terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Terreiros pedem proteção e segurança





Bruno Wendel | Redação CORREIO
14/01/2010

Mais empenho da polícia na proteção dos terreiros e seus frequentadores. Foram estes os principais assuntos da reunião entre o secretário da Segurança Pública (SSP), César Nunes, e 20 representantes de comunidades de terreiros, realizada na quarta-feira (13) à tarde, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). O encontro, no prédio da SSP, se deu por conta das recentes invasões de traficantes ao terreiro de Ilê Axé Opô Afonjá, de Mãe Stella, no bairro de São Gonçalo do Retiro.

Os traficantes chegaram a montar uma cabana dentro do terreno do terreiro para servir de quartel para venda e distribuição de drogas na Baixinha de Santo Antônio, conforme o CORREIO noticiou na edição do último dia 7. “Isso é preconceito, racismo. É como uma doença contagiosa. Começa com a religião, depois vai para opção sexual, para escolha partidária... É preciso um trabalho contra a intolerância religiosa”, bradou o antropólogo Ordep Serra, ogã do terreiro Casa Branca, no Engenho Velho de Brotas.

“Os terreiros vão atraindo cada vez mais novos adeptos e com isso retirando muitos jovens da droga e isso incomoda os traficantes”, analisou o ogã Leonel Monteiro, do terreiro Ilê Axé Oxumarê, na Federação. Segundo ele, além do reforço policial nos bairros periféricos, onde estão localizados os centros religiosos, a SSP precisa ajustar a conduta de policiais que têm resistência em registrar intolerância religiosa como crime. “A agressão física ou verbal a qualquer integrante de uma religião é crime e existe punição para isso”, explicou.

O major Lázaro Raimundo, coordenador do Núcleo de Religiões de Matriz Africana da PM, também estava presente. Durante o encontro, o secretário César Nunes se comprometeu a intensificar as ações de combate à violência aos terreiros e, ao final da reunião, uma comissão com três representantes dos terreiros e três da SSP foi formada para determinar ações que devemser implementadas pela polícia.


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Rosiane Rodrigues (Assessora de Imprensa da CCIR - Comissão Contra a Intolerância Religiosa)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Dilma adia legalização de terreiros de umbanda para evitar nova crise






Plano seria lançado ontem, mas foi barrado por receio de atritos com Igreja Católica e evangélicos no ano eleitoral



http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100121/not_imp498975,0.php





EMPENHO - Desde o ano passado, Dilma tem feito esforços para se aproximar de católicos e evangélicos


BRASÍLIA
Disposta a evitar novos atritos com evangélicos e a Igreja Católica em ano eleitoral, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, mandou a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial adiar o anúncio do Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa. O plano, que prevê a legalização fundiária dos imóveis ocupados por terreiros de umbanda e candomblé e até o tombamento de casas de culto, seria lançado ontem, mas na última hora o governo segurou a divulgação, sob o argumento de que era preciso revisar aspectos jurídicos do texto.

O adiamento ocorre na esteira da polêmica envolvendo o Programa Nacional de Direitos Humanos, que pôs o Palácio do Planalto numa enrascada política, provocando crise dentro e fora do governo. Temas controversos, como descriminação do aborto, união civil de pessoas do mesmo sexo e proibição do uso de símbolos religiosos em repartições públicas, foram alvo de fortes críticas, principalmente por parte da Igreja.

Na avaliação do Planalto, é preciso evitar novos embates que possam criar "ruídos de comunicação" e prejudicar a campanha de Dilma. Desde o ano passado, a ministra tem feito todos os esforços para se aproximar tanto de católicos quanto de evangélicos e já percorreu vários templos religiosos.

"O programa de promoção de políticas públicas para as comunidades tradicionais de terreiro já estava adequado, mas, como é um plano de governo, precisa ser pactuado para não haver constrangimentos", afirmou o ministro-chefe da Secretaria da Igualdade Racial, Edson Santos.

Apesar de dizer que nunca é demais dar "outra passada de olhos" no texto, para maior observância à Constituição e ao Código Penal, Santos não escondeu a decepção com a ordem para suspender o anúncio do plano, que seria feito justamente na véspera do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, comemorado hoje.

"Espero que possamos lançá-lo o mais rapidamente possível", disse o ministro, diante de uma plateia de praticantes de umbanda e candomblé, que se reuniram no Salão Negro do Ministério da Justiça. "Somos um Estado laico, mas não seremos neutros e cegos diante das injustiças e do racismo."

REAÇÃO

A informação sobre o adiamento do programa pegou de surpresa as comunidades de terreiro. Muitas mães e pais de santo viajaram de longe para assistir à cerimônia e só souberam na hora que haveria ali apenas um debate.

"Quando o governo chega na encruzilhada e tem de tomar uma decisão, recua. Será medo? Acho que sim", protestou Valdina Pinto de Oliveira, do terreiro Tanuri Junsara, de Salvador (BA). Ela foi além e conclamou a comunidade do candomblé a pensar bem em quem vai votar nas eleições de outubro.

"Está na hora de irmos para o campo político e de educar os nossos para saber quem vamos eleger", insistiu Valdina, sob aplausos. "A gente viu o que aconteceu com o Estatuto da Igualdade Racial e o que está acontecendo com esse plano. Por que para negro e índio não tem terra? Precisamos acabar com esse vírus do racismo."

Coordenador das reuniões realizadas para a confecção do plano, o subsecretário de Políticas para Comunidades Tradicionais, Alexandro Reis, tentou contornar o desapontamento geral. "A preocupação do governo é que determinados setores, por motivos eleitorais, utilizem o plano de proteção à liberdade religiosa como algo negativo", contou. Reis admitiu que o texto "precisa ser pactuado com evangélicos e católicos" para não ser contaminado pelo ambiente político de 2010. Disse, no entanto, que os terreiros não podem participar dessa briga. "Estamos tratando de um segmento que tem sido demonizado, mas não vamos violar direitos de ninguém", argumentou. Depois, garantiu que o governo continuará o mapeamento dos terreiros para nortear as políticas públicas.

