Uma reunião de fiéis para um ritual de Umbanda é chamada de "Sessão", dirigida por um homem ("Pai de Santo") ou por uma mulher ("Mãe de Santo"), também chamados de "Chefe de Terreiro". De acordo com a crença, eles poderiam incorporar espíritos de pessoas mortas, chamadas "Entidades". Estes espíritos podem ser Caboclos (índios), figuras religiosas, doutores, negros africanos ou brasileiros ("Pretos Velhos", "Pai Joaquim", "Pai Arruda", "Tia Joana", etc) .
Estas incorporações acontecem durante as sessões no "terreiro", "centro" ou "tenda", um aposento grande com um altar, onde os membros cantam "pontos", dançam ou apenas pedem conselhos à entidade. Durante a sessão, o chefe-de-terreiro é ajudado por homens e mulheres chamados "Filhos de Santo" ou "Cambonos". Se estas reuniões acontecem na rua, florestas, praias, ou em lugares externos em geral, são chamadas "Obrigações" , onde os membros rezam e oferecem alimentos, flores, velas e presentes às entidades.
Umbanda é chamada de "macumba" por alguns brasileiros, principalmente pelos de religiões evangélicas. Mas isto é errado. Realmente, a macumba é outra religião afro-brasileira denominada "Quimbanda" ou "magia negra", considerada por especialistas de Umbanda como uma distorção, porque é baseada na prática do mal, destinada a prejudicar inimigos presumidos, evocando espíritos atrasados, como "Exus", "Pombagiras", "Lúcifer", etc., que seria equivalentes às criaturas do inferno dos católicos. Assim, nós devemos distinguir muito bem a diferença entre Umbanda e Macumba. Os rituais de magia branca verdadeira - a Umbanda - são feitos apenas para melhorar a vida de uma pessoa, para praticar um bem. Nunca para prejudicar quem quer que seja.
O altar da Tenda Espírita Guaracy no fim da década de 50, quando ainda estava instalada em sua primeira sede, no bairro do Sampaio, Zona Norte do Rio.
Nas fotos acima , a médium Gildette César incorporada com o "Caboclo Guaracy".
Um "Obrigação" da Tenda Espírita Guaracy em uma praia, na década de50.
Gildette César
Gildette incorporando a "Tia Joana", durante uma sessão na segunda sede da Tenda em Copacabana, em 1986.
Gildette (embaixo, à direita ) incorporada com o um espírito da criança, dando conselhos aos frequentadores da Tenda (Festa de Cosme e Damião, Setembro de 1986)
Umbanda é dividida em Linhas , cada uma dirigida por um Orixá (espírito com uma missão) e composta por Legiões, subdivididas em Falanges. Zambi (Deus na nomenclatura umbandística) é o chefe supremo de todas as linhas. As linhas de Umbanda são:
Linha de Iemanjá - chefiada por Santa Maria e composta por Caboclas do Mar e dos Rios, Sereias, marinheiros, etc..
Linha de Oxóssi - liderada por São Sebastião, composta por Caboclos.
Linha de Ogum - chefiada por São Jorge, composta por várias personificações deste santo: Ogum Beira-Mar, das praias; Ogum Rompe-Mato, das selvas; Ogum Iára, dos rios, etc.
Linha de Xangô - liderada por São Jerônimo, composta por caboclos, Inhaçã e Quenguelê (pretos).
Linha Africana - liderada por São Cipriano, composta por negros das várias regiões africanas.
Linha de Oxalá - chefiada por Jesus e composta por santos católicos.
Linha faz Oriente - chefiada por São João Baptista, composta por doutores, cientistas, hindus, japoneses, chineses, árabes, etc.
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Os conceitos acima são baseados nos ensinamentos espirituais de Gildette César, uma médium que dirigiu a Tenda Espírita Guaracy por mais de 50 anos no Rio de Janeiro. Gildette começou os trabalhos em sua Tenda em 1946. Antes disto, esteve muito doente e chegou a ficar desenganada pelos médicos. Em 1946, conforme seu relato, ela incorporou o espírito de um índio velho (o Caboclo Guaracy) e, após isto, foi salva da morte. É curioso observar que, antes disto, Gildette detestava qualquer coisa relacionada a espiritismo, Umbanda ou religiões afro-brasileiras em geral - como ocorre com a maioria das pessoas de outras religiões que não conhecem direito a Umbanda ou o Candomblé - e, como ela mesma contava: "virando a cara pra outro lado e passando longe dessas coisas". Nessa época, ela dizia "Santo é só um boneco de pau" (como muitos evangélicos dizem hoje em dia...). Quando a incorporação aconteceu pela primeira vez, sua família acreditou que ela estava louca por causa da doença. Não obstante, Gildette abriu seu centro, primeiro em uma mansão na zona norte do Rio, à Rua Alzira Valdetaro, perto do Morro da Matriz (vários frequentadores dessa época eram do morro). Em 1964, essa mansão teve que ser demolida para a construção de uma rua, e Gildette foi forçada a transferir a Tenda Espírita para um pequena sala em um prédio comercial da Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Apesar do espaço menor, manteve os trabalhos espirituais durante mais de 35 anos, até sua morte em Março de 2000. Após isto, a Tenda Espírita Guaracy encerraria para sempre sua história de décadas de atos de fé e caridade das milhares de pessoas que de alguma forma, participaram dos trabalhos espirituais junto à médium.
Gildette foi uma lutadora incansável para defender sua fé. Vindo de origem muito humilde, tendo passado até fome quando era criança, conseguiu vencer sem usar sua religião como forma de ganhar dinheiro. Ela venceu baseada apenas no ideal da caridade: ajudar aos outros como a razão para a própria vida.
Preparação dos textos: Roberto C. Arruda
Rio de Janeiro - BRASIL
No ar desde Setembro de 2000
fonte: http://helenita89.vilabol.uol.com.br/umbanda.html
A Comunidade de Umbanda S. Sebastião apoia e com certeza estara sempre divulgando os trabalhos de pessoas que fizeram a diferença para que a Umbanda chega-se ao patamar que nós conhecemos e pelo menos deveriamos dar o devido valor
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