo que “Mestre” Jacó fez sua passagem há apenas oito dias.



De repente a mulher percebeu a si­tua­ção e saiu correndo e Tia Neiva assustada gritou:



- Amanto! Olhe, acho que não há condições aqui para ela!



- De fato Neiva, a situação dela é bastante difícil. Ela enganou Mestre Jacó, explorou demais a sua boa von­tade, fazia-se de vítima e traçava o retrato do marido à sua maneira. Mestre Jacó deixou-se enganar e apesar de suas boas intenções acabou proce­dendo desonestamente. Essa atitude de uma falsa justiça provoca débitos cár­micos e a vingança se torna impe­rativa.



Tia então perguntou como seria resolvido aquele drama e Amanto lhe responde que cada um teria o que merece.



- A justiça de Deus é feita (pros­segue Amanto), mas, é cobrada por missão, esclarecendo e evoluindo ao mesmo tempo.



- Como se passou mesmo esse drama na Terra?



- A mulher Tânia Maria, procurou Mestre Jacó e pediu que punisse seu marido José. O romance que ela contou fez com que Jacó se compadecesse dela. Na verdade, Tânia e José estavam em plena fase de reajustes cármicos. As Entidades Cobradoras ali estavam também em plena atividade cármica. Jacó invocou os Exus e os Cobradores fizeram o resto. Se ele não abrisse o campo de trabalho, se não servisse de instrumento, o reajuste se faria dentro da normalidade cármica. Agora sou eu que lhe pergunto Neiva, o que você faria num caso desses?



- Faria como sempre faço. Esses ca­sos são muitos e eu como Clari­vi­dente tenho muita cautela, procu­ran­do entender o problema de um e de outro; eu analiso o fato com Mãe Calaça e fecho os ouvidos aos lamentos ou queixas. Depois de receber as ordens de Calaça eu procuro ajudar a parte mais obsediada melhorando suas vibra­ções.



Pai Seta Branca sempre diz que o homem quando é feliz ele é bom.



Eu então procuro proporcionar algo bom ao injustiçado, ou melhor, ao que se diz injustiçado.

Evito sempre uma po­sição emocional, pois o meu juramento a Jesus não permite isso.

Trabalho bus­cando o equilíbrio da mente com o coração e nesses casos prevalece à mente.



-A intenção do mestre Jacó (continuou a Clarividente) foi de ajudar, e foi muito boa.

Mas ele sentia as pessoas pelo coração deixando-se impressionar pelo que ouvia e isso é perigoso.

Até mesmo o maior assassino zombador das leis, se considera um injustiçado e, além disso, é perigoso julgar, quando se esta no meio de tão terríveis complexidades. Antes de tudo a gente deve ver a nossa imensa responsabilidade.



É verdade Neiva, sua evolução está sendo cada vez maior.



-Sabe de uma coisa Amanto?

Às vezes tenho vontade de passar um fecho na minha boca.

-Ai você pagaria por preguiça e egoísmo; continue como está que vai muito bem.

Salve Deus!



O texto acima está como "autoria desconhecida" no entanto faço questão de reconhecer quem seja o autor.

O subtítulo "Tia Neiva testemunha 'desencontros' Umbandistas no astral" não faz parte do texto "origional".

Tia Neiva é a idealizadora do Vale do Amanhecer, mundialmente conhecidos.

Coloco abaixo foto e texto extraidos do site:

http://anoro-araguari.blogspot.com/2008/01/homenagens-tia-neiva-filme.html



Com a aproximação do Terceiro Milênio, surgiu a necessidade de, mais uma vez, ser feita a integração das raízes capelinas neste planeta.

Um espírito foi preparado, na Espiritualidade Maior, para trazer à Terra a Doutrina de Pai Seta Branca, após experiência de muitos milênios, portando a força dos Equitumans, a ciência dos Tumuchy´s e tendo como principal missão a reunião dos Jaguares e a criação da figura inovadora do Doutrinador, manipulando as forças projetadas pela Corrente Indiana do Espaço e pelas Correntes Brancas do Oriente Maior.

Reencarna no sertão brasileiro, em Propriá, Sergipe, como uma menina que se chamou Neiva, nascida a 30 de outubro de 1925 e que desencarnou em Brasília, DF, no dia 15 de novembro de 1985, já tendo cumprido sua jornada em meio a muitas dificuldades e grandes realizações.

Em 1949, com 22 anos e quatro filhos, Neiva ficou viúva e teve que buscar seu sustento. Começou sua vida profissional em Ceres, onde montou o “Foto Neiva”, tirando retratos e vendendo material fotográfico, mas teve que desistir, por recomendação médica. Com sua forte personalidade, ela não se deixou abater. Comprou um caminhão e tirou habilitação profissional, a primeira concedida a uma mulher no Brasil, e começou a transportar cargas por todo o país.







- Nossa vida era muito boa! Tudo, ao lado de mamãe, era divertido. Parecia até que o caminhão escolhia o lugar certo para quebrar alguma peça ou furar o pneu. Se era perto de um rio, nós descíamos para tomar banho e brincar, enquanto ela preparava alguma coisa para a gente comer. De vez em quando, ela tirava o violão da sacola e começava a tocar... (Carmem Lúcia - filha de Tia Neiva)





Sempre em lutas e preocupações permanentes - os pais, que não aceitavam aquela estranha profissão para uma mulher; os sogros argentinos, que queriam a guarda dos dois filhos meninos; os estudos das crianças; etc.

Neiva saiu de Ceres e fez verdadeira peregrinação por outros lugares: Uberlândia (MG), Barretos (SP), Paranavaí (PR) e Itumbiara (GO). Em 1957, fixou-se em Goiânia (GO) e passou a dirigir ônibus, porém, mantendo seus caminhões em serviço. Nesse mesmo ano, com a oportunidade da construção da nova capital - Brasília -, Neiva mudou-se com a família para o Núcleo Bandeirante, ponto inicial das obras da nova cidade, trabalhando com caminhões na NOVACAP.

Ainda com 32 anos, sua mediunidade abriu-se: revelou-se sua clarividência. Durante mais um tempo, Neiva via e ouvia os espíritos e podia prever o futuro e revelar o passado das pessoas, o que a deixava desesperada por ter tido uma formação familiar rigorosamente católica.

Sua trajetória, então, passou por penosa adaptação para aceitação de sua missão. O potencial de Tia Neiva não pode ser resumido na clarividência, pois ela foi dotada de mediunidade universal, isto é, possuía todos os tipos de mediunidade, qualidade peculiar de um ser Iluminado, pois, segundo a Lei dos Grandes Iniciados, somente um Iluminado pode iniciar alguém.

Essa condição permitiu que, dentro de modestas e simples condições, Tia Neiva vivesse e agisse, simultaneamente, em vários planos existenciais com plena consciência em cada um desses planos, visualizando o passado ou o futuro, traduzindo suas visões em termos coerentes e racionais. Podia ver e conversar com seres de outras dimensões e de planos inferiores ou superiores, realizava transportes e desdobramentos, o que permitiu que fizesse um curso no Tibete, com o Mestre Humarram, sem que seu corpo físico se deslocasse do Vale do Amanhecer.

Em 1958 deixou o Núcleo Bandeirante, onde começara sua missão espiritualista, e junto com seus filhos Gilberto, Carmem Lúcia, Vera Lúcia e Raul, e mais cinco famílias espíritas, fundou, em 8 de novembro de 1959, a União Espiritualista Seta Branca - UESB, na Serra do Ouro, próximo a Alexânia, Goiás, dando início à missão que recebera de Pai Seta Branca.

