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"para afastar satanás"
Membros ligados à religião afro-brasileira em Ilhéus estão acusando policiais militares do II BPM de promover intolerância religiosa e atos de racismo durante operação ocorrida no Assentamento D. Helder Câmara, no último sábado. De acordo com a denúncia, questionados por uma sacerdotisa sobre a legalidade de uma operação no local, sem mandado judicial, levando em consideração de que o assentamento fica sob a jurisdição do Instituto Nacional e Colonização de Reforma Agrária (Incra), os policiais reagiram enquadrando homens, mulheres e crianças, sob mira de metralhadoras, pistolas e fuzil. Na versão da Polícia Militar, a ação ocorreu após receber denúncias de que havia drogas e armas no local.
De acordo com os assentados, os policiais se sentiram desacatados com a insistência sobre a legalidade da operação e o comandante do grupo teria autorizado a prisão da sacerdotisa Bernadete Souza. “Neste momento o orixá Oxossi incorporou na sacerdotisa que, algemada, foi colocada e mantida num formigueiro onde foi atacada por milhares de formigas provocando graves lesões, enquanto os PMs gritavam que as formigas eram para “afastar satanás”, afirmou uma testemunha ao Jornal Bahia Online. A PM nega. Mas disse que maiores informações sobre o caso só dará na presença do jornalista por que não está autorizada a liberar informações por telefone. Mas durante a ligação inicial, o Major PM Rício, disse que a reação da sacerdotisa teria sido excessiva, daí a sua prisão. E “se houve algo de formigueiro, desconheço. A não ser que tenha sido um acidente”, revelou, alegando que há uma certa dose de exagero na denúncia.
“Quando os membros da comunidade tentaram se aproximar para socorrê-la um dos policiais – de acordo com a versão de testemunhas – teria apontado a pistola para cabeça da sacerdotisa. Ainda na versão dos assentados, enquanto Bernadete, algemada, era arrastada pelos cabelos por quase 500 metros e em seguida jogada na viatura, os policiais, segundo eles, “numa clara demonstração de racismo e intolerância religiosa”, gritavam “fora satanás”!
Na delegacia da Polícia Civil para onde foi conduzida, Bernadete ainda incorporada e bastante machucada teria sido, de acordo com a denúncia, colocada algemada em uma cela onde havia homens, enquanto policiais ironizavam que tinham chicote para afastar “satanás”, e que os Sem Terra fossem se queixar ao Governador e ao Presidente.
Os policias militares registraram na delegacia que a manifestação dos orixás na sacerdotisa Bernadete se tratava de insanidade mental. O Jornal Bahia Online apurou que Bernadete já foi ouvida pelo comando da PM que deve abrir uma sindicância para apurar os fatos. “Qualquer atitude minha agora seria emitir juízo de valor e não farei isso”, disse o Major Rício, de forma educada ao repórter do JBO, convidando-o para, pessoalmente, conversar sobre o ocorrido.