segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Agulhadas e Sentença de Morte à nossa inércia!
Agulhadas e Sentença de Morte à nossa inércia!
Última reflexão crítica de 2009.
O caso da criança de dois anos, que teve dezenas de agulhas enfiadas em seu corpo pelo seu padrasto em Ibotirama no oeste baiano, que tem como suspeitas de participação e envolvimento duas mulheres, uma identificada como amante do padrasto e outra, uma senhora que se diz Mãe-de-Santo, chocou e indignou o país diante da sua brutalidade.
A sequência de assassinatos misteriosos, com requintes de perversidade, em diversos bairros da capital cearense, cuja a investigação policial corre em sigilo e que está ligado, segundo a imprensa local, a rituais de magia negra tendo como possíveis suspeitos membros de terreiros de Umbanda está assustando a coletividade dos cultos afro-brasileiros em Fortaleza.
Para as autoridades religiosas e adeptos dos cultos e religiões afro-brasileiras uma certeza absoluta, ambos os casos nada tem haver com a doutrina, teologia, rito e liturgia, e as tradições do Candomblé, da Umbanda, do Omoloko, do cultos de nação em geral. Tão pouco é alicerçado ou respaldado pelos ensinamentos difundidos pelo mundo espiritual presente nessas religiões e cultos, bem como ministrados por seus sacerdotes e sacerdotisas.
Assim como todos, esses atos criminosos nos chocam, nos indignam e evidente que somamos a nossa voz ao coro de repúdio da sociedade, cobrando justiça e nos solidarizando as vítimas e seus familares.
É ponto pacífico, que tais atos são perpetrados por indivíduos ou grupos desequilibrados, destituídos de discernimento, razão ou quaisquer valores morais. Obnubilados por sandices e crendices desvirtuadas, somente acreditam no ódio, na vingança e nos seus desejos e sentimentos mais mesquinhos e vilipendiosos. Muitas vezes são seres vazios de tudo, sem rumo, horizonte e sem nenhum resquício de valores básicos da convivência humana.
Poderíamos discorrer longamente sobre os motivos ou exatamente a falta deles, que levam as criaturas humanas se assemelharem as bestas-feras e alcançar com seus atos a mais baixa iniquidade, caindo de cabeça nas sombras, na escuridão e nas trevas da alma.
Também poderia enveredar pelo caminho realista da discriminação e do preconceito que ainda resiste na sociedade, em pleno terceiro milênio, em relação a tudo o que diz respeito as religiões e cultos afro-brasileiros.
Prefiro, no entanto realizar uma reflexão crítica sobre a permissividade que grassa no seio do movimento dos cultos afro-brasileiros, que se não é a origem desta percepção discriminatória e preconceituosa da sociedade, contribui amplamente para sua existência.
Sempre digo que: “Quem permite o pouco, assiste passivamente o muito”. Essa sensação muitas vezes me vem a tona no dia-a-dia da religião.
A despeito dos religiosos sérios, dos trabalhos dignos e valorosos encetados em muitos templos, terreiros, tendas, choupanas, centros, barracões, roças etc, independente da luta nobre das diversas associações, organizações, instituições e federações pelo bom nome e da dignificação das religiões e cultos afro-brasileiros, da busca pela inserção e reconhecimento da sociedade, fato é que:
Os desmandos da autoridade religiosa ainda é um câncer a ser extirpado;
Os vendilhões do templo, continuam a vender qualquer coisa pelo melhor preço que conseguirem;
Os mercadores da fé traficam falsas esperanças, curas impossíveis, realizações de quimeras, e satisfação de qualquer tipo de desejo, sentimento e vontade;
O culto a personalidade, a egolatria, o poder desmedido fascinam autoridades e criam um despotismo renitente;
A mediunidade como fim e não como meio que ressalta o fenômeno e respalda o maravilhoso e o sobrenatural;
A falta de disciplina e disciplinadores;
A facilidade como se aplaude, louva, permite, aceita se é condescendente, mesmo em nome da educação, da tolerância e do respeito ao próximo, com o que se sabe ser errado;
A falta de estudo e pesquisa ou a existência deles, não pelo poder do saber, mas pelo conhecimento salutar que alicerça a fé e abre os horizontes da visão espiritual;
A desarticulação fraterna, a falta de união, a visão míope da defesa dos minifúndios, ou mesmo dos latifúndios religiosos.
Por fim e não chegando ao fim de uma lista muito maior que essa, a total desvalorização que os próprios religiosos nutrem sobre as iniciativas individuais ou coletivas válidas, sejam por pessoas, grupos ou instituições a favor das religiões e cultos afro-brasileiros.
Nos calamos demais, silenciamos mais ainda. Diz o ditado que quem cala consente. Assim consetimos demais, deixamos correr frouxo, fazemos vista grossa, muitas vezes ao que acontece no interior de nossas casas espirituais, logo ao lado, ou mesmo em lugares que somos convidados a visitar.
São pais e mães de “poste”, sacerdotes e sacerdotisas “alienígenas”, que caem de paraquedas e ninguém sabe de onde veio ou surgiu, a “mistureba”, em nome da evolução e da modernidade, com ritos, conceitos e doutrinas exteriores as tradições das religiões e cultos afro-brasileiros, fora a “demonização” impetrada por nós mesmos, na tentativa de gerar uma aura de respeito e medo aos outros , de divulgar a crença absurda que somos detentores de “verdades absolutas”, de um poder mediúnico “forte”, manipuladores de “magias” poderosas e conhecedores de ensinamentos ocultos, místicos e sobrenaturais.
Sim, devemos matar esta inércia que solapa a realidade de nossas religiões e cultos afro-brasileiros e a inaptidão que nos paralisa e impede de conseguirmos reverter esta errônea percepção que a sociedade e a mídia possuem de nós, antes que pela inércia e incapacidade morramos, transformados definitivamente naquilo em que não somos, não pregamos, não cultuamos e nem defendemos.
Bradamos ao mundo a discriminação e o preconceito e esquecemos de olhar para o próprio umbigo e ver muitas vezes a manifestação a discriminação e o preconceito intra-religiosos.
Exigimos respeito e consideração e deixamos tanta coisa errada acontecer no interior e no entorno do nosso movimento religiosos.
Não podemos culpar os outros de olharem para nossas religiões e cultos e enxergarem em muitos locais que visitam, exatamente aquilo que eles já ouviram falar de errado, ou as ideias pré-concebidas que adquiriram através, por exemplo de alguns setores mal informados da mídia e do ataque de outros segmentos religiosos.
Às vezes penso que gostamos desta pecha e de vivermos assim como párias religiosos da sociedade e cultura de periferia no seu sentido pejorativo.
Definitivamente, não praticamos rituais satânicos, sacrifícios de seres humanos, rituais de magia negra, enfiamos agulhas em criança ou qualquer coisa assemelhada e parecida.
