segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

FRANGO DE NATAL



Era dezembro. Nevava e o frio era por demais intenso. O bom homem chegou em casa, comeu a comida simples e foi-se deitar. Como sempre, orou antes de dormir: "Senhor Deus, obrigado pelo dia de hoje, pelo alimento abundante...". E disse a Ele tudo o que diariamente dizia. Porém, naquela noite, antes do "boa noite" aos amigos do céu, arriscou um pedido. Aproximava-se o natal, e ele sonhava, tal como Francisco de Assis, estar com o Salvador ao vivo naqueles dias; se possível, tocá-lo, falar e passar um tempo a sós com ele. E foi isso que, corajosamente, pediu naquela noite. Sim, por que não?, pensou. Então esqueceu tudo e dormiu.

Finalmente chega a véspera do natal. Toma banho, compra um frango, tempera-o, põe-no para assar - ah, o vinho antigo, onde estava? E tinha também as velas, as nozes e o arroz branco. "Sim", disse, olhando a mesa rota e mambembe, "está tudo bem". E sentou-se para esperar o convidado especial, pois tinha certeza que Ele viria (não havia dito o próprio Cristo que quem pede recebe?). "Vou fechar os olhos só um pouquinho", pensou, e recostou a cabeça na cadeira de balanço. Logo dormiu. De repente, assustado, acordou e arrumou a roupa, pois deu-se conta que o outro poderia bater à porta e ele não ouvir. Olhou o relógio: 20 horas. "Está quase na hora, Ele já vem", animou-se.

Toc, toc. Alguém batia. Seu coração pulou de alegria. Então era verdade: Jesus realmente atendia o pedido de seus irmãos! Ajeitou rapidamente os cabelos e abriu a porta: surpresa! Era um mendigo. "Ah, que pena", pensou. "Sim?", perguntou. E o homem mais pobre que ele pediu algo para comer, pois tinha muita fome. "Espere um pouco", respondeu. Olhou o frango dourado à mesa e rapidamente arrancou uma coxa e a deu ao pedinte. "Jesus nem vai notar, pois vou virar o frango para baixo e assim escondo a perna que falta".

Tranqüilizou-se e sentou-se novamente para esperar a visita. Toc, toc. Nova batida. Correu abrir a porta. Mas, não era Jesus e sim outro pedinte. Mesma história, mesma pena do pobre homem e lá se vai a outra coxa do frango. "Jesus não há de reclamar de o frango não ter as duas coxas", refletiu.

Colocou um pouco de arroz nos dois buracos, sentou-se novamente, agora já um pouco triste, e fechou os olhos. Nova batida. Era outro pedinte. E lá vai um pedaço de peito de frango para o estômago de mais um faminto, pois, afinal, "Jesus disse: 'Estive com fome e me deste de comer'", lembra.

De repente, outra batida. E assim foi, a noite inteira: batida na porta, carne saindo, pedinte chegando, carne saindo, até nada mais restar, a não ser a farofa que caíra na mesa. "Bem, Jesus", pensou, "demorastes pra vir e foi isso o que sobrou". E foi catando a louça para guardar e ir dormir, quando ouve alguém bater. "Não tenho mais nada", gritou. Toc, toc, insistia o novo visitante. "Vá dormir, é tarde; já disse que nada mais tenho para dar", repetiu. Toc, toc. "Mas, credo, o que será que querem tanto comigo?" E foi ter com o novo visitante.

Abriu. E emudeceu... Afastou-se trêmulo, com as pernas moles e o rosto cor-de-neve. Era Jesus. Aquele sorriso no rosto, a doçura no olhar, as chagas nas mãos: sim, não havia dúvidas, era o Mestre amado. "Senhor", falou, caindo de joelhos e chorando de dor, "por que demoraste? Tudo o que havia tive que dar. Até o vinho antigo se foi. Perdoe-me, Senhor Jesus...".

O Mestre então entra na humilde casa, toca seu queixo e pede para que se ponha em pé. E diz: "Estou muito contente em vir à tua casa". E o pobre homem responde: "Ah, Jesus, preparei uma ceia para te receber, mas vieram tantos mendigos pedir comida e acabou indo tudo para eles. E eu que queria tanto passar um tempo contigo, como outros santos de Deus passaram. O que é que vais pensar de mim agora?" E pôs-se a chorar novamente, as mãos encobrindo o rosto.

Jesus, tomando-o nos braços, apertou-o suavemente contra si e disse-lhe: "Mas eu já estive contigo várias vezes esta noite e comi fartamente. Até bebi um excelente vinho". O bom homem levanta a cabeça, fita Jesus e pergunta: "Mas, como? Eu estive atento a noite toda e nunca te vi entrar. E se entraste enquanto cochilei, como comeste sem fazer barulho?" Jesus sorri e responde: "O que querias era estar comigo na noite de natal, não era? Pois bem, todo aquele que recebe o menor dos meus irmãos é a mim que recebe. Na verdade, não eram mendigos que vinham bater à porta, mas eu, disfarçado. Porque eu queria saber se me havias convidado porque realmente me amavas ou se era por um capricho teu. Como vi que teu amor era verdadeiro, eis-me aqui contigo. Pronto, senta-te e vamos conversar. Nesta noite de natal sou inteiramente teu!".

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Amigo leitor, neste mês de dezembro preferi transcrever, a meu modo, um conto de Tolstoi. Penso que é um excelente pretexto para refletirmos sobre o verdadeiro sentido do natal. Tudo bem que exista o hábito de dar e receber presentes, que exista uma pessoa "tão importante" quanto Jesus na data reservada a Ele (o Papai Noel), mas os cristãos sabem que só Ele dá sentido ao 25 de dezembro. Arrisco mais: digo que só Ele dá sentido a todos os dias 25, e não só de dezembro, mas de janeiro, agosto, outubro, etc; como aos dias 24, 12, 3 ou 31. Porque todo dia é natal, uma vez que todo dia é dia de Jesus renascer em nossos corações. Feliz natal hoje, portanto. E amanhã, depois de amanhã...

Autor: Cezar Augusto Ribeiro

Pense nisso !

Sucesso !

Boa Semana.





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Porque tive fome, e destes-me de comer;

tive sede, e destes-me de beber;

era estrangeiro, e hospedastes-me.

Mateus 25:35

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