Embora a Secretaria da Igualdade Racial tenha informado que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é solidária ao plano, a Pastoral Afro-Brasileira assegurou não ter sido consultada sobre seu conteúdo. Atualmente, apenas seis dos cerca de 10 mil terreiros são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Para o pastor Ronaldo Fonseca, presidente do Conselho Político da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, o Estado não deve gastar dinheiro com tombamento de templos. "O governo está se envolvendo em polêmicas desnecessárias", comentou. "Não existe guerra santa aqui e não é inteligente o Estado se preocupar com símbolos religiosos, tombamentos e união de homossexuais. Isso é coisa de marxista."

PROGRAMA DE POLÊMICAS
21/12/2009
Governo lança a terceira edição do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3)
22/12/2009
Contrário à criação de uma Comissão da Verdade, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os comandantes das três forças militares pedem demissão. O presidente Lula faz um acordo: não reescreve o texto, mas garante que as propostas não afrontarão as Forças Armadas. O ministro de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, ameaça entregar o cargo caso o programa seja alterado para permitir a punição a militantes da esquerda
8/1/2010
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e a senadora Kátia Abreu protestam contra as mudanças na questão da reintegração de posse, que prevê uma câmara de conciliação. A Igreja Católica também protestou. Neste caso contra a proibição de símbolos religiosos em locais públicos e a descriminação do aborto
13/1/2010
O presidente Lula manteve a Comissão da Verdade, mas retirou o trecho que previa o exame de delitos da "repressão política"
14/1/2010
Embora tenha cogitado fazer alterações nos itens da descriminação do aborto e da mudança nas regras para desocupações de áreas invadidas, Lula resistiu e não mudou esses pontos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

ECTOPLASMA

O ectoplasma, termo que surgiu nos meados do século XIX, após os fenômenos de Hydesville, é uma substância mais ou menos visível (quase transparente, com reflexos leitosos) que se exterioriza de certos médiuns.
Mas a substância em si já era conhecida muito possivelmente na Idade Média, pois Thomas Vaugham, no “Lumen de Lúmine”, faz uma descrição que parece referir-se ao ectoplasma. Diz ele:
Tendo apanhado um pouco desse licor para estudar que estranha substância era essa, reconheci que se desfazia como a neve. Quando a tinha nas mãos, não era água comum, mas uma espécie de óleo, cuja consistência viscosa, graxa, mineral, brilhante como a pérola, me pareceu transparente como o cristal. Examinando-a ainda, pareceu-me que tinha certa aparência espermática e, em verdade, era ainda mais obscena ao tato que à vista”.
Dizem os pesquisadores que é pesada, úmida, viscosa e fria e tem vida e movimentação própria, saindo e reentrando no corpo do médium, evoluindo, passeando, formando hastes móveis, como cobras, plasmando mãos, rostos, braços etc.
O engenheiro E. K. Muller, no dia 11 de novembro de 1931, conseguiu colocar algumas gotas de ectoplasma num vidro, tapado com rolha de vidro esmerilhado. Pareciam pequenas gotas de água. Essas gotas modificavam-se constantemente, movendo-se. O odor era ácido. Foi parafinado o invólucro, mas apesar disso a aparência da substância se modificava, tomando as mais diferentes formas. Ao microscópio, mostra uma rede de filamentos complicados, de cor escura, mas sem estabilidade, mesmo muitos anos após.
O Dr. Juliano Ochorovicz e o Prof. W. J. Crawford, de Belfast, chegaram a fotografar o ectoplasma sob forma de projeções flexíveis, saindo do corpo do médium pelas aberturas naturais, sobretudo dos órgãos genitais e boca. Pode alongar-se, levantar mesas, erguer objetos, funcionar como alavanca, bater etc.

Crawford descreve a substância como fios muito finos, provenientes do corpo do médium, praticamente invisíveis; fios frios e úmidos, desagradáveis ao toque. Considera a substância como “intimamente ligada ao sistema nervoso do organismo humano”.
O Dr. Scherenck Notzing diz que é uma “substância de emanações das energias vitais do corpo do médium, sendo capaz de fosforescência animal, como as propriedades fotogênicas de certos peixes”. Concorda com Crawford e com o Dr. Gustavo Geley.
O engenheiro Bourg de Bozas diz que o ectoplasma é uma irradiação de substância orgânica, condutora de sensibilidade nervosa. Sai e reentra no médium sob efeito de comoções nervosas ou sob efeito da luz; é uma “substância-energia, ora mole como a gelatina, ora rígida nas extremidades como o aço”. Diz mais: “sua penetração energética é mais poderosa que os raios X e os raios gamma do rádium”.
O Dr. Geley, na obra “Do Inconsciente ao Consciente”, chama a atenção sobre as sensações que repercutem no médium, quando o ectoplasma é tocado, podendo ser mesmo dolorosas: “Sai de todo o corpo do médium, mas especialmente dos orifícios naturais e das extremidades do corpo (do alto da cabeça e das pontas dos dedos), sendo mais frequente da boca (palato, gengivas e bochechas). A substância é extremamente sensível, confundindo-se suas sensibilidade com a do médium hiperestesiado. Parece ser altamente desconfiada, como um animal tímido, que só pode defender-se reentrando no corpo do médium. Evita todos os contatos, retraindo-se e reabsorvendo-se.

O ectoplasma pode assumir qualquer forma, mas permanece sempre ligado ao médium por fino fio semelhante ao cordão umbilical. Parece que se trata do próprio duplo etérico ou do corpo astral do médium, parcialmente exteriorizado.


Raoul de Montandon (“Formas Materializadas”, donde extraímos este resumo) escreve que o ectoplasma é o corpo etérico ou substractum da matéria organizada (pág. 286). Diz ele: “é energia vital materializada, já que, nas formas organizadas, o corpo etérico é o detentor da vida”.