Agulhadas merecem todos nós, adeptos das religiões e cultos afro-brasileiros para que reajamos e não fiquemos escondidos em nossas conchas, com a cabeça, feito avestruz enfiada na terra, repetindo incansavelmente para nós mesmos, isso não tem nada haver comigo, logo vai passar.
Sentença de morte merece a inércia que congela e paralisa a nossa iniciativa de luta, de união, de espírito de corpo, de fraternidade, liberdade e igualdade que as religiões e cultos afro-brasileiros já merecem a muito tempo.
Pensemos nisso ao apagar das luzes de 2009.
Caio de Omulu
http://umbandasemmisterio.blogspot.com/2009/12/agulhadas-e-sentenca-de-morte-nossa.html
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Analogia entre Buda e Jesus
Por: Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Desde o século passado que estudiosos apontam as surpreendentes semelhaças entre os ensinamentos de Buda e Jesus. É como se Deus tivesse posto duas vertentes de uma mesma fonte adequadamente apropriadas para o mundo Ocidental e Oriental. Vejas alguns exemplos:
Buda: É mais fácil ver os erros dos outros que os próprios; é muito difícil enxergar os próprios defeitos. Espalham-se os defeitos dos outros como palha ao vento, mas escondem-se os próprios erros como um jogador trapaceiro"
Jesus: Por que olhas o cisco no olho de teu irmão e não vês a trave no teu? Como ousas dizer a teu irmão: 'Deixa-me tirar o cisco de teu olho, pois sei corrigir teu erro de visão'? Hipócrita, tira primeiro o engano de tua visão, e só então poderás tirar o cisco de teu companheiro".
Buda: "Não importa o que um homem faça, se seus atos servem à virtude ou ao vício, tudo é importante. Toda ação acarreta frutos"
Jesus: "Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar bonsc frutos. Porventura colhem-se figos de espinheiros ou ervas de urtigas? Toda árvore se conhece pelos frutos".
Buda: A pessoa má fala com falsidade, acorrentando os pensamentos às palavras. Aquele que fala mal e rejeita o que é verdadeiramente justo não é sábio".
Jesus: O homem bom tira coisas boas do tesouro do coração, e o mau retira coisas más, pois a boca fala do que está cheio o coração".
Buda: Assim como a chuva penetra numa casa mal coberta, também a paixão invade uma mente dispersa. Assim como a chuva não penetra numa casa bem coberta, igualmente a paixão não invade uma mente bem formada".
Jesus: Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como um homem que construiu uma casa sobre a rocha. Caiu a chuva, uma torrente se abateu sobre a casa, mas ela não caiu, pois estava fundada sobre a rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras mas não as pratica é semelhante a um homem que construiu sua casa na areia. Veio a chuva, a torrente se abateu sobre ela, e ela desabou. E foi grande a sua ruína".
Muitas outras analogias ainda mais ricas seriam possíveis. Remeto o leitor ao livro "O Buda Jesus" para um estudo mais aprofundado.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
FRANGO DE NATAL
Era dezembro. Nevava e o frio era por demais intenso. O bom homem chegou em casa, comeu a comida simples e foi-se deitar. Como sempre, orou antes de dormir: "Senhor Deus, obrigado pelo dia de hoje, pelo alimento abundante...". E disse a Ele tudo o que diariamente dizia. Porém, naquela noite, antes do "boa noite" aos amigos do céu, arriscou um pedido. Aproximava-se o natal, e ele sonhava, tal como Francisco de Assis, estar com o Salvador ao vivo naqueles dias; se possível, tocá-lo, falar e passar um tempo a sós com ele. E foi isso que, corajosamente, pediu naquela noite. Sim, por que não?, pensou. Então esqueceu tudo e dormiu.
Finalmente chega a véspera do natal. Toma banho, compra um frango, tempera-o, põe-no para assar - ah, o vinho antigo, onde estava? E tinha também as velas, as nozes e o arroz branco. "Sim", disse, olhando a mesa rota e mambembe, "está tudo bem". E sentou-se para esperar o convidado especial, pois tinha certeza que Ele viria (não havia dito o próprio Cristo que quem pede recebe?). "Vou fechar os olhos só um pouquinho", pensou, e recostou a cabeça na cadeira de balanço. Logo dormiu. De repente, assustado, acordou e arrumou a roupa, pois deu-se conta que o outro poderia bater à porta e ele não ouvir. Olhou o relógio: 20 horas. "Está quase na hora, Ele já vem", animou-se.
Toc, toc. Alguém batia. Seu coração pulou de alegria. Então era verdade: Jesus realmente atendia o pedido de seus irmãos! Ajeitou rapidamente os cabelos e abriu a porta: surpresa! Era um mendigo. "Ah, que pena", pensou. "Sim?", perguntou. E o homem mais pobre que ele pediu algo para comer, pois tinha muita fome. "Espere um pouco", respondeu. Olhou o frango dourado à mesa e rapidamente arrancou uma coxa e a deu ao pedinte. "Jesus nem vai notar, pois vou virar o frango para baixo e assim escondo a perna que falta".
Tranqüilizou-se e sentou-se novamente para esperar a visita. Toc, toc. Nova batida. Correu abrir a porta. Mas, não era Jesus e sim outro pedinte. Mesma história, mesma pena do pobre homem e lá se vai a outra coxa do frango. "Jesus não há de reclamar de o frango não ter as duas coxas", refletiu.
Colocou um pouco de arroz nos dois buracos, sentou-se novamente, agora já um pouco triste, e fechou os olhos. Nova batida. Era outro pedinte. E lá vai um pedaço de peito de frango para o estômago de mais um faminto, pois, afinal, "Jesus disse: 'Estive com fome e me deste de comer'", lembra.
De repente, outra batida. E assim foi, a noite inteira: batida na porta, carne saindo, pedinte chegando, carne saindo, até nada mais restar, a não ser a farofa que caíra na mesa. "Bem, Jesus", pensou, "demorastes pra vir e foi isso o que sobrou". E foi catando a louça para guardar e ir dormir, quando ouve alguém bater. "Não tenho mais nada", gritou. Toc, toc, insistia o novo visitante. "Vá dormir, é tarde; já disse que nada mais tenho para dar", repetiu. Toc, toc. "Mas, credo, o que será que querem tanto comigo?" E foi ter com o novo visitante.
Abriu. E emudeceu... Afastou-se trêmulo, com as pernas moles e o rosto cor-de-neve. Era Jesus. Aquele sorriso no rosto, a doçura no olhar, as chagas nas mãos: sim, não havia dúvidas, era o Mestre amado. "Senhor", falou, caindo de joelhos e chorando de dor, "por que demoraste? Tudo o que havia tive que dar. Até o vinho antigo se foi. Perdoe-me, Senhor Jesus...".