Em um rústico templo iniciático, pacientes eram atendidos pelos médiuns que ali residiam, em construções de madeira e palha. Tia Neiva mantinha ali, também, um hospital e um orfanato com cerca de oitenta crianças. Plantavam, faziam farinha para vender, pegavam fretes, e tudo era válido para ajudar na manutenção do grupo.

Em 9 de novembro de 1959, Tia Neiva ingressou na Alta Magia de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em 1964 mudou-se para Taguatinga, onde funcionou a Ordem Espiritualista Cristã e sendo Tia Neiva, mais uma vez, internada por causa da tuberculose.

Após trabalhosa busca para encontrar o local certo para se fixar, Tia Neiva e seu grupo chegaram a Planaltina, DF, em 9 de novembro de 1969, onde fundou o atual Vale do Amanhecer.

Pela Doutrina, Tia Neiva implantou a importante conduta doutrinária em seus médiuns, capacitando-os ao atendimento sob a ação das forças iniciáticas, sem precisar da manifestação dos pacientes, que não precisam revelar quem são, o que fazem ou de onde vêm.

Vivificando o Evangelho de Jesus, simples e humana, foi Tia Neiva uma grande mãe para todos nós, sempre nos tratando com amor e carinho, compreensão e tolerância, suavemente nos impondo o respeito e a obediência a ela devidos como líder de uma Corrente cuja grandeza e limites não podemos alcançar.

Sua vida, suas dificuldades, seu sofrimento, sua Doutrina, de tudo consta uma grande parte nos diversos trabalhos editados pelas Obras Sociais da Ordem Espiritualista Cristã, atual entidade que administra o Vale do Amanhecer - “Sob os Olhos da Clarividente”, “2000 - A Conjunção de Dois Planos” e “Minha Vida, Meus Amores”.

No Evangelho de João (XIV, 12 a 17 e 26), nos é transmitida a palavra de Jesus: Na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai! E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei! Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre: o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós os conheceis, porque habita convosco e estará em vós! (...) Mas aquele Consolador - o Espírito Santo - que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito!

Na Doutrina do Amanhecer, sabemos que somos espíritos imortais, dotados de livre arbítrio e da consciência de nossas missões, trazendo em nosso espírito as marcas das vivências em diversos mundos, em diferentes épocas, buscando o nosso desenvolvimento para que melhor possamos manipular as forças que nos competem, agindo na Lei do Auxílio em benefício de nossos irmãos encarnados e desencarnados, aliviando nosso carma pela Lei de Causa e Efeito, procurando a afinidade com nossos irmãos evoluídos e a harmonia com os Espíritos de Luz, através da busca do conhecimento e aprimoramento de nossa conduta doutrinária.

E tudo isso devemos à nossa Mãe Clarividente, Tia Neiva, Koatay 108, que representa, para nós, aquele ESPÍRITO DA VERDADE, porque nos trouxe uma nova esperança, através desta Doutrina que nos libertou de dogmas religiosos e superstições, fazendo, em nossas mentes, a substituição de velhos ensinamentos, que exigiam a fé cega e desprezavam a razão, por noções simples e claras, com bases científicas, com idéias diretas e profundas que nos permitem entender o Universo que nos cerca, buscando o precioso veio da verdade nas diferentes correntes, religiões, seitas e filosofias, onde podemos buscar as grandes linhas trazidas de Capela, nos harmonizando e conciliando a Fé e a Ciência que nos impulsam para a Nova Era.

Tia Neiva era portadora de 108 mantras, forças de origem extra-cósmica, que implantou nos trabalhos do Amanhecer. 108 é um número cabalístico. Temos, no budismo, 108 imperfeições humanas; são, no hinduísmo, 108 os nomes do deus Krishna; na China, a astrologia nomeia 108 estrelas sagradas. Quando da energização da Estrela Candente, no Vale, Tia Neiva preparou 108 portais de desintegração, um em cada esquife, para as passagens dos espíritos trabalhados no ritual.

Em mensagem de 9 de abril de 1978, Tia Neiva nos disse: “...É somente pela força do Jaguar, nesta Doutrina do Amanhecer, e na dedicação constante de nossas vidas, por amor, que podemos manipular as energias e transformar o ódio, a calúnia e a inveja em amor e humildade, nos corações que, doentes do espírito, permanecem no erro. Quantos se perdem por falta de conhecimento e por não terem a sua lei. Nós temos a nossa Lei, que é o amor e o espírito da verdade! Vamos amar, e na simplicidade de nosso coração, distribuir tudo o que recebermos, na Lei do Auxílio, aos nossos semelhantes...” Colaboração: Adalgiza Caldeira. Fonte: http://www.temploganoro.com.br/neiva.htm

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Os encantos de Yemanjá







O Brasil é orgulhoso do grande império de suas águas. Principalmente o mar, de todas as cores, matizes e luzes é o Grande Senhor da nossa costa, que penetrando por todos os lados desse imenso país, abraça nossa terra, em enseadas, golfos e baías.

Mas apesar de sua beleza, no mar há uma força maior, uma força que impera, que reina a Senhora absoluta de todas as águas, de tudo que vive na água e possa viver. Há sim, uma força que ordena e não pede, que manda e que decide sobre o vida dos pescadores, de todos que se aventurarem a entrar em seu território e de todos aqueles que têm vistas para alcançar o verde de seu mar.

Em cada canto desses mares, nas ondas dos surfistas, nas praias, nas cabanas dos pescadores, nos altos desses montes, Ela será sempre a Grande Senhora. Ninguém pode se atrever a dizer que não é vassalo servil do grande reino de Iemanjá. Porque de fato, Iemanjá é a Rainha das águas. A tranqüilidade na superfície do mar, ou a tempestade rugindo, as ondas quebrando-se sobre as embarcações ou sobre as praias, tudo é conduzido pela sua mão suprema.

Nada se altera, nada se faz ou se transforma, sem que seja sua vontade. Iemanjá de tantos poderes, de tantos nomes e tantos filhos, sempre foi exaltada por negros e brancos e seu culto se verifica de norte a sul no Brasil.



MITOLOGIA

LENDA (Arthur Ramos)

Com o casamento de Obatalá, o Céu, com Odudua, a Terra, que se iniciam as peripécias dos deuses africanos. Dessa união nasceram Aganju, a Terra, e Iemanjá (yeye ma ajá = mãe cujos filhos são peixes), a Água. Como em outras antigas mitologias, a terra e a água se unem. Iemanjá desposa o seu irmão Aganju e tem um filho, Orungã.

Orungã, o Édipo africano, representante de um motivo universal, apaixona-se por sua mãe, que procura fugir de seus ímpetos arrebatados. Mas Orungã não pode renunciar àquela paixão insopitável. Aproveita-se, certo dia, da ausência de Aganju, o pai, e decide-se a violentar Iemanjá. Essa foge e põe-se a correr, perseguida por Orungã. Ia esse quase alcançá-la quando Iemanjá cai no chão, de costas e morre. Imediatamente seu corpo começa a dilatar-se. Dos enormes seios brotaram duas correntes de água que se reúnem mais adiante até formar um grande lago. E do ventre desmesurado, que se rompe, nascem os seguintes deuses: Dadá, deus dos vegetais; Xango, deus do trovão; Ogum, deus do ferro e da guerra; Olokum, deus do mar; Oloxá, deusa dos lagos; Oiá, deusa do rio Niger; Oxum, deusa do rio Oxum; Obá, deusa do rio Obá; Orixá Okô, deusa da agricultura; Oxóssi, deus dos caçadores; Oké, deus dos montes; Ajê Xaluga, deus da riqueza; Xapanã (Shankpannã), deus da varíola; Orum, o Sol; Oxu, a Lua.