No entanto, ponderamos que o “duplo” ou também chamado “corpo” etérico, que de perto vivifica o corpo físico denso, é representado no físico pelo elemento sanguíneo, como se lê desde o Deuteronômio: “o sangue é a vida dos seres animais” (Deut. 12:23).



Do livro “Técnica da Mediunidade” - Carlos Torres Pastorino


OBS.: O livro acima não é mais publicado, estando disponível para download no site 'Autores Espíritas Clássicos'. Para acessar: CLIQUE AQUI


 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ecologia e Espiritismo



É urgente que o movimento espírita absorva e contextualize, à luz da doutrina, os sucessivos relatórios científicos que denunciam a destruição sem precedentes dos recursos naturais não renováveis, no maior desastre ecológico de origem antrópica da história do planeta.
Os atuais meios de produção e de consumo precipitaram a humanidade na direção de um impasse civilizatório, onde a maximização dos lucros tem justificado o uso insustentável dos mananciais de água doce, a desertificação do solo, o aquecimento global, a monumental produção de lixo, entre outros efeitos colaterais de um modelo de desenvolvimento “ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto”.

Na pergunta 705 do Livro dos Espíritos, no capítulo que versa sobre a Lei de Conservação, Allan Kardec pergunta: “Porque nem sempre a terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?”, ao que a espiritualidade responde: “É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se” (...).

É evidente que em uma sociedade de consumo, nenhum de nós se contenta apenas com o necessário. A publicidade se encarrega de despertar apetites vorazes de consumo do não necessário, daquilo que é supérfluo, descartável, inessencial – renovando a cada nova campanha a promessa de felicidade que advém da posse de mais um objeto, seja um novo modelo de celular, um carro ou uma roupa. Para nós espíritas, é fundamental que o alerta contra o consumismo seja entendido como uma dupla proteção: ao meio ambiente – que não suporta as crescentes demandas de matéria-prima e energia da sociedade de consumo, onde a natureza é vista como um grande e inesgotável supermercado – e ao nosso espírito imortal, já que, segundo a doutrina espírita, uma das características predominantes dos mundos inferiores da Criação é justamente a atração pela matéria. Nesse sentido, não há distinção entre consumismo e materialismo, e nossa invigilância poderá custar caro ao projeto evolutivo que desejamos encetar. Essa questão é tão crucial para o Espiritismo, que na pergunta 799 do Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta “de que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?”, a resposta é taxativa: “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade.(...)”

Uma das mais prestigiadas organizações não governamentais do mundo, o Worldwatch Institute, com sede em Washington, divulga anualmente o relatório “Estado do Mundo”, uma grande compilação de dados e estudos científicos que revelam os estragos causados pelo atual modelo de desenvolvimento. Na última versão do relatório, referente ao ano de 2004, afirma-se que “o consumismo desenfreado é a maior ameaça à humanidade”.

Os pesquisadores do Worldwatch denunciam que “altos níveis de obesidade e dívidas pessoais, menos tempo livre e meio ambiente danificado são sinais de que o consumo excessivo está diminuindo a qualidade de vida de muitas pessoas”.

Aos espíritas que mantêm uma atitude comodista diante do cenário descrito nessas breves linhas, escorados talvez na premissa determinista de que tudo se resolverá quando se completar a transição da Terra (de mundo de expiações e de provas para mundo de regeneração) é bom lembrar do que disse Santo Agostinho no capítulo III do Evangelho Segundo o Espiritismo. Ao descrever o mundo de regeneração, Santo Agostinho diz que mesmo livre das paixões desordenadas, num clima de calma e repouso, a humanidade ainda estará sujeita “às vicissitudes de que não estão isentos senão os seres completamente desmaterializados; há ainda provas a suportar (...) e que “nesses mundos, o homem ainda é falível, e o Espírito do mal não perdeu, ali, completamente o seu império. Não avançar é recuar, e se não está firme no caminho do bem, pode voltar a cair nos mundos de expiação, onde o esperam novas e terríveis provas”. Ou seja, não há mágica no processo evolutivo: nós já somos os construtores do mundo de regeneração, e, se não corrigirmos o rumo na direção do desenvolvimento sustentável, prorrogaremos situações de desconforto já amplamente diagnosticadas.

Não é possível, portanto, esperar a chegada do mundo de regeneração de braços cruzados. Até porque, sem os devidos méritos evolutivos, boa parte de nós deverá retornar à esse mundo pelas portas da reencarnação. Se ainda quisermos encontrar aqui estoques razoáveis de água doce, ar puro, terra fértil, menos lixo e um clima estável – sem os flagelos previstos pela queima crescente de petróleo, gás e carvão que agravam o efeito estufa – deveremos agir agora, sem perda de tempo.

Depois que a ONU decretou que 2003 seria o ano internacional da água doce, os católicos não hesitaram em, pela primeira vez em 40 anos de Campanha da Fraternidade, eleger um tema ecológico: “Água: fonte de vida”. Mais de 10 mil paróquias em todo o Brasil foram estimuladas a refletir sobre o desperdício, a poluição e o aspecto sagrado desse recurso fundamental à vida.

E nós espíritas? O que fizemos, ou o que pretendemos fazer? O grande Mahatma Gandhi – que afirmou certa vez que toda bela mensagem do cristianismo poderia ser resumida no sermão da montanha – nos serve de exemplo, quando diz: “sejamos nós a mudança que nós queremos ver no mundo”.



André Trigueiro (Jornalista)_Autor

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Conto de um Preto Velho





Dando início a uma destas reuniões mediúnica num centro espírita orientado pela doutrina de Allan Kardec, foi feita a prece de abertura por um dos presentes. Iniciando-se as manifestações, pequenas mensagens de consolo e apoio, foram dadas pelos desencarnados aos membros da reunião.

Quando se abriu o espaço destinado à comunicação de Espíritos necessitados, ocorreu o inesperado: a médium Letícia fica sob a influência de um Espírito

O dirigente, como sempre fez nos seus vinte e tantos anos de prática espírita, deu-lhe as boas-vindas, em nome de Jesus.