O Mestre então entra na humilde casa, toca seu queixo e pede para que se ponha em pé. E diz: "Estou muito contente em vir à tua casa". E o pobre homem responde: "Ah, Jesus, preparei uma ceia para te receber, mas vieram tantos mendigos pedir comida e acabou indo tudo para eles. E eu que queria tanto passar um tempo contigo, como outros santos de Deus passaram. O que é que vais pensar de mim agora?" E pôs-se a chorar novamente, as mãos encobrindo o rosto.
Jesus, tomando-o nos braços, apertou-o suavemente contra si e disse-lhe: "Mas eu já estive contigo várias vezes esta noite e comi fartamente. Até bebi um excelente vinho". O bom homem levanta a cabeça, fita Jesus e pergunta: "Mas, como? Eu estive atento a noite toda e nunca te vi entrar. E se entraste enquanto cochilei, como comeste sem fazer barulho?" Jesus sorri e responde: "O que querias era estar comigo na noite de natal, não era? Pois bem, todo aquele que recebe o menor dos meus irmãos é a mim que recebe. Na verdade, não eram mendigos que vinham bater à porta, mas eu, disfarçado. Porque eu queria saber se me havias convidado porque realmente me amavas ou se era por um capricho teu. Como vi que teu amor era verdadeiro, eis-me aqui contigo. Pronto, senta-te e vamos conversar. Nesta noite de natal sou inteiramente teu!".
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Amigo leitor, neste mês de dezembro preferi transcrever, a meu modo, um conto de Tolstoi. Penso que é um excelente pretexto para refletirmos sobre o verdadeiro sentido do natal. Tudo bem que exista o hábito de dar e receber presentes, que exista uma pessoa "tão importante" quanto Jesus na data reservada a Ele (o Papai Noel), mas os cristãos sabem que só Ele dá sentido ao 25 de dezembro. Arrisco mais: digo que só Ele dá sentido a todos os dias 25, e não só de dezembro, mas de janeiro, agosto, outubro, etc; como aos dias 24, 12, 3 ou 31. Porque todo dia é natal, uma vez que todo dia é dia de Jesus renascer em nossos corações. Feliz natal hoje, portanto. E amanhã, depois de amanhã...
Autor: Cezar Augusto Ribeiro
Pense nisso !
Sucesso !
Boa Semana.
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Porque tive fome, e destes-me de comer;
tive sede, e destes-me de beber;
era estrangeiro, e hospedastes-me.
Mateus 25:35
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Dia 08 de dezembro de da Grande Mãe D' Agua
O Brasil é orgulhoso do grande império de suas águas. Principalmente o mar, de todas as cores, matizes e luzes é o Grande Senhor da nossa costa, que penetrando por todos os lados desse imenso país, abraça nossa terra, em enseadas, golfos e baías.
Mas apesar de sua beleza, no mar há uma força maior, uma força que impera, que reina a Senhora absoluta de todas as águas, de tudo que vive na água e possa viver. Há sim, uma força que ordena e não pede, que manda e que decide sobre o vida dos pescadores, de todos que se aventurarem a entrar em seu território e de todos aqueles que têm vistas para alcançar o verde de seu mar.
Em cada canto desses mares, nas ondas dos surfistas, nas praias, nas cabanas dos pescadores, nos altos desses montes, Ela será sempre a Grande Senhora. Ninguém pode se atrever a dizer que não é vassalo servil do grande reino de Iemanjá. Porque de fato, Iemanjá é a Rainha das águas. A tranqüilidade na superfície do mar, ou a tempestade rugindo, as ondas quebrando-se sobre as embarcações ou sobre as praias, tudo é conduzido pela sua mão suprema.
Nada se altera, nada se faz ou se transforma, sem que seja sua vontade. Iemanjá de tantos poderes, de tantos nomes e tantos filhos, sempre foi exaltada por negros e brancos e seu culto se verifica de norte a sul no Brasil.
MITOLOGIA
LENDA (Arthur Ramos)
Com o casamento de Obatalá, o Céu, com Odudua, a Terra, que se iniciam as peripécias dos deuses africanos. Dessa união nasceram Aganju, a Terra, e Iemanjá (yeye ma ajá = mãe cujos filhos são peixes), a Água. Como em outras antigas mitologias, a terra e a água se unem. Iemanjá desposa o seu irmão Aganju e tem um filho, Orungã.
Orungã, o Édipo africano, representante de um motivo universal, apaixona-se por sua mãe, que procura fugir de seus ímpetos arrebatados. Mas Orungã não pode renunciar àquela paixão insopitável. Aproveita-se, certo dia, da ausência de Aganju, o pai, e decide-se a violentar Iemanjá. Essa foge e põe-se a correr, perseguida por Orungã. Ia esse quase alcançá-la quando Iemanjá cai no chão, de costas e morre. Imediatamente seu corpo começa a dilatar-se. Dos enormes seios brotaram duas correntes de água que se reúnem mais adiante até formar um grande lago. E do ventre desmesurado, que se rompe, nascem os seguintes deuses: Dadá, deus dos vegetais; Xango, deus do trovão; Ogum, deus do ferro e da guerra; Olokum, deus do mar; Oloxá, deusa dos lagos; Oiá, deusa do rio Niger; Oxum, deusa do rio Oxum; Obá, deusa do rio Obá; Orixá Okô, deusa da agricultura; Oxóssi, deus dos caçadores; Oké, deus dos montes; Ajê Xaluga, deus da riqueza; Xapanã (Shankpannã), deus da varíola; Orum, o Sol; Oxu, a Lua.
Os orixás que sobreviveram no Brasil foram: Obatalá (Oxalá), Iemanjá (por extensão, outras deusas-mães) e Xango (por extensão, os outros orixás fálicos).
Com Iemanjá, vieram mais dois orixás yorubanos, Oxum e Anamburucu (Nanamburucu). Em nosso país houve uma forte confluência mítica: com as Deusas-Mães, sereias do paganismo supérstite europeu, as Nossas Senhoras católicas, as iaras ameríndias.
A Lenda tem um simbolismo muito significativo, contando-nos que da reunião de Obatalá e Odudua (fundaram o Aiê, o "mundo em forma"), surgiu uma poderosa energia, ligada desde o princípio ao elemento líquido. Esse Poder ficou conhecido pelo nome de Iemanjá.
Durante os milhões de anos que se seguiram, antigas e novas divindades foram unindo-se à famosa Orixá das águas, como foi o caso de Omolu, que era filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá.
Antes disso, Iemanjá dedicava-se à criação de peixes e ornamentos aquáticos, vivendo em um rio que levava seu nome e banhava as terras da nação de Egbá.