Os orixás que sobreviveram no Brasil foram: Obatalá (Oxalá), Iemanjá (por extensão, outras deusas-mães) e Xango (por extensão, os outros orixás fálicos).

Com Iemanjá, vieram mais dois orixás yorubanos, Oxum e Anamburucu (Nanamburucu). Em nosso país houve uma forte confluência mítica: com as Deusas-Mães, sereias do paganismo supérstite europeu, as Nossas Senhoras católicas, as iaras ameríndias.

A Lenda tem um simbolismo muito significativo, contando-nos que da reunião de Obatalá e Odudua (fundaram o Aiê, o "mundo em forma"), surgiu uma poderosa energia, ligada desde o princípio ao elemento líquido. Esse Poder ficou conhecido pelo nome de Iemanjá.

Durante os milhões de anos que se seguiram, antigas e novas divindades foram unindo-se à famosa Orixá das águas, como foi o caso de Omolu, que era filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá.

Antes disso, Iemanjá dedicava-se à criação de peixes e ornamentos aquáticos, vivendo em um rio que levava seu nome e banhava as terras da nação de Egbá.

Quando convocada pelos soberanos, Iemanjá foi até o rio Ogun e de lá partiu para o centro de Aiê para receber seu emblema de autoridade: o abebé (leque prateado em forma de peixe com o cabo a partir da cauda), uma insígnia real que lhe conferiu amplo poder de atuar sobre todos os rios, mares, e oceanos e também dos leitos onde as massas de águas se assentam e se acomodam.


Obatalá e Odudua, seus pais, estavam presentes no cerimonial e orgulhosos pela força e vigor da filha, ofereceram para a nova Majestade das Águas, uma jóia de significativo valor: a Lua, um corpo celeste de existência solitária que buscava companhia. Agradecida aos pais, Iemanjá nunca mais retirou de seu dedo mínimo o mágico e resplandecente adorno de quatro faces. A Lua, por sua vez, adorou a companhia real, mas continuou seu caminho, ora crescente, ora minguante..., mas sempre cheia de amor para ofertar.

A bondosa mãe Iemanjá, adorava dar presentes e ofereceu para Oiá o rio Níger com sua embocadura de nove vertentes; para Oxum, dona das minas de ouro, deu o rio Oxum; para Ogum o direito de fazer encantamentos em todas as praias, rios e lagos, apelidando-o de Ogum-Beira-mar, Ogum-Sete-ondas entre outros.

Muitos foram os lagos e rios presenteados pela mãe Iemanjá a seus filhos, mas quanto mais ofertava, mais recebia de volta. Aqui se subtrai o ensinamento de que "é dando que se recebe".



IEMANJÁ ABRASILEIRADA

Iemanjá, a Rainha do Mar e Mãe de quase todos os Orixás, é uma Deusa abrasileirada, sendo resultado da miscigenação de elementos europeus, ameríndios e africanos.

É um mito de poder aglutinador, reforçado pelos cultos de que é objeto no candomblé, principalmente na Bahia. É também considerada a Rainha das Bruxas e de tudo que vem do mar, assim como é protetora dos pescadores e marinheiros. Governa os poderes de regeneração e pode ser comparada à Deusa Ísis.

Os grandes seios ostentados por Iemanjá, deve-se à sua origem pela linha africana, aliás, ela já chegou ao Brasil como resultado da fusão de Kianda angolense (Deusa do Mar) e Iemanjá (Deusa dos Rios). Os cabelos longos e lisos prendem-se à sua linhagem ameríndia e é em homenagem à Iara dos tupis.



De acordo com cada região que a cultua recebe diversos nomes: Sereia do Mar, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Inaê, Mucunã, Janaína. Sua identificação na liturgia católica é: Nossa Senhora de Candeias, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria.

Do mesmo modo que varia seu nome, variam também suas formas de culto. A sua festa na Bahia, por exemplo é realizada no dia 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora das Candeias. Mas já o Rio de Janeiro é dia 29 de dezembro que se realiza suas festividades. As oferendas também diferem, mais a maioria delas consiste em pequenos presentes tais como: pentes, velas, sabonetes, espelhos, flores, etc. Na celebração do Solstício de Verão, seus filhos devotos vão às praias vestidos de branco e entregam ao mar barcos carregados de flores e presentes. Às vezes ela aceita as oferendas, mas algumas vezes manda-as de volta. Ela leva consigo para o fundo do mar todos os nossos problemas, aflições e nos trás sobre as ondas a esperança de um futuro melhor.



COMO É IEMANJÁ?



Iemanjá apresenta-se logo com um tipo inconfundível de beleza. No seu reinado, o fascínio de sua beleza é tão grande como o seu poder. Ora é de um encanto infinito, de longos cabelos negros, de faces delicadas, olhos, nariz e boca jamais vistos, toda ela graça e beleza de mulher.

Outras vezes, Iemanjá continua bela, mas pode apresentar-se como a Iara, metade mulher, metade peixe, as sereias dos candomblés do caboclo. Como um orixá marítimo, ela é a mais prestigiosa entidade feminina dos candomblés da Bahia, recebe rituais de oferendas e grandes festas lhe são dedicadas, indo embarcações até o alto-mar para lhe atirar mimos e presentes. Protetoras das viagens e dos marinheiros, obteve o processo sincrético, passando a ser a Afrodite brasileira, padroeira dos amores, dispondo sobre uniões, casamentos e soluções amorosas. Quem vive no mar ou depende de amores é devoto de Iemanjá. Convergem para ela orações e súplicas no estilo e ritmos católicos.

Mas o que importa seus nomes, suas formas e aparência, se nada modifica a força de seu império, senão altera a grandeza do seu reinado?

Queixas são contadas a Iemanjá, esperanças dela provêm, planos e projetos de amor, de negócios, de vingança, podem ser executados caso ela venha a dar seu assentimento.

Grande foi o número de ondas que se quebrou na praia, mas maior ainda, foi o caminho percorrido pelo mito da divindade das águas. Das Sereias do Mediterrâneo, que tentaram seduzir Ulisses, às Mouras portuguesas, à Mãe D'água dos iorubanos, ao nosso primitivo Igpupiara, às Iaras, ao Boto, até Iemanjá. E, neste longo caminhar, a própria personalidade desta Deusa, ligada anteriormente à morte, apresenta-se agora como protetora dos pescadores e garantidora de boa pesca, sempre evoluindo para transformar-se na deusa propiciadora de bom Ano Novo para os brasileiros e para todos que nesta terra de Sol e Mar habitam.



DEUSA LUNAR DA MUDANÇA

A Deusa Iemanjá rege a mudança rítmica de toda a vida por estar ligada diretamente ao elemento água. É Iemanjá que preside todos os rituais do nascimento e à volta as origens, que é a morte. Está ainda ligada ao movimento que caracteriza as mudanças, à expansão e o desenvolvimento.