- Seja bem-vindo, meu irmão, nesta casa de caridade, disse-lhe Dr. Anestor.

O espírito respondeu:

- Boa noite, Fio. Suncê me dá licença prá eu me aproximá de seus trabalhos, Fio?".

- Claro, meu companheiro, nosso centro espírita está aberto a todos os que desejam progredir, respondeu o diretor da mesa.

Todos os presentes perceberam que a entidade comunicante era um preto-velho, a entidade continuou:

-"Vósmecê não tem aí uma cachacinha prá eu bebê, Fio?".

- Não, não temos, disse-lhe Dr. Anestor. Você precisa se libertar destes costumes que traz dos terreiros, que é o de ingerir bebidas alcoólicas.

O Espírito precisa evoluir, completou o dirigente.

- Vósmecê num tem aí um pito? Tô com vontade de pitá um cigarrinho, Fio.

- Ora, meu irmão, você deve deixar o mais breve possível este hábito adquirido nas práticas de terreiro, se é que queres progredir. Que benefícios traria isso a você?

O preto-velho respondeu:

- Preto-véio gostou muito de suas falas, mas suncê e mais alguns dos médiuns não faz uso do cigarro, Fio? Suncê mesmo num toma suas bebidinhas nos fins de sumana? Vós mecê pode me explicá a diferença que tem o seu Espírito que beberica `whisky' lá fora, do meu Espírito que quer beber aqui dentro? Ou explicá prá mim, a diferença do cigarrinho que suncês fuma na rua, daquele que eu quero pitar aqui dentro, Fio?

Dr. Anestor não pôde explicar, mas resolveu arriscar: - Ora, meu amigo, nós estamos num templo espírita e é preciso respeitar os trabalhos de Jesus. O preto-velho retrucou, agora já não mais falando como caipira:

- Caro dirigente, na escola espiritual da qual faço parte, temos aprendido que o verdadeiro templo não se constitui nas quatro paredes a que chamais centro espírita.

Para nós, estudiosos da alma, o templo da verdade é o do Espírito. E é ele que está sendo profanado com o uso do álcool e do fumo, como vêm procedendo os senhores. Vosso exemplo na sociedade, perante os estranhos e mesmo seus familiares, não tem sido dos melhores. O hábito, mesmo social, de beber e fumar deve ser combatido por todos os que trabalham na Terra em nome do Cristo. A lição do próprio comportamento é fundamental na vida de quem quer ensinar.

Houve grande silêncio diante de tal argumentação segura. Pouco depois, o Espírito continuou:

- Suncê me adescurpa a visitação que fiz hoje, e o tempo que tomei do seu trabalho. Vou-me embora para donde vim, mas antes, Fio, queria deixar a suncês um conselho: que tomem cuidado com suas obras, pois, como diria Nosso Sinhô', tem gente coando mosquito e engolindo camelos.

- Cuidado, irmãos, muito cuidado. Preto-véio deixa a todos um pouco da paz que vem de Deus. Ficam meus sinceros votos de progresso a todos os que militam nesta respeitável Seara".

Dado o conselho, afastou-se para o mundo invisível. Dr. Anestor ainda quis perguntar-lhe o porquê de falar "daquela forma", mas não houve resposta. No ar ficou um profundo silêncio, uma fina sensação de paz e uma importante lição para todos meditarem.

Autor Desconhecido

A LEI DA ATRAÇÃO - Uma NovaAbordagem -





"O Universo, como o conhecemos é composto por leis que o regem, existem algumas que ja conhecemos bem, outras que estamos aprendendo a lidar, outras totalmente desconhecidas. Lei da causa e efeito, lei da gravidade, teoria da relatividade, etc. Agora está em voga uma nova lei, a LEI DA ATRAÇÃO. Está na moda mesmo, sendo divulgada pelos meios de comunicação, vendida em livros e exibida em documentários. Essa lei trata-se de uma energia vibratória, que emana de todos os seres e se manifesta através do PENSAMENTO. Como qualquer lei da natureza ela é imutável e eterna, infinita e etérica. Segundo pesquisas recentes da Física Quantica, tal lei refere-se ao poder magnético que todos os seres humanos possuem em si de literalmente atrair tudo aquilo que constroem em seu pensamento. Através de mecanismos químicos do corpo humano, o PENSAMENTO ativa sentimentos divididos em sentimentos bons (amor, felicidade, alegria, etc) ou sentimentos ruins (raiva, ódio, rancor, etc). Através dos SENTIMENTOS a Lei da Atração traz até nós tudo aquilo em que focamos nossa atenção, assim, quando lutamos com todas as forças contra algo, estamos na verdade atraindo aquilo que não queremos, ou, quando desejamos fervorosamente algo, e acreditamos com veemencia naquilo, a lei da atração faz com que se manifeste em nossa vida.


Por exemplo, quando damos atenção a coisas ruins, situações desagradáveis e afirmamos NÃO QUERO ISSO EM MINHA VIDA, estamos na verdade pedindo ao universo que traga aquilo até nós. É como uma rua de via dupla. O Universo não entende palavras, somente os sentimentos, então aquela energia dispensada ao acontecimento ruim fez com que ele ativasse a Lei, e como um metal fosse trazido até nosso corpo, que no aso seria como um poderoso Imã.


Ao contrário disso, quando desejamos algo, e focamos nossa atenção em nosso desejo, nossos sentimentos repletos de alegria, temos então a manifestação e o retorno daquilo que tanto esperamos, nós atraimos o que queremos.


Existe ainda outro ponto importante a ser analisado. Os desejos que não se concretizam. Na verdade tudo esta sob a regencia dessa fabulosa lei. Portanto quando desejamos algo com todas as forças e o universo começa a se preparar para atender nosso pedido, e nós, em nosso racionalismo humano sentimos qualquer tipo de temor, duvida ou fragilidade em conseguir realizar nosso desejo, o universo recebe essa sensação, e automaticamente responde a nossa ordem. Seria quase como uma analogia ao genio da lampada. O universo sempre respondendo a cada pensamento humano: SEU DESEJO É UMA ORDEM...