Quando convocada pelos soberanos, Iemanjá foi até o rio Ogun e de lá partiu para o centro de Aiê para receber seu emblema de autoridade: o abebé (leque prateado em forma de peixe com o cabo a partir da cauda), uma insígnia real que lhe conferiu amplo poder de atuar sobre todos os rios, mares, e oceanos e também dos leitos onde as massas de águas se assentam e se acomodam.
Obatalá e Odudua, seus pais, estavam presentes no cerimonial e orgulhosos pela força e vigor da filha, ofereceram para a nova Majestade das Águas, uma jóia de significativo valor: a Lua, um corpo celeste de existência solitária que buscava companhia. Agradecida aos pais, Iemanjá nunca mais retirou de seu dedo mínimo o mágico e resplandecente adorno de quatro faces. A Lua, por sua vez, adorou a companhia real, mas continuou seu caminho, ora crescente, ora minguante..., mas sempre cheia de amor para ofertar.
A bondosa mãe Iemanjá, adorava dar presentes e ofereceu para Oiá o rio Níger com sua embocadura de nove vertentes; para Oxum, dona das minas de ouro, deu o rio Oxum; para Ogum o direito de fazer encantamentos em todas as praias, rios e lagos, apelidando-o de Ogum-Beira-mar, Ogum-Sete-ondas entre outros.
Muitos foram os lagos e rios presenteados pela mãe Iemanjá a seus filhos, mas quanto mais ofertava, mais recebia de volta. Aqui se subtrai o ensinamento de que "é dando que se recebe".
IEMANJÁ ABRASILEIRADA
Iemanjá, a Rainha do Mar e Mãe de quase todos os Orixás, é uma Deusa abrasileirada, sendo resultado da miscigenação de elementos europeus, ameríndios e africanos.
É um mito de poder aglutinador, reforçado pelos cultos de que é objeto no candomblé, principalmente na Bahia. É também considerada a Rainha das Bruxas e de tudo que vem do mar, assim como é protetora dos pescadores e marinheiros. Governa os poderes de regeneração e pode ser comparada à Deusa Ísis.
Os grandes seios ostentados por Iemanjá, deve-se à sua origem pela linha africana, aliás, ela já chegou ao Brasil como resultado da fusão de Kianda angolense (Deusa do Mar) e Iemanjá (Deusa dos Rios). Os cabelos longos e lisos prendem-se à sua linhagem ameríndia e é em homenagem à Iara dos tupis.
De acordo com cada região que a cultua recebe diversos nomes: Sereia do Mar, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Inaê, Mucunã, Janaína. Sua identificação na liturgia católica é: Nossa Senhora de Candeias, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria.
Do mesmo modo que varia seu nome, variam também suas formas de culto. A sua festa na Bahia, por exemplo é realizada no dia 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora das Candeias. Mas já no Rio de Janeiro é dia 31 de dezembro que se realiza suas festividades. As oferendas também diferem, mais a maioria delas consiste em pequenos presentes tais como: pentes, velas, sabonetes, espelhos, flores, etc. Na celebração do Solstício de Verão, seus filhos devotos vão às praias vestidos de branco e entregam ao mar barcos carregados de flores e presentes. Às vezes ela aceita as oferendas, mas algumas vezes manda-as de volta. Ela leva consigo para o fundo do mar todos os nossos problemas, aflições e nos trás sobre as ondas a esperança de um futuro melhor.
Iemanjá apresenta-se logo com um tipo inconfundível de beleza. No seu reinado, o fascínio de sua beleza é tão grande como o seu poder. Ora é de um encanto infinito, de longos cabelos negros, de faces delicadas, olhos, nariz e boca jamais vistos, toda ela graça e beleza de mulher.
Outras vezes, Iemanjá continua bela, mas pode apresentar-se como a Iara, metade mulher, metade peixe, as sereias dos candomblés do caboclo. Como um orixá marítimo, ela é a mais prestigiosa entidade feminina dos candomblés da Bahia, recebe rituais de oferendas e grandes festas lhe são dedicadas, indo embarcações até o alto-mar para lhe atirar mimos e presentes. Protetoras das viagens e dos marinheiros, obteve o processo sincrético, passando a ser a Afrodite brasileira, padroeira dos amores, dispondo sobre uniões, casamentos e soluções amorosas. Quem vive no mar ou depende de amores é devoto de Iemanjá. Convergem para ela orações e súplicas no estilo e ritmos católicos.
Mas o que importa seus nomes, suas formas e aparência, se nada modifica a força de seu império, senão altera a grandeza do seu reinado?
Queixas são contadas a Iemanjá, esperanças dela provêm, planos e projetos de amor, de negócios, de vingança, podem ser executados caso ela venha a dar seu assentimento.
Grande foi o número de ondas que se quebrou na praia, mas maior ainda, foi o caminho percorrido pelo mito da divindade das águas. Das Sereias do Mediterrâneo, que tentaram seduzir Ulisses, às Mouras portuguesas, à Mãe D'água dos iorubanos, ao nosso primitivo Igpupiara, às Iaras, ao Boto, até Iemanjá. E, neste longo caminhar, a própria personalidade desta Deusa, ligada anteriormente à morte, apresenta-se agora como protetora dos pescadores e garantidora de boa pesca, sempre evoluindo para transformar-se na deusa propiciadora de bom Ano Novo para os brasileiros e para todos que nesta terra de Sol e Mar habitam.
DEUSA LUNAR DA MUDANÇA
A Deusa Iemanjá rege a mudança rítmica de toda a vida por estar ligada diretamente ao elemento água. É Iemanjá que preside todos os rituais do nascimento e à volta as origens, que é a morte. Está ainda ligada ao movimento que caracteriza as mudanças, à expansão e o desenvolvimento.
É ela, como a Deusa Ártemis o arquétipo responsável pela identificação que as mulheres experimentam de si mesmas e que as definem individualmente.
Iemanjá quando dança, corta o ar com uma espada na mão. Esse corte é um ato psíquico que conduz a individualização, pois Iemanjá separa o que deve ser separado, deixando somente o que é necessário para que se apresente a individualidade.
Sua espada, portanto, é um símbolo de poder cortante que permite a discriminação ordenativa, mas que também pode levar ao seu abraço de sereia, à regressão e à morte.
Em sua dança, Iemanjá coloca a mão na cabeça, um ato indicativo de sua individualidade e por isso, é chamada de"Yá Ori", ou "Mãe de Cabeça". Depois ela toca a nuca com a mão esquerda e a testa com a mão direita. A nuca é símbolo do passado dos homens, ao inconsciente de onde todos nós viemos. Já a testa, está ligada ao futuro, ao consciente e a individualidade.