É ela, como a Deusa Ártemis o arquétipo responsável pela identificação que as mulheres experimentam de si mesmas e que as definem individualmente.

Iemanjá quando dança, corta o ar com uma espada na mão. Esse corte é um ato psíquico que conduz a individualização, pois Iemanjá separa o que deve ser separado, deixando somente o que é necessário para que se apresente a individualidade.

Sua espada, portanto, é um símbolo de poder cortante que permite a discriminação ordenativa, mas que também pode levar ao seu abraço de sereia, à regressão e à morte.

Em sua dança, Iemanjá coloca a mão na cabeça, um ato indicativo de sua individualidade e por isso, é chamada de"Yá Ori", ou "Mãe de Cabeça". Depois ela toca a nuca com a mão esquerda e a testa com a mão direita. A nuca é símbolo do passado dos homens, ao inconsciente de onde todos nós viemos. Já a testa, está ligada ao futuro, ao consciente e a individualidade.

A dança de Iemanjá pode ser percebida como uma representação mítica da origem da humanidade, do seu passado, do seu futuro e sua individualização consciente. É essa união antagônica que nos dá o direito de vivermos o "aqui" e o "agora", pois sem "passado", não temos o "presente" e sem a continuidade do presente, não teremos "futuro". Sugere ainda, que a totalidade está na união dos opostos do consciente com o inconsciente e dos aspectos masculinos com os femininos.

Como Deusa Lunar, Iemanjá tem como principal característica a "mudança". Ela nos ensina, que para toda a mulher, o caráter cíclico da vida é a coisa mais natural, embora seja incompreendido pelo sexo masculino.

A natureza da mulher é impessoal e inerente a ela como um ser feminino e altera-se com os ciclos da lua: fase crescente, cheia, meia-fase até a lua obscura. Essas mudanças não só se refletem nas marés, mas também no ciclo mensal das mulheres, produzindo um ritmo complexo e difícil de entender. A vida física e psíquica de toda a mulher é afetada pela revolução da lua e a compreensão desse fenômeno nos propicia o conhecimento de nossa real natureza instintiva. Em poder desse conhecimento, podemos domesticar com o esforço consciente as inclinações cíclicas que operam-se a nível inconsciente e nos tornarmos não tão dependentes desses aspectos escondidos de nossa natureza semelhante aos da lua.



ARQUÉTIPO DA MATERNIDADE

Iemanjá é por excelência, arquétipo da maternidade. Casada com Oxalá, gerou quase todos os outros orixás. É tão generosa quanto as águas que representa e cobrem uma boa parte do planeta.

Iemanjá é o útero de toda a vida, elevada à posição principal da figura materna no panteão de iorubá (Ymoja). Seu sincretismo com a Nossa Senhora e a Virgem Maria lhe conferem a supremacia hierárquica na função materna que representa. É a Deusa da compaixão, do perdão e do amor incondicional. Ela é "toda ouvidos" para escutar seus filhos e os acalenta no doce balanço de suas ondas. Ela representa as profundezas do inconsciente, o movimento rítmico, tudo que é cíclico e repetitivo. A força e a determinação são suas características básicas, assim como o seu gratuito sentimento de amizade.

Como Deusa da fecundidade, da procriação, da fertilidade e do amor, Iemanjá é normalmente representada como uma mulher gorda, baixa, com proeminentes seios e grande ventre. Pode, também como já falamos, aparecer na forma de uma sereia. Mas, não importando suas características, ela sempre se apresentará vinculada ao simbolismo da maternidade.



Iemanjá surge nas espumas das ondas do mar para nos dizer que é tempo de "entrega". Você está carregando em seus ombros um fardo mais pesado do que possa carregar? Acha que deve realizar tudo sozinha(o) e não precisa de ninguém? Você é daquelas pessoas que "esmurra ponta de prego" e quer conseguir seu intento nem que tenha que usar à força? Pois saiba que a entrega não significa derrota. Pedir ajuda também não é humilhação, a vida tem mais significado quando compartilhamos nossos momentos com mais alguém. Geralmente esta entrega ocorre em nossas vidas forçosamente. Se dá naqueles momentos em que nos encontramos no "fundo do poço", sem mais alternativas de saída, então nos viramos e entregamos "à Deus" a solução. E, é exatamente nesta hora que encontramos respostas, que de maneira geral, eram mais simples do que imaginávamos. A totalidade é alimentada quando você compreende que o único modo de passar por algumas situações é entrega-se e abrir-se para algo maior.

Quando abrimos uma brecha em nosso coração e deixamos que a Deusa atue em nós, alcançamos o que almejamos. Entrega é confiança, mas tente pelo menos uma vez entregar-se, pois lhe asseguro que a confiança virá e será tão cega e profunda quando a sua desconfiança de agora. O seu desconhecimento destes valores, escondem a presença de quem pode lhe ajudar e provocam sentimentos de ausência e distância. Não somos deuses, mas não devemos nos permitir viver à sombra deles.



RITUAL DE ENTREGA (só mulheres)

Você deve fazer este ritual numa praia, em água corrente e até visualizando um destes ambientes. Primeiro mentalmente viaje até seu útero, no momento do encontro se concentre. Respire profundamente e leve novamente sua consciência para o útero. Agora respire pela vulva. Quando se achar pronta, com o mar a sua frente, entre nele. Sinta a água acariciando seus pés, ouça o barulho das ondas no seu eterno vai-e-vem. Chame então a Iemanjá para que venha encontrá-la. Escolha um lugar onde você puder boiar tranqüilamente e com segurança. Sinta as mãos da Iemanjá acercando-se de você. Abandone-se em seu abraço, ela é mãe muito amorosa e espetacular ouvinte. Renda-se aos seus carinhos e entregue-se sem medo de ser feliz. Você está precisando revigorar sua vida amorosa, procura um emprego ou um novo amor? Faça seus pedidos e também lhe fale de todas suas angústias e aflições. Deixe que Iemanjá alivie os fardos que carrega. Ela carregará consigo para o fundo do mar todos os seus problemas e lhe trará sobre as ondas a certeza de dias melhores, portanto abandone-se à imensidão do mar e do seu amor.




Quando estiver pronta para voltar, agradeça a Iemanjá por estes doces momentos passados com ela. Então estará livre para voltar à praia, sentindo-se mais leve, viva e purificada.





OUTROS DADOS:

SAUDAÇÃO: Odô-fe-iaba! Odô-fe-iaba! Odô-fe-iaba!

MINERAL: Prata e platina.

DIMENSÃO ESOTÉRICA: Ocupa o primeiro raio juntamente com a orixá Nanã.

DIA DA SEMANA; Segunda-feira.

ERVAS PARA BANHO E DEFUMAÇÃO: Jasmim, araticum-da-praia, folha-da-costa, graviola, capeba, mãe-boa, musgo marinho encontrado nas pedras marinhas, alcaparra, entre outras.

PLANETA: Lua

COR DA GUIA: Contas brancas cristalinas ou azul claras.

BEBIDAS: Água de coco, mel, água salgada ou potável, champanha e suco de suas próprias ervas e frutos.

FLORES: Rosas e palmas brancas.

COMIDAS: Canjica branca, peixe fritos, arroz, arroz-doce com mel, acaçá, pudim, etc.

FRUTOS: Mamão, graviola, uvas brancas, melancia.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Quando o Tédio Apareça




Por Emmanuel (Psicografia de Chico Xavier)



Quando o desalento te ameace o caminho, pen­sa nos outros,

naqueles que não dis­põem de tempo para qualquer entrevista com o tédio.