Além disso ainda precisamos estar cientes de que a lei da atração pode ser usada com objetos e com humanos que estejam na mesma faixa vibratoria que nós, e mais que isso, é preciso respeitar os limites e livre-arbitrio do outro. Se formos usar a lei da atração para atrair um grande amor pro exemplo, o que ocorre é que não podemos desejar "aquela" pessoa, mas sim "uma" pessoa com todas as caracteristicas que nos deixe feliz.


Esse presente divino que é a lei da atração ainda depende de mais um fator para se manifestar.. Os bons sentimentos (graças a Deus, caso contrario teriamos lunáticos se aproveitando de toda a humanidade). Se você quer manifestar algo de bom em sua vida é fundamental que você esteja em harmonia com o mundo ao seu redor, com o seu universo, com tudo que lhe cerca. E estar em harmonia sgnifica estar em paz e se sentir feliz. É saber que a felicidade não vem de fora, mas de dentro e que somente você pode manifestar esse estado de espirito.


Para completar as regras da lei da atração temos a gratidão. Ser grato pelas pequenas cosias, agradecer a Deus e ao universo por todas as coisas boas em nossas vidas, nem que seja somente agradecer pelo ar que respiramos.


Não é o Universo que conspira a nosso favor, e sim nós mesmos que conspiramos a favor do Universo.


Devemos ter uma mente prospera e abundante se é abundancia que queremos em nossas vidas.


Devemos ter uma mente amorosa e gentil se é amor que queremos em nossas vidas.


Devemos ter uma mente saudavel se é saude que desejamos.


Devemos ter uma mente equilibrada e tranquila se é tranquilidade que esperamos.


Vamos focar naquilo que REALMENTE queremos para nós, e esquecer o que não desejamos.


Essa é a LEI DA ATRAÇÃO.


Todos somos grandes IMÃS de Deus, criados à sua imagem e semelhança, com todas a potencialidades divinas latentes em nós, mas que estamos apenas começando a entender como funcionam essas potencialidades.


A Biblia cita diversas passagens que poderiam ser alusões à lei:


"Disse Deus: Haja luz; e houve luz."


"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. "


"O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu."


Entre outros tantos trechos, que lidos da maneira correta demonstram o conhecimento antigo sobre tal lei.


Por isso digo e afirmo, somos nós que construimos nosso mundo, somos nós que fazemos tudo se manifestar ao nosso redor, somos nós que criamos todas as situações que vivenciamos, hoje e sempre. By Lara Orlow".

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A influência da bruxaria européia na Umbanda

Aviso:


"O texto abaixo deve ser lido com cuidado, trata-se de um estudo católico sobre a influência da demonologia europeia na tradição da umbanda brasileira. É um texto repleto de preconceitos, mas que vale ser lido pelas referências dos vários nomes e livros sobre ocultismo que traz. "





A Bruxaria Européia

A bruxaria européia entrou no Brasil via Portugal. Escreve Luís da Câmara Cascudo, em Meleagro (Rio 1951) p. 179: “A presença do feiticeiro, da feiticeira especialmente, é um documento histórico, uma constante etnográfica desde as manhãs do Brasil colonial. As denunciações e confissões prestadas ao Santo Ofício em Baía, 1591-1593, e Pernambuco, Paraíba, 1593- 1595, evidenciam a fauna prestigiosa da bruxaria européia, em funcionamento normal e regular”. E cita uma porção de portuguêsas, divulgadoras dos processos da magia tradicional. “Ao findar do séc. XVI o brasileiro estava com todos os elementos disponíveis do espírito para ser um fiel consulente do candomblé, muamba, macumba, canjerê e xangô. Os volumes que registaram as confissões e denúncias em Baía, Pernambuco e Paraíba evidenciam que a credulidade popular contemporânea tem raízes fundas na terra em que a raça se formou” (p. 181).

Nas Denunciações de Pernambuco (1593-1595), segundo publicação feita por Rodolpho Garcia (São Paulo 1929), damos com as seguintes feiticeiras e bruxas: Ana Jácome, acusada de ter embruxado uma menina recém-nascida de seis dias (pp. 24 s.); Lianor Martins, a Salteadeira, que, como se dizia, tinha um familiar, uma medrácu1a, um buço de lobo, uma carta de Santo Erasmo, semente do feito colhida na noite de São João com um clérigo revestido e com esse arsenal mágico pod1a fazer com que os homens quisessem bem às mulheres e vice-versa, com que os maridos não vissem o que as mulheres faziam e outras coisas semelhantes (pp. 108-109); Felícia Toulrinha, presa na cadeia pública por amancebada com um homem casado, tomou um chapim, pregou-lhe no meio uma tesoura e, com os dedos indicadores colocados abaixo dos anéis, levantou para o ar o chapim e de1xou-o cair, invocando o diabo guedelhudo, o diabo orelhudo, o diabo felpudo, para que lhe dissessem se certo homem ia por onde tinha dito que havia de ir (p. 187). -Mas não conseguimos ver, nas Atas publicadas das “Denunciações”, nenhum processo que lidasse diretamente com alguma bruxa “profissional”. Nos outros processos, porém, ocorrem freqüentemente casos de supostas feitiçarias, encantamentos e envultamentos. Era sem dúvida bem difundida a superstição e a credulidade no ambiente de origem européia do nosso século XVI.