A dança de Iemanjá pode ser percebida como uma representação mítica da origem da humanidade, do seu passado, do seu futuro e sua individualização consciente. É essa união antagônica que nos dá o direito de vivermos o "aqui" e o "agora", pois sem "passado", não temos o "presente" e sem a continuidade do presente, não teremos "futuro". Sugere ainda, que a totalidade está na união dos opostos do consciente com o inconsciente e dos aspectos masculinos com os femininos.
Como Deusa Lunar, Iemanjá tem como principal característica a "mudança". Ela nos ensina, que para toda a mulher, o caráter cíclico da vida é a coisa mais natural, embora seja incompreendido pelo sexo masculino.
A natureza da mulher é impessoal e inerente a ela como um ser feminino e altera-se com os ciclos da lua: fase crescente, cheia, meia-fase até a lua obscura. Essas mudanças não só se refletem nas marés, mas também no ciclo mensal das mulheres, produzindo um ritmo complexo e difícil de entender. A vida física e psíquica de toda a mulher é afetada pela revolução da lua e a compreensão desse fenômeno nos propicia o conhecimento de nossa real natureza instintiva. Em poder desse conhecimento, podemos domesticar com o esforço consciente as inclinações cíclicas que operam-se a nível inconsciente e nos tornarmos não tão dependentes desses aspectos escondidos de nossa natureza semelhante aos da lua.
ARQUÉTIPO DA MATERNIDADE
Iemanjá é por excelência, arquétipo da maternidade. Casada com Oxalá, gerou quase todos os outros orixás. É tão generosa quanto as águas que representa e cobrem uma boa parte do planeta.
Iemanjá é o útero de toda a vida, elevada à posição principal da figura materna no panteão de iorubá (Ymoja). Seu sincretismo com a Nossa Senhora e a Virgem Maria lhe conferem a supremacia hierárquica na função materna que representa. É a Deusa da compaixão, do perdão e do amor incondicional. Ela é "toda ouvidos" para escutar seus filhos e os acalenta no doce balanço de suas ondas. Ela representa as profundezas do inconsciente, o movimento rítmico, tudo que é cíclico e repetitivo. A força e a determinação são suas características básicas, assim como o seu gratuito sentimento de amizade.
Como Deusa da fecundidade, da procriação, da fertilidade e do amor, Iemanjá é normalmente representada como uma mulher gorda, baixa, com proeminentes seios e grande ventre. Pode, também como já falamos, aparecer na forma de uma sereia. Mas, não importando suas características, ela sempre se apresentará vinculada ao simbolismo da maternidade.
Iemanjá surge nas espumas das ondas do mar para nos dizer que é tempo de "entrega". Você está carregando em seus ombros um fardo mais pesado do que possa carregar? Acha que deve realizar tudo sozinha(o) e não precisa de ninguém? Você é daquelas pessoas que "esmurra ponta de prego" e quer conseguir seu intento nem que tenha que usar à força? Pois saiba que a entrega não significa derrota. Pedir ajuda também não é humilhação, a vida tem mais significado quando compartilhamos nossos momentos com mais alguém. Geralmente esta entrega ocorre em nossas vidas forçosamente. Se dá naqueles momentos em que nos encontramos no "fundo do poço", sem mais alternativas de saída, então nos viramos e entregamos "à Deus" a solução. E, é exatamente nesta hora que encontramos respostas, que de maneira geral, eram mais simples do que imaginávamos. A totalidade é alimentada quando você compreende que o único modo de passar por algumas situações é entrega-se e abrir-se para algo maior.
Quando abrimos uma brecha em nosso coração e deixamos que a Deusa atue em nós, alcançamos o que almejamos. Entrega é confiança, mas tente pelo menos uma vez entregar-se, pois lhe asseguro que a confiança virá e será tão cega e profunda quando a sua desconfiança de agora. O seu desconhecimento destes valores, escondem a presença de quem pode lhe ajudar e provocam sentimentos de ausência e distância. Não somos deuses, mas não devemos nos permitir viver à sombra deles.
RITUAL DE ENTREGA (só mulheres)
Você deve fazer este ritual numa praia, em água corrente e até visualizando um destes ambientes. Primeiro mentalmente viaje até seu útero, no momento do encontro se concentre. Respire profundamente e leve novamente sua consciência para o útero. Agora respire pela vulva. Quando se achar pronta, com o mar a sua frente, entre nele. Sinta a água acariciando seus pés, ouça o barulho das ondas no seu eterno vai-e-vem. Chame então a Iemanjá para que venha encontrá-la. Escolha um lugar onde você puder boiar tranqüilamente e com segurança. Sinta as mãos da Iemanjá acercando-se de você. Abandone-se em seu abraço, ela é mãe muito amorosa e espetacular ouvinte. Renda-se aos seus carinhos e entregue-se sem medo de ser feliz. Você está precisando revigorar sua vida amorosa, procura um emprego ou um novo amor? Faça seus pedidos e também lhe fale de todas suas angústias e aflições. Deixe que Iemanjá alivie os fardos que carrega. Ela carregará consigo para o fundo do mar todos os seus problemas e lhe trará sobre as ondas a certeza de dias melhores, portanto abandone-se à imensidão do mar e do seu amor.
Quando estiver pronta para voltar, agradeça a Iemanjá por estes doces momentos passados com ela. Então estará livre para voltar à praia, sentindo-se mais leve, viva e purificada.
OUTROS DADOS:
SAUDAÇÃO: Odô-fe-iaba! Odô-fe-iaba! Odô-fe-iaba!
MINERAL: Prata e platina.
DIMENSÃO ESOTÉRICA: Ocupa o primeiro raio juntamente com a orixá Nanã.
DIA DA SEMANA; Segunda-feira.
ERVAS PARA BANHO E DEFUMAÇÃO: Jasmim, araticum-da-praia, folha-da-costa, graviola, capeba, mãe-boa, musgo marinho encontrado nas pedras marinhas, alcaparra, entre outras.
PLANETA: Lua
COR DA GUIA: Contas brancas cristalinas ou azul claras.
BEBIDAS: Água de coco, mel, água salgada ou potável, champanha e suco de suas próprias ervas e frutos.
FLORES: Rosas e palmas brancas.
COMIDAS: Canjica branca, peixe fritos, arroz, arroz-doce com mel, acaçá, pudim, etc.
FRUTOS: Mamão, graviola, uvas brancas, melancia.
Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto
Ressonâncias do Natal
Na paisagem fria e sem melhor acolhimento, a única hospedaria à disposição era a gruta modesta onde se guardavam os animais.
Não havia outro lugar que O pudesse receber.
O mundo, repleto de problemas e de vidas inquietas, preocupava-se com os poderosos do momento e reservava distinções apenas para os que se refestelavam no luxo, bem como no prazer.
Aos simples e desataviados sempre se dedicavam a indiferença, o desrespeito, fechando-lhes as portas, dificultando-lhes os passos.