Se te acreditas amargando lições demasiado severas no educandário da vida,

freqüenta, de quando em quando, a escola das grandes prova­ções,

onde os aprendizes se acomodam na carteira das lágrimas.



Muitos jazem na rua, estendendo mãos fati­gadas aos que passam com pressa...



Em maioria, são doentes que a onda renovadora do grupo social atirou à praia da assistência pública

ou mães aflitas a quem as exigências de filhos pequeninos ainda não permitem a liberalidade de uma pro­fissão...



Provavelmente, alguém dirá que entre eles se encontram oportunistas e malfeitores

que se fan­tasiam de enfermos para te assaltarem a bolsa em nome da piedade.



Compreendemos semelhante alegação e justificamo-la porque o mal existe sem­pre

onde lhe queiramos destacar a presença e, conquanto te roguemos o benefício da prece,

em favor dos que agem assim, mais por ignorância que por maldade,

apelamos para que consultes ain­da aquelas outras salas de aula

que se enfi­leiram no recinto dos hospitais e albergues esque­cidos.



Acompanha o estudo daqueles cujo corpo se carrega de feridas dolorosas

para agradeceres a cartilha de agoniadas emoções dos que se recolhem nos manicômios,

sorvendo angústia e desespero nos resvaladouros da loucura ou da obsessão,

a fim de valorizares o cérebro tranqüilo que te coroa a existência...



Visita os asilos que resguardam a sucata do sofrimento humano e observa

as disciplinas dos que foram entregues às meditações da penúria,

para quem um simples sanduíche é um brinde raro e

partilha os exercícios de saudade e de dor dos que foram abandonados pelos entes que mais amam,

a fim de abençoares o pão de tua casa e os afetos que te enriquecem os dias.



Quando o tédio te procure, vai à escola da caridade...



Ela te acordará para as alegrias puras do bem e te fará luz no coração,

livrando-te das trevas que costumam descer sobre as horas vazias.



“Coragem” de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel

Casa do Perdão: resistência e estímulo aos Umbandistas




Flávia Pinto: Sacerdotisa Umbandista

Nós somos um Centro de Umbanda atuante no sistema prisional e não temos como falar do nosso trabalho sem relatar as dificuldades para a nossa entrada no sistema e a grande dificuldade que temos ainda com o precon­ceito e com a discriminação religiosa intra e extramuros. Foi muito difícil a conquista desse espaço e de respeito. Fomos para o presídio exatamente porque identificamos, como religiosos, haver grande necessidade, por parte desse grupo social, de assistência re­ligiosa.
Percebemos que os idosos e as crianças já têm muitas ofertas de trabalho religioso, mas sabemos que no sistema prisional não é assim. Por trabalhar, ou melhor, por ter­mos um centro em uma favela, observamos as dificuldades que enfrentamos para não deixar os jovens entrarem no tráfico. Esse é um caminho tentador. Tentei conversar, mas meus argumentos eram fracos diante dos R$ 400,00 semanais que os jovens podiam ganhar nessa atividade criminosa. Não fun­cionou aqui fora e partimos para a ação nos presídios. Foi muito difícil sermos aceitos ali. O DESIPE “embarreirou” o tempo todo. Ou melhor, não posso dizer “o DESIPE” nem “o Governo”, mas pessoas pouco esclarecidas, de mentes fechadas, fanáticas e bitoladas, que nos discriminaram, nos desrespeitaram. Só entramos porque o assunto foi para o jornal e o DESIPE, no dia seguinte, nos aprovou em menos de 24 horas. Mas fomos fortes e não desistimos.

O trabalho da Casa do Perdão no presídio existe desde 2003. É embrionário. Não temos condições de apresentar dados empíricos de um trabalho de 15 ou 20 anos como fazem os católicos. Não temos isso, mas temos um trabalho diferente, que não enfatiza somente a questão
religiosa: falamos de Direitos Huma­nos pois sou militante dessa área.
Falo sobre o Movimento Negro porque sou do Movimento Negro e a maioria é negra dentro do sistema prisional. Falo sobre cidadania, família e ressocialização.

A grande preocupação da Casa do Perdão é o egresso. Desenvolvíamos atividades sociais no nosso terreiro como alfabetização e curso de artesanato, mas não atendíamos a ex-pre­sidiários. Fui percebendo como fazer com esses indivíduos. Por mais que se questione uma cesta básica, um cheque-cidadão, eles são paliativos que atendem às necessidades de quem tem fome. Não sou a favor de política assistencialista, mas, às vezes, ela é impor­tante. No entanto, percebemos que isso não dava para fazer. Busquei pesquisas e percebi que um ex-presidiário tem três vezes mais chances de matar, de ser agressivo do que aquele que não passou pelo presídio, pelo fato de ele ter conhecido o “inferno”. Aquele que não foi ainda para o presídio não conheceu o inferno. Então, ele teme a cadeia, o outro não teme porque já passou por lá. Eu fiquei buscando o que fazer e chegamos à conclusão de que tínhamos de elaborar um projeto, uma atividade só voltada para o egresso porque a gente sabe que a realidade do egresso é outra, principalmente dentro do campo religioso.

Não podemos maquiar a realidade: muitos largam as religiões as quais se filiaram antes de entrar nos presídios, sejam católicos, evangé­licos, umbandistas ou espíritas. Ao firmarem contato conosco lá dentro, reativam isso. Entretanto, temos clareza de que muitos se envolvem de novo com a religião somente pela ociosidade. Pensam: “Estou ocioso. O que me oferecerem está bom. Ou picolé ou pimenta, eu vou pegar”. Quando voltam e dão de cara com o mesmo meio do qual participavam antes de serem presos, é muito difícil supor­tar não ter o dinheiro para o leite.
Não estou vitimizando ninguém, pelo contrário. Mexo na ferida dos presidiários. Minha palestra é: “Você se desviou do seu comportamento padrão. Será que você nasceu pensando: eu quero assassinar, eu quero traficar? Quais eram os seus objetivos com três, quatro, cinco anos de idade?”. Trabalho muito nesta questão, pois temos de ter cuidado, senão o indivíduo volta para a sociedade cobrando o que nós oferecemos lá dentro, uma vez que quando ele volta a sociedade não sorri, a sociedade “bate”. Então, eu preciso que ele tenha uma consciência. Não vou culpá-lo porque ninguém é perfeito, mas mostro a ele que houve um desvio comportamental ainda que ele não tivesse uma visão de sociedade, uma formação religiosa e até mesmo uma formação educacional. E falo mais à vontade ainda por ter o histórico de ter sido filha de traficante, ter ficado com minha mãe morta por três dias dentro de casa e ter superado tudo isso, e não foi com revolta, nem com arma e nem com nada disso.

É difícil realizar o trabalho nas prisões porque as religiões de matriz africana, ao contrário das demais religiões, não têm um órgão ges­tor.
Na nossa Casa do Perdão nada é cobrado, é um trabalho completamente filantrópico e tudo é organizado, mas há um custo para ir o presídio e não tínhamos como financiar isso. Para tanto, fomos literalmente andando até o presídio e não fomos uma vez só. É uma boa distância da Casa até
lá: são cinco bairros de diferença. Não falo isso me martirizando por­que nós, como agentes religiosos, entendemos que é um dever. Não existe bônus por isso, é o dever. A religião tem de sair dos muros e é muito desgastante, pois eles nos “sugam”.