Ora, a bruxaria européia, a "tradicional", dispõe de literatura própria, que encontra sua expressão mais fiel no famoso Livro de São Cipriano. Ao lado dele há outros, do mesmo tipo, como: As Verdadeiras Clavículas de Salomão, Enquiridião do Papa Leão, Grimório do Papa Honório, O Dragão Vermelho, Os Maravilhosos Segredos do Grande e Pequeno A/berto, O Livro Completo das Bruxas, O Livro do Feiticeiro, Cruz de Caravaca, etc. Tudo traduzido para o português e exposto nas livrarias do Brasil. Estão sempre entre a literatura umbandista ou “espiritualista” (sic). Inclusive livrarias espíritas mais sérias e “ortodoxas”, como a LAKE de São Paulo, expõem e propagam a literatura que poderíamos qualificar como “sãociprianista”.

E a coisa não é de hoje. Em 1904 o conhecido jornalista João do Rio (Paulo Barreto) constatou que o Livro de São Cipriano era, já então, o vademecum dos feiticeiros cariocas. Assim lemos em As Religiões do Rio (edição de 1951), p. 40: “Mas o que não sabem os que sustentam os feiticeiros, é que a base, o fundo de toda a sua ciência é o Livro de S. Cipriano. Os maiores alufás, os mais complicados pais-de-santo, têm escondida entre os tiras e a bicharada uma edição nada fantástica do S. Cipriano. Enquanto criaturas chorosas esperam os quebrantos e as misturas fatais, os negros soletram o S. Cipriano, à luz dos candeeiros...”.
Há diferentes edições do S. Cipriano. Temos várias na nossa coleção: “O Grande e Verdadeiro Livro de São Cipriano”, “O Antigo e Verdadeiro Livro de São Cipriano” e “O Único Verdadeiro Livro de São Cipriano”. Haverá outros, “mais autênticos”. Abrimos o “Antigo e Verdadeiro” (“única edição completa conforme antigo original”). Tem 411 páginas. Apresenta o material em quatro partes distintas: I. Tesouros do Feiticeiro; II. Verdadeiro Tesouro da Mágica; III. Enguerimanços de S. Cipriano ou Prodígios do Diabo; IV. Oráculo dos Segredos. Na primeira parte, além de esconjuros e orações supersticiosas misturadas com orações católicas, há dois tratados de cartomancia e um de astrologia. Nas outras partes há numerosas receitas para fazer amuletos e talismãs, inclusive uma para fazer pacto com o demônio. Fantasiam-se modos para fazer o mal, para obrigar o marido a ser, fiel, para forçar as mulheres a dizer tudo o que tencionam fazer, para ser feliz nos negócios, para fazer-se amar pelas mulheres, para obrigar a amar contra a vontade, para fazer casamentos, para ganhar no jogo, para apressar casamento, para ligar namorados, para obrigar as almas a fazer o que se deseja, para aquecer as mulheres frias, para saber se a pessoa ausente é fiel, para fazer ouro puro, etc.

O Enquiridião do Papa Leão é apresentado como obra escrita pelo Pa.pa Leão III a Carlos Magno. São 174 páginas com orações supersticiosas, contra toda sorte de encantos, malefícios, feitiçarias, sortilégios, visões, obstáculos, malefícios de casamentos, etc. Apresenta também sinais cabalísticos com forças misteriosas contra o demônio e as adversidades. Muitas vêzes o texto é totalmente ininteligível, como, por exemplo, este da p. 89: “Adonay, Jod, Magister, dicit Jo. Oh bom Jesus, exorcisa-me! Manuel, Sathor, Jessé, adorável Tetragrammaton. Heli, Heli, Heli, Laebé Hey Hámy, este é meu corpo Tetragrammaton...”.

Já o Grimórios do Papa Honório (“Os misteriosos segredos ocultos do Papa Honório”), traduzido do francês, é um produto da mais consumada malícia. Tudo é apresentado piedosamente sob forma de uma Constituição Apostólica de Honório III. Entre blasfemas invocações do Santo Nome de Deus, da Santíssima Trindade, de Jesus, da Eucaristia, entre numerosas prescrições de Pai-Nossos, Ave-Marias, jejuns e santas missas, apresentam-se fórmulas de conjurações de demônios, espíritos e divindades. Há encantos, feitiços e magias para ver os espíritos dos quais o ar está cheio, para atrair uma moça por mais esperta que seja, para ganhar no jogo, para tornar-se invisível, para possuir ouro e prata, para ter o corpo fechado contra todos os tipos de armas, para fazer vir uma pessoa, para fazer uma moça dançar nua, para tirar o sono de alguém, para gozar e possuir a mulher a quem se deseja (é o “segredo do Padre Girard”!), para romper e destruir todos os malefícios, para aprisionar cavalos, equipagem e extraviar uma pessoa, para ajudar lebres nos partos difíceis e contra uma porção de doenças. Para calcular a maldade com que são misturadas as coisas mais sujas com as mais santas, veja-se a receita indicada na p. 90, “para fazer uma moça dançar nua”: é preciso escrever o nome da moça num pergaminho novo com uma pena molhada no sangue de um morcego e colocá-la debaixo da laje de um altar “a fim de que uma Missa seja rezada em cima”... E tudo isso numa Constituição Apostólica do Papa Honório III...

As Verdadeiras Clavículas de Salomão (“ou o Tesouro das Ciências Ocultas... acompanhadas de um grande número de segredos”), como também O Dragão Vermelho, outra forma das “Clavículas”, pretendem ensinar o modo como fazer pactos com os demônios. Descrevem o modo de “consagrar” os objetos necessários para o “trabalho” (faca, lancêta, defumadores, tinta, penas, sal), como sacrificar os animais (cabrito e galo preto), etc. Dão uma lista enorme de demônios, com nomes e especialidades, fazendo recordar a lista dos Exus da Umbanda. Há também os mais variados sinais (desenhos) cabalísticos, capazes de atrair o respectivo espírito, exatamente como os “pontos riscados” dos umbandistas.

Cheio de perversidades está O Livro Completo das Bruxas, “o único verdadeiro, completo e de acordo com os manuscritos existentes nos museus de Londres, Cairo e Louvre, bem como de diversos países do Oriente”. Sabe o A., exatamente, que os habitantes do Inferno estão divididos em 6.666 legiões, contendo cada uma 6.666 elementos, o que dá um total de 44.435.556. E que cada diabo vive aproximadamente 680.400 anos.

