terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Conto de um Preto Velho
Dando início a uma destas reuniões mediúnica num centro espírita orientado pela doutrina de Allan Kardec, foi feita a prece de abertura por um dos presentes. Iniciando-se as manifestações, pequenas mensagens de consolo e apoio, foram dadas pelos desencarnados aos membros da reunião.
Quando se abriu o espaço destinado à comunicação de Espíritos necessitados, ocorreu o inesperado: a médium Letícia fica sob a influência de um Espírito
O dirigente, como sempre fez nos seus vinte e tantos anos de prática espírita, deu-lhe as boas-vindas, em nome de Jesus.
- Seja bem-vindo, meu irmão, nesta casa de caridade, disse-lhe Dr. Anestor.
O espírito respondeu:
- Boa noite, Fio. Suncê me dá licença prá eu me aproximá de seus trabalhos, Fio?".
- Claro, meu companheiro, nosso centro espírita está aberto a todos os que desejam progredir, respondeu o diretor da mesa.
Todos os presentes perceberam que a entidade comunicante era um preto-velho, a entidade continuou:
-"Vósmecê não tem aí uma cachacinha prá eu bebê, Fio?".
- Não, não temos, disse-lhe Dr. Anestor. Você precisa se libertar destes costumes que traz dos terreiros, que é o de ingerir bebidas alcoólicas.
O Espírito precisa evoluir, completou o dirigente.
- Vósmecê num tem aí um pito? Tô com vontade de pitá um cigarrinho, Fio.
- Ora, meu irmão, você deve deixar o mais breve possível este hábito adquirido nas práticas de terreiro, se é que queres progredir. Que benefícios traria isso a você?
O preto-velho respondeu:
- Preto-véio gostou muito de suas falas, mas suncê e mais alguns dos médiuns não faz uso do cigarro, Fio? Suncê mesmo num toma suas bebidinhas nos fins de sumana? Vós mecê pode me explicá a diferença que tem o seu Espírito que beberica `whisky' lá fora, do meu Espírito que quer beber aqui dentro? Ou explicá prá mim, a diferença do cigarrinho que suncês fuma na rua, daquele que eu quero pitar aqui dentro, Fio?
Dr. Anestor não pôde explicar, mas resolveu arriscar: - Ora, meu amigo, nós estamos num templo espírita e é preciso respeitar os trabalhos de Jesus. O preto-velho retrucou, agora já não mais falando como caipira:
- Caro dirigente, na escola espiritual da qual faço parte, temos aprendido que o verdadeiro templo não se constitui nas quatro paredes a que chamais centro espírita.
Para nós, estudiosos da alma, o templo da verdade é o do Espírito. E é ele que está sendo profanado com o uso do álcool e do fumo, como vêm procedendo os senhores. Vosso exemplo na sociedade, perante os estranhos e mesmo seus familiares, não tem sido dos melhores. O hábito, mesmo social, de beber e fumar deve ser combatido por todos os que trabalham na Terra em nome do Cristo. A lição do próprio comportamento é fundamental na vida de quem quer ensinar.
Houve grande silêncio diante de tal argumentação segura. Pouco depois, o Espírito continuou:
- Suncê me adescurpa a visitação que fiz hoje, e o tempo que tomei do seu trabalho. Vou-me embora para donde vim, mas antes, Fio, queria deixar a suncês um conselho: que tomem cuidado com suas obras, pois, como diria Nosso Sinhô', tem gente coando mosquito e engolindo camelos.
- Cuidado, irmãos, muito cuidado. Preto-véio deixa a todos um pouco da paz que vem de Deus. Ficam meus sinceros votos de progresso a todos os que militam nesta respeitável Seara".
Dado o conselho, afastou-se para o mundo invisível. Dr. Anestor ainda quis perguntar-lhe o porquê de falar "daquela forma", mas não houve resposta. No ar ficou um profundo silêncio, uma fina sensação de paz e uma importante lição para todos meditarem.
Autor Desconhecido
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Diante de tamanha sabedoria o que poderia dizer qualquer um naquela reunião mediúnica?! Antes de qualquer coisa devemos sempre ter a humildade. Não podemos questionar os erros de ninguém se também os temos. Lembremo-nos da humildade dos bons exemplos que tivemos, Dr Bezerra de Menezes e Chico Xavier. E por quê o espírito se apresentando naqueles termos falou com tanta fluência verbal? Já está aí a resposta... ESPÍRITO, imortal e de várias encarnações, pode se apresentar como quiser, mas, naquele momento ele preferiu se apresentar como "preto velho". Jesus na sua infinita humildade desceu até nós, necessários tantos mil anos para isso, movimentações de galáxias, planetas, tudo para que nosso humilde mestre pudesse colocar um ESPÍRITO infinito em um corpo de carne. Quem somos nós a dizer algo. Melhor ainda dizendo, o que pensamos que somos nós!?
ResponderExcluirAbraço Fraterno !