Faço um trabalho de acompanhamento com a família porque não acredito em ressocializa­ção sem a família. Não dá, não consigo acredi­tar. Meus pais morreram drasticamente, mas tive avós que amenizaram a falta que sentia deles e pude ir à escola. É muito complicado lidar com essa questão na cabeça de pessoas com pouca instrução. Poucas rompem o gue­to como eu rompi para ter um esclarecimento, para ter uma outra capacidade de entendi­mento da vida. Larguei o trabalho, era gerente de uma empresa e ganhava relativamente bem, mas falava que ia ao presídio toda sexta-feira e meu patrão, obviamente, não entendia. Ele devia pensar: “O que essa mulher com esse terno e com esse salto alto vai fazer num presídio? Ou ela é mulher de traficante ou ela é maluca e não faz bem para a imagem da empresa”. Então tive de sair e foi um preço muito caro que paguei: tenho marido, tenho filho fazendo faculdade... é complicado.

Meu professor de Direito foi o único a entender meu trabalho. O de Matemática quase me reprovou. E o de Direito foi muito solidário comigo por ser sensível à área judicial.
Então, a gente teve essa grande dificuldade. Como já disse, as religiões de matriz africana não têm um órgão gestor — o pai de santo ou a mãe de santo não são pagos para exercer essa função — e ficamos sem suporte.
Tivemos inú­meras dificuldades com a questão financeira, até porque a maioria dos médiuns do terreiro são pessoas pobres, da comunidade e algumas filhas de santo que tenho são até mulheres de presidiários.

Enfim, a Palavra de Deus é ótima, mas é delica­do falar dela para quem está numa situação de conflito com a sociedade. Portanto, tive o cuidado de procurar uma área neutra para montar nossa base, por causa da questão dos comandos (facções que atuam no crime “orga­nizado” no Rio de Janeiro), uma situação que me chocou ao entrar no presídio. Quando estamos fora dos presídios, não temos idéia da periculosidade do que significa um comando. Então, é preciso atentar para o local onde será o atendimento do egresso a fim de que não nos restrinjamos a um desses grupos.

Meu discurso ia ao encontro da linguagem de­les por vários motivos.
Primeiro porque eu era uma novidade. Muitos queriam a umbanda ou o candomblé lá dentro, mas não foi fácil. Eu não posso fazer meu culto normal, tradi­cional do meu segmento religioso lá dentro, porque — o que está lá dentro do presídio é um pedaço da sociedade que foi para dentro do muro, portanto, o preconceito que há aqui fora, há lá também — envolve atabaque, envolve transe mediúnico etc. Sou sensível, uma pessoa de mente aberta. Por isso, quando entrei no presídio, não tinha a intenção de fazer culto porque sabia que ia estar exposta a muita coisa, inclusive pela densidade es­piritual, emocional e psíquica que existe ali dentro. Então fui dar palestras, pois na minha instituição religiosa, ao contrário da maioria das tradições religiosas de matriz africana, trabalhamos com palestras no terreiro toda terça-feira, onde realizamos esclarecimentos. Essa forma de entrada foi interessante porque eles escolhem o tema e não eu. Eu não chego lá pra falar: “Hoje eu vou falar de perdão, hoje eu vou falar de orixás, hoje eu vou falar de Cristo, hoje eu vou falar de oferenda...”. Nós vamos falar do que eles quiserem. Assim, eles esco­lhem o tema e a atividade flui. Na primeira palestra fui embargada por um “irmãozinho fanático” e eu não sabia como proceder. Mas Deus é completamente perfeito, cada vez mais constato isso. Os próprios detentos reagiram de forma muito harmônica, não houve ten­são, não houve problema. Eles falaram: “Nós não paramos a tua missa, nós não paramos o teu pastor. Então, você não vai parar ela.
Saia daqui.” E ele saiu. Ele me provocou e me desrespeitou, mas foi o único problema que eu tive lá.

Depois desta situação nunca mais tive pro­blemas, embora seja relativamente nova e mulher. Ser mulher e ser mais velha passa pela figura materna, mas ser mulher e ser nova não passa despercebido num presídio onde a sexualidade não está em dia, onde a sexualidade está à flor da pele, onde há pes­soas com muita liberdade sexual. E eu lá den­tro, tento fazer um discurso na língua deles. Não falo difícil, falo no linguajar deles, falo de igual para igual, senão fica muito difícil para eles. E mesmo assim nunca me faltaram com respeito. Meu marido já foi lá comigo e nem o apresentei como meu marido. Ele foi como mais um integrante do Centro, coisa que ele não é na verdade, mas foi como mais um integrante a fim de que ele ficasse à von­tade para poder acompanhar esse trabalho. Porque a nossa casa, a nossa família tem que ter sensibilidade com esse trabalho. A minha mãe (minha avó, que me criou) não é sensível a esse trabalho e eu a ignoro porque eu acredito nele, assim como alguns pais de santo não são sensíveis. Ignoro e vou seguindo em frente.

A minha preocupação com o egresso é pro­funda e precisamos de recursos para ajudá-lo. Não dá para ajudar só com boas intenções, ainda mais sabendo, como eu sei, o que acontece quando o ex-presidiário volta para a favela de onde ele saiu. É voltar e ouvir: “Tudo bem? Vai lá, teu posto é esse”. É assim, sem demagogia nenhuma, é exatamente o que acontece. Até porque alguns “rodaram” [fo­ram presos] devendo [dinheiro para o tráfico]. Então, têm que pagar. Vai ficar desfilando na favela sem pagar? Não vai, vai ter que pagar. E aí, pouco tempo depois reincide na vida do crime. Eu já vi casos de meninos que eram apenas “vapor”, que nem arma usavam porque nem todo “vapor” usa arma e quando voltou para a rua era o “bicho”, matava um por dia. Por quê? Porque fez um “cursinho” de homem mau dentro do presídio. Então, tudo isso me preocupou muito.

Algo que vem me preocupando cada vez mais, principalmente por ser da área de Direitos Humanos, do Movimento Negro, por ser dirigente de uma instituição religiosa que é discriminada, embora eu saiba me defender muito bem, é a forma que vêem as religiões, o hiato que existe entre as religiões. Às vezes é chato. A Casa do Perdão não tem dinheiro e, por isso, eu falo dessa maneira simples, sem microfone. Um outro “irmãozinho” mais fanático ligou o aparelho da igreja evangélica para abafar minha voz. E eu, graças a Deus, inspirada pelo alto, falei: “Eu não posso gritar, estou com problema de garganta. Vocês podem se aproximar?”. E eles se apro­ximaram e eu falei mais baixo ainda e todos me ouviram. Quer dizer, eu fico preocupada com ‘como é que esse sujeito volta?’ Sabemos, como dirigentes religiosos, que é mais fácil a ressocialização se o indivíduo está envolvido com a religião, seja ela qual for. A gente sabe disso, mas o que me preocupa é até que ponto ele está de fato envolvido com essa ressocia­lização uma vez que o DESIPE proíbe o meu adjá1, proíbe o meu atabaque, mas o DESIPE não proíbe a guitarra, não proíbe o microfone, não proíbe o pandeiro. E o DESIPE alega que meu atabaque e meu adjá podem se tornar instrumentos de morte, armas lá dentro.
Agora, o fio da guitarra e o pandeiro podem ser, igualmente, instrumentos utilizados para fazer armas. O DESIPE sabe, passamos por uma série de entrevistas, que sou uma pessoa esclarecida e que deixei claro que só faria o culto verdadeiramente de umbanda quando sentisse que havia preparo. Esse preparo não é da noite para o dia. E eles até gostam muito da palestra, muitos falam assim: “Nossa, eu não sabia que era assim”. Falamos de deter­minadas práticas religiosas, da falta de ética existente em toda religião, enfatizamos que há os dirigentes éticos e os dirigentes não-éticos e quando a gente esclarece essas coisas que acontecem dentro da religião – como comercializar a religião ou fazer pedidos maus – eles gostam e tenho certeza de que a gente avança muito.