Bem no início da obra temos também os mandamentos da bruxa: 1) Renegar a Deus; 2) blasfemar continuamente; 3) adorar ao diabo; 4) esforçar-se por não ter filhos; 5) jurar em nome do diabo; 6) alimentar-se de carnes; 7) imaginar que pratica o ato sexual com o diabo, todas as noites; 8) trazer consigo a imagem do diabo; 9) lavar o rosto e pentear-se de 4 em 4 dias; 10) tornar banho cada 42.º dia; 11) mudar de roupa cada 57.º dia; 12) Se for homem, barbear-se cada 91.º dia; 13) não cortar nem polir as unhas... Também deverá comer quatro dentes de alho, sem tempero nenhum, em cada refeição, de quatro em quatro horas.

Entre cruzes, Pai-Nossos e Ave-Marias, invocações de Lúcifer e Satanás, conjurações e esconjuras, aparecem mil formas e fórmulas para praticar o mal e enfeitiçar meio mundo, num ambiente de meia-noite, sexta-feira, lua minguante e encruzilhadas, recorrendo a gatas pretas, galos pretos, galinhas pretas, bodes pretos, sapos pretos, ouriços pretos, corujas pretas, olhos de cães pretos, ovos de galinhas pretas, miolo de burro, corações de pombas pretas, sangue de rã, rim de lebre, pernas esquerdas de galinhas pretas, fígados de rouxinol; com o auxílio de panos pretos, seda vermelha, azeite, farofa, moedas, urinas, suores, ervas, raízes, flores, pedras de cevar, filtros de amor, cavalos marinhos, estrelas do mar, figas de Guiné, de arruda e de azeviche... É o bazar barato e constante da feitiçaria universal, sempre preocupada com questões de saúde, problemas de fortuna e os mistérios do amor.

Continua, assim, abundante a literatura da bruxaria européia: Lá está o Breviário de Nostradamus, outro Livro da Bruxa, o Tratado de Magia Oculta, o Livro dos Sonhos, o Livro do Feiticeiro e mais obras de Astrologia, Cartomancia e Quiromancia, sem esquecer os livros de Papus, Eliphas Levi, do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, das Sociedades Teosóficas, dos Rosacruzes, de Allan Kardec.

Eis as causas remotas da Umbanda. O movimento umbandista ainda está na fase de formação e elaboração. Mas é nestes elementos de origem africana, ameríndia e européia que os dirigentes da Umbanda encontram sua principal fonte. Há, certamente, também o aspecto cristão ou católico, e com ele ainda nos ocuparemos. É, porém, mais um elemento para a superfície, de decoração ou de fachada. O cerne da Umbanda não é cristão: é profunda e visceralmente contrário à autêntica vida cristã. A idolatria e as superstições do paganismo constituem a verdadeira essência do Espiritismo Umbandista. Quem conhece a vida e as práticas dos nossos terreiros ou tendas, reconhecerá imediatamente as várias causas que acabamos de lembrar.

Fonte:

KLOPPENBURG, Boaventura. A Umbanda no Brasil: Orientação para os católicos. Petrópolis, Vozes, 1961, p 37-41.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CASAMENTO NA UMBANDA

DIANTE DE TANTA INJUSTIÇA COM A UMBANDA FELIZMENTE TEMOS ALGUMAS IMAGENS MARAVILHOSAS DE UM TRABALHO NO REINO DO MAR SAGRADO SENDO DIVULGADO EM REDE NACIONAL PARABENS PRA UMBANDA PARABENS PARA TODOS OS UMBANDISTAS É NOSSO DEVER FAZER ESSA DIVULGAÇÃO

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Transporte e Descarrego. Tem diferença sim!



Em teoria todo mundo sabe o que é um descarrego, tem pessoas que até gostam dele e ficam felizes quando passam por um no terreiro. Mas quem sabe como ele funciona, como pode ser feito e quais as implicações para o médium? E diferenciar um descarrego de um transporte, quem sabe? Pois é sobre isso que falaremos hoje. Vamos lá?

Bom, transporte é quando um médium desenvolvido e capacitado, por determinação do astral, incorpora uma Entidade Espiritual de outro médium, talvez um consulente, que por ainda não ser desenvolvido é incapaz de incorporar este espírito. Podemos dizer que um transporte é feito, por exemplo, quando um Guia Espiritual precisa dar algum recado ao seu médium como a solicitação de uma oferenda; ou quando há a necessidade de um Guia se apresentar para aquele ainda imaturo médium fazendo-se assim mais presente na vida espiritual deste que cheio de duvidas dificulta seu desenvolvimento; ou ainda quando o Guia daquele médium ainda não desenvolvido precisa de ectoplasma, que é a energia vital presente só em seres encarnados, para se energizar ou curar seu corpo astral de ferimentos decorridos de ataques astrais negativos.

Já descarrego é quando a incorporação tem o intuito de limpeza espiritual ou descarga energética. Pode ocorrer de diferentes modos através da incorporação de Exus ou de espíritos negativos. No caso em que o descarrego é feito com a incorporação de um Exu, o médium pode incorporar seu próprio Exu de trabalho para fazer limpeza de energias negativas, para vitalizar o consulente ou para fazer negociações com outros Exus; o médium pode também incorporar o Exu do consulente, normalmente médium em desenvolvimento, para que ele possa fazer a defesa do seu médium, se fortalecer ou pedir uma oferenda para ter instrumentos e elementos de negociação; pode ainda acontecer do médium incorporar um Exu Cósmico ativado pela Lei que, por processo negativo do próprio mental do consulente, é atraído para cumprir sua função paralizadora, desvitalizando ou punindo aquele consulente diante da Lei e da Justiça Divina. Neste caso é a atuação da Lei, quando for permitido e só quando o consulente evoluir espiritualmente, que definirá quando essa atuação se encerra.