Mas hoje, tudo permanece quase que da mesma forma.
Não obstante, durante aquela noite de céu transparente e estrelado, entre os animais domésticos, em uma pequena baia, usada como berço acolhedor, nasceu Jesus, que transformou a estrebaria num cenário de luzes inapagáveis que prosseguem projetando claridade na noite demorada dos séculos, em quase dois mil anos...
Inaugurando a era da humildade e da renúncia, Jesus elegeu a simplicidade, a fim de ensinar engrandecimento íntimo como condição única para a felicidade real.
O Seu reino, que então se instalou naquela noite de harmonias cósmicas, permanece ensejando oportunidades de redenção a todos quantos se resolvam abrigar nas suas dependências.
E o Seu nascimento modesto continua produzindo ressonâncias históricas, antes jamais previstas.
Homens e mulheres, que tomaram contato com Sua notícia e mensagem, transformaram-se, mudando-se-lhes o roteiro de vida e o comportamento, convertendo-se, a partir de então, em luzeiros que apontam rumos felizes para a Humanidade.
* * *
Guerreiros triunfadores passaram pelo mundo desde aquela época, inumeráveis.
Governantes poderosos estabeleceram reinos e impérios, que pareciam preparados para a eternidade, e ruíram dolorosamente.
Artistas e técnicos, de rara beleza e profundo conhecimento, criaram formas e aparelhagens sofisticadas para tornarem a Terra melhor, e desapareceram.
Ditadores indomáveis e aristocratas incomuns surgiram no proscênio terrestre, envergando posição, orgulho e superioridade, que o túmulo silenciou.
...Estiveram, por algum tempo, deixando suas pegadas fortes, que tornaram alguns odiados, outros rechaçados e sob o desprezo das gerações posteriores.
Jesus, porém, foi diferente.
Incompreendido, o Cantor do Amor aceitou a cruz, para não anuir com o crime, e abraçou a morte para não se mancomunar com os mortos.
Por isso, ressurgiu, em triunfo e grandeza, permanecendo o Ser mais perfeito que jamais esteve na Terra, como modelo que Deus nos ofereceu para Guia.
* * *
Quando a Humanidade experimenta dores superlativas, quando a miséria sócio-econômica assassina milhões de vidas que estertoram ao abandono; quando enfermidades cruéis demonstram a fragilidade orgânica das criaturas; quando a violência enlouquece e mata; quando os tóxicos arruinam largas faixas da juventude mundial, ao lado de outros males que atestam a falência do materialismo, ressurge a figura impoluta de Jesus, convidando à reflexão, ao amor e à paz, enquanto as ressonâncias do Seu Natal falam em silêncio: Ele, que tem salvo vidas incontáveis, pede para que tentes fazer algo, amando e libertando do erro pelo menos uma pessoa.
Lembrando-te d'Ele, na noite de Natal, reparte bondade, insculpe-O no coração e na mente, a fim de que jamais te separes d'Ele.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis
Da obra: 'Momentos Enriquecedores' - Divaldo Pereira Franco
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
DIA 04 DE DEZEMBRO DIA DE IANSÃ EPARREI
Iansã é um Orixá feminino muito famoso no Brasil, sendo figura das mais populares entre os mitos da Umbanda e do Candomblé em nossa terra e também na África, onde é predominantemente cultuada sob o nome de Oiá. É um dos Orixás do Candomblé que mais penetrou no sincretismo da Umbanda, talvez por ser o único que se relaciona, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos dos mortos (Eguns), que têm participação ativa na Umbanda, enquanto são afastados e pouco cultuados no Candomblé. Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Bárbara. Iansã costuma ser saudada após os trovões, não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente porque Iansã é uma das mais apaixonadas amantes de Xangô, e o senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo tempo, ela é a senhora do vento e, conseqüentemente, da tempestade.
Nas cerimônias da Umbanda e do Candomblé, Iansã, ela surge quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua espada, e ao mesmo tempo feliz. Ela sabe amar, e gosta de mostrar seu amor e sua alegria contagiantes da mesma forma desmedida com que exterioriza sua cólera.
Como a maior parte dos Orixás femininos cultuados inicialmente pelos iorubás, é a divindade de um rio conhecido internacionalmente como rio Níger, ou Oiá, pelos africanos, isso, porém, não deve ser confundido com um domínio sobre a água.
A figura de Iansã sempre guarda boa distância das outras personagens femininas centrais do panteão mitológico africano, se aproxima mais dos terrenos consagrados tradicionalmente ao homem, pois está presente tanto nos campos de batalha, onde se resolvem as grandes lutas, como nos caminhos cheios de risco e de aventura - enfim, está sempre longe do lar; Iansã não gosta dos afazeres domésticos.
É extremamente sensual, apaixona-se com freqüência e a multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação, raramente ao mesmo tempo, já que Iansã costuma ser íntegra em suas paixões; assim nada nela é medíocre, regular, discreto, suas zangas são terríveis, seus arrependimentos dramáticos, seus triunfos são decisivos em qualquer tema, e não quer saber de mais nada, não sendo dada a picuinhas, pequenas traições. É o Orixá do arrebatamento, da paixão.
Foi esposa de Ogum e, posteriormente, a mais importante esposa de Xangô. é irrequieta, autoritária, mas sensual, de temperamento muito forte, dominador e impetuoso. É dona dos movimentos (movimenta todos os Orixás), em algumas casas é também dona do teto da casa, do Ilê.
Iansã é a Senhora dos Eguns (espíritos dos mortos), os quais controla com um rabo de cavalo chamado Eruexim - seu instrumento litúrgico durante as festas, uma chibata feita de rabo de um cavalo atado a um cabo de osso, madeira ou metal.
É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaiê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda também a falange dos Boiadeiros.
Duas lendas se formaram, a primeira é que Iansã não cortou completamente relação com o ex-esposo e tornou-se sua amante; a segunda lenda garante que Iansã e Ogum, tornaram-se inimigos irreconciliáveis depois da separação.
Iansã é a primeira divindade feminina a surgir nas cerimônias de cultos afro-brasileiros.
Deusa da espada do fogo, dona da paixão, da provocação e do ciúme. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase estou apaixonado, tem a presença e a regência de Iansã, que é o orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúme doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão propriamente dita. É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado no campo amoroso. Iansã rege o amor forte, violento.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Bolinho de Jesus ?
O acarajé é uma iguaria da culinária baiana e tem sua origem nos barracões de candomblé. O bolinho de feijão-fradinho, frito no azeite de dendê, é uma oferenda à Orixá Iansã. Em Salvador - BA é facilmente encontrado nas ruas, vendido em tabuleiros pelas tradicionais Baianas, com suas roupas brancas, torço (turbante) na cabeça e suas Guias (colares) no pescoço. Essa tradição perdura desde o século XIX. O acarajé começou a ser vendido nas ruas de Salvador pelas escravas, e hoje se tornou o prato mais conhecido e característico da Bahia, e o ofício das baianas do acarajé foi tombado pelo IPHAN, desde 2004, como patrimônio imaterial do Brasil.