Preocupo-me em como eles nos vêem e gos­taria de propor um evento ecumênico no presídio. Eu queria muito. Ontem estava numa palestra onde estavam reunidos: matriz africana, pastor presbiteriano, batista, judeu e falamos sobre intolerância religiosa. Assis­timos a um vídeo sobre o MIR, Movimento Inter-Religioso, e cada vez mais penso nessa integração.
Se o preso vir briga inter-religiosa não vai se agarrar na única coisa que tem para se agarrar quando sair da prisão. Ele tem de ver que eu falo uma coisa, Padre André outra e o Pastor Vicente outra, mas a nossa fala re­plica uma certa diversidade que traduz para eles que somos tolerantes, que vivemos em harmonia, traduz uma série de outras coisas, mas não uma briga.

Acho isso muito importante. É uma coisa que a gente vem fazendo do lado de fora da prisão através do MIR, através de várias atividades ecumênicas. Acho isso brilhante, maravilhoso e poderíamos até convidar ou­tros segmentos religiosos que não estão aqui representados neste momento, como os Hare Khrisnas, por exemplo. Faço isso dentro da minha Casa de Santo. Recebo pastor, padre, hare krishna, cigano, enfim, recebo todo mundo e são convidados imediatamente a fazer uma oração na sua tradição. Quer dizer, quando as pessoas saem de lá, saem assim, no
mínimo: “Nossa, o que foi isso? De onde eu estou saindo? De um terreiro de umbanda? Será que é isso mesmo?”. O Maharaji quando foi lá parou a favela toda, porque o Maharaji tem aquelas vestes. A favela corria atrás dele e as crianças andando atrás mexendo na roupa dele e ele naquela calma que lhe é peculiar. Foi tão curioso aquilo, foi tão engraçado! E as crianças ficaram assim hipnotizadas; foi comentário em toda a favela.

Bem, estamos avançando! Os terreiros de ma­triz africana começam, a partir dessa aceitação da Casa do Perdão, a querer aproximar-se e está sendo muito bom o retorno deles. Eles têm solicitado. No recadastramento não fui eu quem procurou o DESIPE, foram três assis­tentes sociais diferentes me ligando porque eles pediram a umbanda lá dentro. E pediram muito. Foi complicado o horário, a agenda, conciliar um dia para atender. E eu disse: “Fala que eu não vou fazer uma sessão, não vou fazer gira2, não vou fazer shirê3. É a mãe de santo que vai entrar de calça jeans, no muito com uma guia no pescoço, discretamente.” O trabalho tem avançado nesse sentido, mas está se construindo e esperamos depois trazer resultados mais empíricos.
Por hora, é isso o que podemos falar.

1 Sineta de metal com­posta de uma, duas ou mais campainhas utili­zadas por pais-de-santo (Babalorixás e Ialorixás) para incentivar o transe.
Também chamado Adja­rin.
2 Depende do sentido, pode ser a sessão espírita em si, ou seja, o ritual litúrgico como um todo, ou pode também ser no sentido de: “correr uma gira” que normalmente é um termo utilizado por entidades e que significa que eles estarão verifi­cando um determinado assunto e procurando uma solução para o con­sulente.
3 É o conjunto de cân­ticos seqüenciais feitos no inicio de todas as ses­sões em homenagem e saudação a cada Orixá ou entidade cultuada.

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fonte: http://www.iser.org.br/arquivos/comunicacoes_do_iser_61.pdf

"A Umbanda liberta e amplia os horizontes"

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Evolução da Umbanda




Por Rodrigo Queiroz

Síntese da preleção ministrada no dia 10/07/09 no ICA



Dia destes abri minha caixa postal de e-mail e uma mensagem com o título: “Veja isso!!!”, o remetente pedia que eu assistisse um vídeo no youtube para ver se aquilo era verdadeiro.

Abri o link enviado e me deparo com o vídeo de um médium incorporado por um Preto Velho, falando para um médio público se utilizando de um microfone num pedestal e por vezes ele olhava para a filmadora, logicamente querendo transmitir a sua mensagem para quem o assistisse posteriormente.

Entendi a indignação do remetente na referida mensagem, pois é incrivelmente comum constatarmos a idéia por parte de muitas pessoas de que é estranho ou mesmo inaceitável uma entidade espiritual se utilizar da tecnologia em suas manifestações. Como se isso fosse exclusividade dos encarnados e que se assim procedesse diminuiria a “pureza” ou “verdade” da manifestação mediúnica.

Perdoe-me estes “defensores” da “pureza mediúnica”, mas com todo respeito, penso que este comportamento é no mínimo uma falta de coerência num seguimento espiritualista como a Umbanda, que crê na evolução do espírito e que a evolução no plano físico se dá por influência e atuação do plano espiritual.

Percebo que este comportamento ainda é um reflexo da mania católica de afastar a ciência da religião, como se uma coisa não pudesse interagir com a outra.

Também vemos uma idéia instituída de que os guias espirituais são alienados sobre as coisas do mundo material. Por exemplo: um Caboclo não pode falar carro referente a automóveis. Ele, o Caboclo, para ser Caboclo, tem que criar uma metáfora, símbolos e coisa parecida para simplesmente dizer carro. Pois, diriam os “puristas”: “- Caboclo não conhece carro, este médium está mistificando!”

São por estes e muitos outros conceitos distorcidos sobre a relação Espírito x Matéria que a Umbanda vai sendo considerada atrasada...

Quando comecei minha trajetória mediúnica, por não encontrar nenhum tipo de estudos na cidade naquela época fui a um centro espírita tradicional e cursei um curso internacionalmente conhecido: “Espiritismo Científico” de Dr. Hernani Guimarães Andrade. Neste curso dentre tantos estudos desenvolvidos me fascinou o módulo: Transcomunicação Instrumental, onde tínhamos contato com um material impressionante, como: captação de voz de espíritos por telefone, captação de imagem dos espíritos pela televisão e outros fenômenos interessantíssimos. Logo, se a décadas atrás os espíritos se utilizavam de “tecnologias físicas” para provar a existência do mundo espiritual, qual é o problema de se utilizarem de tais ferramentas para multiplicarem suas mensagens?

Se um mentor espiritual está diante de uma grande multidão, ele não pode se utilizar de um microfone para se fazer compreendido? Têm-se televisão, rádio, internet, etc... não podem os espíritos se utilizarem destas ferramentas para multiplicarem suas mensagens?

Muitos acreditam que não, que isso é um “sacrilégio”.

Mas psicografia pode.

Acaso o papel e caneta não são frutos do desenvolvimento tecnológico?

A Umbanda não pode usar tais tecnologias, mas outras religiões podem!