No caso em que o descarrego é feito com a incorporação de Espíritos negativos que acompanham o consulente pode acontecer do médium incorporar espíritos sofredores, espíritos doentes e com grande sofrimento, que nos trazem dor, angustia e desanimo; Eguns que são espíritos perdidos no tempo e que por afinidade, simbiose ou ação obsessiva nos negativam; ou Quiumbas, espíritos com maior poder mental negativo que por pagamento de “magias negras” ou por desejo de destruição de um médium ou de um centro atacam de forma poderosa e negativa.

Em todos esses casos o trabalho de descarrego só acontece por permissão da Lei e é a partir de um trabalho religioso, de médiuns preparados onde o único intuito é a caridade, que se tem a grande oportunidade de encaminhamento destes irmãos que necessitam de nossa ajuda para um redirecionamento evolutivo espiritual.

Mas como cuidado é sempre bem vindo, para que se realize um bom trabalho de transporte ou descarrego algumas regras devem ser cumpridas:

1º Todo transporte deverá ser realizado em um templo religioso, pois somente ali haverá uma tronqueira assentada. A tronqueira é um ponto religioso e é a partir deste ponto que Exus atuam religiosamente na vida das pessoas e onde fazem suas negociações.

2º A curiosidade é proibida pois esta é uma das maiores brechas que o próprio médium abre para os ataques do baixo astral. Quando, por envolvimento emocional, o médium quer saber mais do que lhe é permitido surge a curiosidade que é fatal pois o médium se afiniza com aquela vibração e se torna uma isca fácil para espíritos negativos.

3º Excessos como tombos (exagerados) e gritos, são descontrole do médium e além de causar constrangimento para muitos o próprio médium poderá se machucar, sendo ele o único prejudicado.

4º Em qualquer dos casos toda oferenda solicitada deve sempre ser dirigida ao guia espiritual que está sustentando aquele trabalho. É ele quem dará consentimento e autorização para a realização da oferenda.

5º Cuidado com a mão, não há nenhuma necessidade do médium colocar a mão no consulente na hora do descarrego, podendo ele até se prejudicar por cargas energéticas. Quando o médium e o consulente forem de sexo oposto o cuidado deverá ser redobrado para evitar um grande constrangimento e com isso denegrir a imagem do centro espiritual e do trabalho da Umbanda.

Conseguiram entender as diferenças? Ficou claro ou sugiram duvidas? Pensem e comentem com suas opiniões, complementos ou questões.

Uma semana de muito axé e cheia de conquistas a todos!



Escrito por Mãe Mônica Caraccio

Colaboração: Alabê Diego de Ogum

domingo, 3 de janeiro de 2010

Umbanda (por Diamantino Fernandes Trindade)

Umbanda

Diamantino Fernandes Trindade





Escrever sobre a Umbanda não é tarefa para leigos, repórteres ou curiosos. Estes, por falta de percepção, sensibilidade ou de conhecimento vêm a Umbanda como um emaranhado de práticas oriundas das mais diversas religiões. Jamais pararam para se perguntar porque um culto, por eles mesmos tratado como fetichista, pode atrair milhões de pessoas. Diriam até que seria pelo aspecto etno-cultural das mais diversas classes sócio-culturais. Que mistério há por traz desses ritos que consideram confusos e destituídos de bom senso? Por que tantos a atacam? É preciso conhecer seus aspectos fenomênicos, magísticos, mediúnicos, ritualísticos, doutrinários e filosóficos, nas suas causas. É preciso também que se tenha um vivencial do dia-a-dia de seus terreiros e templos. Raros, raríssimos são os que têm essa experiência. Enquanto a Umbanda se abre num leque de mil cores, muitos se interessam apenas pela qual se afinizam, certos de que é a melhor. Outros pretendem impor um determinado ritual porque é aquele que lhes trás mais benefícios.
Quem quiser, apenas de longe, saber o que a Senhora das Mil Faces representa para o povo brasileiro, basta ver o que acontece nas praias na passagem do ano. Lá se encontram ricos, pobres, brancos, negros, mestiços, todos juntos, acendendo suas velas, e ofertando flores a Yemanjá, pedindo que o ano lhes seja propício. Esta manifestação colossal é peculiar, é própria da fé ou da mística umbandista. Muitos se aproximam da Umbanda pois pressentem sua força, sua magia, seu poder de transformação. A Umbanda aceita, respeita as necessidades de cada grupo naquilo que os faz sentirem-se unidos ao Sagrado. Por isso Ela parece tão variada em suas manifestações, pois cada unidade-terreiro exprime com fidelidade as necessidades daqueles que ali acorrem. Para muitos esta maleabilidade é confundida como uma mistura desconexa, mas na verdade apenas traduz, em seus aspectos mais profundos, um motivo: atingir a síntese do conhecimento humano, lembrar a todos que como Caboclo, Preto-Velho e Criança, também somos espíritos eternos e imortais e que cada existência nos serve de aprendizado e aperfeiçoamento para vidas futuras, caminhando rumo à nossa realidade. Esta é a Umbanda do povo brasileiro.
As tentativas de codificação da Umbanda tem sido infrutíferas pois esta religião é um grande cadinho onde se amalgamam pessoas de todos os níveis sociais, culturais e intelectuais. Enquanto para alguns, os cultos mais populares falam mais alto ao seu grau de consciência, outros se encontram espiritualmente nos ritos esotéricos e iniciáticos umbandistas. A Umbanda é uma só, independente do tipo de terreiro ou culto. O Astral Superior atende a todos que a ela recorrem. Para entender melhor basta lembrarmos das sábias palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas:

A Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade; da mesma forma como Maria ampara nos braços o filho querido, também serão amparados os que dela se socorrerem.

Musicas de Umbanda

MAPA DE COMO CHEGAR A COMUNIDADE DE UMBANDA

Indicação de Livros Umbandistas

Indicação de Livros Umbandistas
Sandro da Costa Mattos

Obrigação a Oxum e Batizado 2009