Qual a diferença de um pastor pregando sua mensagem e de um preto velho transmitindo seus ensinamentos?

A Umbanda é uma religião mediúnica, ou seja, se caracteriza pela manifestação e comunicação dos espíritos. Aprendi que são os espíritos que ditam a evolução no plano físico e se é assim não existe nada de estranho numa entidade comunicando-se através das várias ferramentas que podemos ofertar.

Claro que para tudo é necessário o bom senso...

Portanto, não vamos permitir que a nossa falta de compreensão sobre a atuação da espiritualidade, vire um impedimento para o seu desenvolvimento.

E respondendo aquele e-mail, digo que não há nada de anormal e é perfeitamente legítimo um espírito permitir ser filmado ou sua voz gravada em prol da expansão de sua mensagem.

Que chegue o momento que possamos transmitir em rede televisiva giras de Umbanda, como fazem com missas e cultos.

Abaixo deixo algumas dicas de leitura e pesquisas, tirem vossas conclusões.

O ICA – Instituto Cultural Aruanda desde sua fundação tem compromisso com a união da tecnologia e espiritualidade e desde então temos a TVUS – TV Umbanda Sagrada, Rádio Umbanda Sagrada, Umbanda EAD – Ensino à distância, etc. E tudo isso, por iniciativa e solicitação dos mentores espirituais.

Pensemos nisso e deixe a evolução acontecer!

Sarava Umbanda!

Edir Macedo é acusado de comandar uma quadrilha que desviava dinheiro da Igreja Universal

Promotores de São Paulo acusam o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, e mais nove pessoas de enriquecimento pessoal às custas da instituição religiosa.
César Menezes
São Paulo



Os acusados: o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, e outras nove pessoas. A acusação: apropriação ilegal de dízimos e de ofertas de fiéis e uso do dinheiro das doações para construir um patrimônio pessoal.

Os promotores afirmam que a atuação da quadrilha não conheceu limites. Seus integrantes se utilizaram da Igreja Universal do
Reino de Deus para a prática de fraudes em detrimento da própria igreja e de inúmeros fiéis.

A acusação apresentou exemplos de fiéis que se sentiram enganados e recorreram à Justiça para tentar recuperar o dinheiro. Gláucio Verdi, realizou doações substanciais à igreja e presenciou pastores afirmando que somente através de doações os fiéis seriam abençoados.

A Edson Luiz de Melo, portador de enfermidade mental, eram feitas promessas em troca de doações financeiras e dízimo. Teria sido vendida a Edson Luiz, por exemplo, a chave do céu.

Pedir doações não é ilegal. Qualquer igreja, independentemente da religião, arrecada dinheiro para desenvolver obras sociais importantes. Por isso mesmo, elas não pagam impostos. Mas segundo a denúncia, Edir Macedo e os outros nove acusados se apropriaram do dinheiro da Igreja Universal.

Para a promotoria, ficou comprovado que, no caso da Universal, os denunciados se aproveitaram da imunidade tributária, concedida pela constituição a templos de qualquer culto, para captar dízimos, ofertas e contribuições e fizeram investimentos em bens particulares.

Com base em informações de órgãos federais, os promotores afirmam que: a Igreja Universal do Reino de Deus arrecada aproximadamente R$ 1,4 bilhão por ano. Em sete anos, entre 2001 e 2008, a igreja conseguiu cerca de R$ 8 bilhões. Parte desse dinheiro, segundo a promotoria, foi para duas empresas de fachada, a 'Cremo' e a 'Unimetro Empreendimentos', que têm sede em um prédio em São Paulo.

Elas estão registradas como empresas de compra e venda de imóveis e, de acordo com a investigação, foram usadas pelos denunciados para esconder a verdadeira origem dos recursos.

Os promotores descreveram assim a lavagem do dinheiro: as doações eram repassadas para a 'Unimetro' e para a 'Cremo' que, por sua vez, mandavam para duas empresas fora do Brasil, a 'Investholding' e a 'Cableinvest'.

Elas têm sede em paraísos fiscais e, segundo a denúncia, também são controladas pelo grupo acusado. O dinheiro voltava ao Brasil na forma de empréstimos a pessoas físicas, ligadas a Edir Macedo, e era então aplicado em compras de aeronaves, imóveis e empresas de comunicação como emissoras da Rede Record.

Foi com empréstimos da 'Investholding' e da 'Cableinvest' que, de acordo com os promotores, membros da igreja compraram a TV Record do Rio de Janeiro por US$ 20 milhões, em 1992.

Segundo o Ministério Público, o esquema também foi empregado para dissimular a origem do dinheiro na aquisição da TV Record de Itajaí, em Santa Catarina.

Um dos acionistas da televisão declarou aos promotores que a compra foi feita com dinheiro de fiéis. A denúncia afirma que a quadrilha era liderada por Edir Macedo, que comandava de fato todas as ações praticadas pela organização.

Segundo os promotores, abaixo de Edir Macedo na organização da quadrilha, estão:

- Honorilton Gonçalves, hoje vice-presidente da TV Record;
- João Batista Ramos da Silva, integrante da igreja e ex-deputado federal;
- Jerônimo Alves Ferreira, executivo do Grupo Record;
- Alba Maria da Costa, diretora de finanças da Rede Record;

Outros diretores e ex-diretores de empresas ligadas ao Grupo Universal foram denunciados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. São eles:

- Osvaldo Sciorilli;
- Edílson da Conceição Gonzáles;
- Veríssimo de Jesus;
- João Luis Dutra Leite;
- Mauricio Albuquerque e Silva;

Na denúncia, foi anexada uma gravação de Edir Macedo, divulgada em 1995. No intervalo de uma partida de futebol, em Salvador, ele ensina pastores a pedir dinheiro aos fiéis.

"Você tem que chegar e se impor. 'Ô, pessoal, você vai ajudar agora na obra de Deus. Se você quiser ajudar, bem, se você não quiser ajudar, Deus vai me dar outra pessoa para ajudar. Amém'. Entendeu como é? Se quiser ajudar, bem, se não quiser, que se dane. É dá ou desce. Entendeu como e que é? Não pode ter vergonha, timidez. Peça, peça, peça. Se tem um que não dê, vai ter um montão que vai dar".

O advogado dos réus, Arthur Lavigne, diz que as denúncias são recorrentes. "A acusação é de esses recursos são obtidos de fiéis, que são encaminhados para o exterior e que do exterior eles retornam sob forma de empréstimo e que aí haveria uma lavagem de dinheiro. Esse fato é recorrente, esse fato é recorrente. A minha defesa é a mesma desde 1994, ou seja, que há absoluta regularidade com relação a isso. E eu repito: o Supremo Tribunal Federal já decidiu concretamente sobre esse fato com o arquivamento do inquérito."

O juiz da 9ª Vara Criminal de São Paulo, Gláucio de Araújo, aceitou a denúncia sem qualquer ressalva. Mandou indicar os réus e deu dez dias de prazo para os advogados apresentarem a defesa.

fonte: http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1263649-16021,00-EDIR+MACEDO+E+ACUSADO+DE+COMANDAR+UMA+QUADRILHA+QUE+DESVIAVA+DINHEIRO+DA+IG.html

Musicas de Umbanda

MAPA DE COMO CHEGAR A COMUNIDADE DE UMBANDA

Indicação de Livros Umbandistas

Indicação de Livros Umbandistas
Sandro da Costa Mattos

Obrigação a Oxum e Batizado 2009