Na África, ele chama-se akara, e quando as escravas desfilavam pelas ruas, com os tabuleiros na cabeça, anunciavam akará ajeum. Ajeum significa, em Ioruba, comer. Nós brasileiros juntamos as duas palavras e nasceu o termo acarajé.
Bom o fato é que mesmo com tanta tradição cultural e religiosa envolvida, anda acontecendo algo no mínimo absurdo. Evangélicos produzindo e comercializando o acarajé e chamando-o de Bolinho de Jesus.
Começou quando algumas adeptas do Candomblé se tornaram protestantes, e hoje vários evangélicos se utilizam deste procedimento para ter garantida sua fonte de renda.
Estes, naturalmente, não usam as roupas brancas, nem o torço e nem as guias. Nem mesmo usam os tabuleiros para acomodar os acarajés, fazem de tudo para desassociar o quitute do Candomblé. Ignoram, no sentido de não se importarem, as origens, a história, a tradição e a cultura que envolve o que antes de tudo é uma oferenda, e querem vendê-lo apenas como um alimento qualquer. É que vende bem, muito bem. Então se apropriam indevidamente de uma das mais enraizadas e conhecidas tradições da Bahia e do Brasil, pois quem nunca ouviu falar no famoso acarajé da Bahia?
Fiquei pensando muito nisso, e acabei associando a outro fato semelhante. Todos sabem que sal grosso, arruda, fitinha vermelha, e por ai a fora, são elementos tradicionais dos cultos afro-brasileiros, principalmente da Umbanda, que se popularizaram e foram incorporados na cultura brasileira, assim como o famoso vaso de 7 ervas, ferradura, figa e muitos outros. Pois bem, não é difícil ligarmos a televisão e vermos um pastor evangélico, de roupa branca (tai outra coisa), utilizando alguns destes elementos em seu culto, e ainda denominando isso de “des carrego” (tai mais outra coisa).
É inegável a contribuição do Povo Negro e do Povo de Santo para a construção da identidade cultural do Brasil, mas àqueles que não encaram desta forma devem ao menos não tentar roubar, adaptando de forma grosseira, nossas coisas para as suas coisas.
O acarajé, alem do feijão e do dendê, tem muito sangue e suor dos escravos. Tem muita reza e axé dos barracões de Candomblé. Tem dança e tem ritmo. Tem sonhos de liberdade e sorrisos de esperança.
O acarajé é de Iansã.
O autor, Ricardo Barreira, é presidente do Instituto Sócio Cultural Umbanda Fest.
sábado, 21 de novembro de 2009
Oferendas
O que quer dizer, realmente, fazer ou dar uma oferenda?
Muitos acreditam que os Orixás e as Entidades comem. Nenhum Orixá ou Entidade come as oferendas! Nas reuniões percebemos que as entidades se alimentam, bebem e fumam. Mas devemos nos lembrar que naquele momento elas estão incorporadas no médium e usam aqueles elementos para o trabalho que estão executando naquele momento.
Podemos sempre fazer oferendas?
Não, para isso temos que ter um auxílio de um Pai de Terreiro, que nos orientam sobre a seriedade de uma oferenda, e com certeza a fará com toda responsabilidade e fé.
Como podemos falar sobre o assunto que é um recurso da Umbanda com a seriedade e o respeito devido?
Em uma necessidade o pai de terreiro marca um dia para o filho fazer sua oferenda em lugar apropriado e deitar um pouco de tempo para receber as vibrações destas oferendas. Elas agem como catalisadoras e transmissoras de energia, servindo para fortificar o médium.
A mesma oferenda serve para qualquer pedido, fortalecimento, abertura de caminhos, etc.?
Não, para cada situação existem oferendas apropriadas, por isso a necessidade da assistência do Sacerdote ou Pai de Terreiro, pois ele sabe como e o que fazer.
Devemos colocar oferendas nas ruas, nas encruzilhadas, etc.?
Não. Elas não devem ser colocadas na rua e nem nas encruzilhadas, pois todos os terreiros devem ter um lugar de respeito para que sejam colocadas.
fonte: http://www.casabrancadeoxala.org/conversas%20na%20senzala/oferendas.html
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Consciência tem raça
tem forma, tem cor?
Não!
Consciência é a matiz do amor
E a todos enlaça
Basta de tanto horror!
Paciência também não tem cor
Nem raça, nem forma
Mas...
tem limite e decoro
e não se conforma
Basta de tanta hipocrisia!
É muita heresia dizer
Que consciência tem dia
Esse dia é todo dia
Que propicia
Alegria e prazer
Basta! Haja paciência!
Pense e aja com consciência!
Negros, amarelos, pardos,
brancos, irmãos!
Coloquem a mão sobre o peito
E arranquem do coração
Os mantos do preconceito!
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Caboclos & Caboclas
São geralmente espíritos de civilizações primitivas, tais como índios: Íncas, Maias, Astecas e afins. Foram espíritos de terras recém formadas e descobertas, eles formaram sociedades (tribos e aldeias), com perfeita organização estrutural, tudo era fabricados por eles, desde o cultivo de alimentos até a moradia.
Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos da terra, além de sua utilização.
Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham "incorporados" a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca de sua elevação espiritual.
São subordinados aos Orixás, o que lhes concede uma força mestra na sua personalidade e forma de trabalho, igual aos Preto-velhos.
Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia, estamos nos referindo a sua forma de trabalho.
Costumam usar durante as giras, penachos e fumam charutos. Falam de forma rústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas danças muita beleza, própria dessa linha.
Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representam quase uma "senha" entre eles. Cumprimentos e despedidas são feitas usando esses sons.
Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem pertencer. Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:
Caboclos da mata - Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram contato com elas.
Caboclos da mata virgem - Esses viveram mais interiorizado nas matas, sem nenhum contato com outros povos.
Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros. Mais ainda existe as particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.
A primeira é a "especialidade" de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros, guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.
A segunda é diferença criada pela "força da natureza" que os rege. É o Orixá para quem eles trabalham.
Para nós da Umbanda, é importantíssimo saber que a "personalidade" de um caboclo se dá pela junção de sua "origem", "especialidade" e "força da natureza" que o rege.
E é nessa "personalidade" que centramos nossos estudos. Assim como os Preto-velhos, eles podem dar passe, consulta e correntes de energização ou participarem de descarrego, contudo sua prática da caridade se dá principalmente com a manipulação.
Quando falamos em manipulação, estamos nos referindo desde preparo de remédios feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral até manipulação física, como por rezar "espinhela caída".
Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia. Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer remédios naturais.
Como são espíritos da mata propriamente dita, todos recebem forte influência de Oxossi, no sentido apenas do conhecimento químico das ervas, independente do Orixá que trabalhe.
São espíritos que também trabalham muito com passe. Acreditamos ser pela facilidade de locomoção, já que normalmente trabalham em pé.
São também bastante necessários na hora de um descarrego, pois conseguem acoplar no médium em qualquer posição.
Os chefes dos povos se denominam "chefes dos Orixás", sendo que são chamados "chefes de falange" ou "falangeiros". Os chefes e todos os integrantes de cada linha vem em representação do Orixá que os manda, atuando como este e trabalhando do mesmo modo, apesar de terem diferenças entre si, dependendo do tipo de "falange" a que pertencem.
http://www.aumbandan.hpg.ig.com.br/ (FONTE PESQUISADA)
Por Antonio D´Ogum
sábado, 7 de novembro de 2009
ZÉ PILINTRA MESTRE DO CATIMBÓ
Zé Pelintra é um dos personagens mais interessantes do extenso quadro de Entidades espirituais que se manifestam na Umbanda. Contam-se histórias mirabolantes sobre essa Entidade e a que parece ser a mais próxima da realidade humana que ele tivera afirma que se chamava José Gomes da Silva, era oriundo do interior pernambucano, boêmio, jogador totalmente ligado às mulheres. Brigador de primeira, não entrava numa para não vencer. Suas escaramuças com a polícia eram conhecidas, principalmente, porque mesmo enfrentando mais de dez homens, saía sempre vencedor. Apesar de jogador inveterado não gostava de ganhar dos incautos, a esses assustava e os mandava de volta para suas casas e famílias. Aos "expertos" sim, gostava de "limpá-los". Primeiro os enganava, perdendo, inicialmente de forma astuciosa, nos dados ou nas cartas, para depois, aproveitando-se dos ânimos inflamados dos "ganhadores", virava o jogo. Às mulheres dedicava intensa paixão, nas apesar de seus envolvimentos amorosos não ser o que se pode chamar de fiéis, contam que morreu em função de uma grande paixão. Bebedor inveterado, mas, ainda que bebesse muito, controlava muito bem tudo o que ocorria à sua volta. Existem algumas histórias pessoais sobre Zé Pelintra, mas sabemos que as Entidades de Umbanda representam, além de um ser específico, representa também o personagem central que aquela Entidade significa. Isso quer dizer que não é somente José Gomes da Silva que transformou-se no famoso Zé Pelintra, mas qualquer um que tivesse tido aquelas mesmas características. Zé Pelintra se manifesta não só no Brasil, até no EUA já se ouviu falar de sua existência. No Rio de Janeiro, em muitas casas de Umbanda, encontra-se a figura alegre, expansiva e representativa do malandro bonachão. Dizem que ele vivia na Lapa, o bairro carioca mais boêmio que se conhece. Gosta de cigarros, cerveja, whiskie, vermuth e gosta muito de lenços ou camisas na cor vermelha embora use outras cores também. Adora um chapéu Panamá. Muitos se vestem com o famoso terno de linho branco, chapéu e gravata vermelha das imagens. Ah! E as camisas devem ser de seda porque os protegem do fio da navalha, arma característica da malandragem de épocas passadas.
Ele é boêmio e malandro, mas é uma das Entidades mais sérias da Umbanda. Tem sempre uma palavra amiga, uma ajuda, um trabalho de caridade. Todos que o conhecem sabem que podem confiar nele. No Nordeste manifesta-se no Culto à Jurema, ou Catimbó, onde é considerado Mestre e muito respeitado, tanto que é comum ser chamado para participar de batismos e até casamentos. No Catimbó, Zé Pelintra têm características mais regionais. Fuma cachimbo, bebe cachaça misturada com mel e usa bengala o que lhe dá um ar muito mais grave.
Zé Pelintra é uma das Entidades mais ecléticas da Umbanda e para alguns é considerado um Exu, embora ele próprio, diversas vezes, negue essa condição.
Salve a Malandragem,
Salve seu Zé Pelintra.
FONTE: http://vencedordedemanda.blogspot.com/2009/11/ze-pilintra-mestre-do-catimbo.html
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Religiões Celebram o Dia de Finados
FONTE: http://www.jcnet.com.br/busca/busca_detalhe2009.php?codigo=169464
JC ouviu representantes de diferentes doutrinas sobre o significado da morte e as crenças envolvidas nesta data
Feriado oficial no calendário nacional, o Dia de Finados, comemorado hoje, é mais especificamente celebrado pelos católicos. Muitas pessoas vão aos cemitérios para reverenciar seus entes queridos e deixam flores sobre seus túmulos, acendem velas e fazem orações. Outro ritual é participar de missas, cultos ou encontros para lembrar os mortos. Porém, o significado da morte difere entre as religiões e crenças. Por isso, o Jornal da Cidade conversou com representantes de diferentes doutrinas que explicam suas crenças.
Desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos e visitavam os túmulos dos mártires. Já no século V, a igreja católica dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, mas foi no século XIII que esse dia anual passou a ser comemorado em 2 de novembro, logo após a Festa de Todos os Santos (no dia 1 de novembro).
De acordo com dom Caetano Ferrari, bispo diocesano de Bauru, a morte é a passagem da vida humana para a vida eterna com Deus. “A morte para nós não significa que a vida foi tirada, mas sim que ela foi transformada. É um momento de passagem para a vida eterna”, explica.
Como se preparar para esse momento? “Vivendo bem”, afirma o bispo. Para os católicos, o melhor modo de viver é por meio de uma vida tranqüila, com boa relação com Deus, com as pessoas e com o espiritismo. “Todos temos que viver a vida sabendo que estamos aqui de passagem. A nossa fase definitiva é junto com Deus. Estamos aqui como peregrinos e, chegada a hora, vamos morrer. Sabemos que não é o fim, mas vamos para uma vida de amor com Deus”, revela dom Caetano.
Por isso, para a Igreja Católica o Dia de Finados é um momento para recordar das pessoas amadas que morreram. “Queremos entrar em comunhão com elas e fazemos isso por meio da comunhão com Deus, porque acreditamos que elas são agentes do senhor”, conta. “Essa cerimônia se realiza mediante a liturgia, a oração e a missa. Por isso é tradição ir até cemitérios com flores e acender velas”, acrescenta o bispo.
Já para os umbandistas, a morte é um ponto de transcendência do estado físico para o espiritual. “A umbanda é uma religião encarnacionista. Ela entende a morte como o fim de um ciclo material desta fase de corpo físico para o retorno a realidade. Estamos aqui por passagem, a realidade natural é o mundo espiritual”, explica o sacerdote Rodrigo Queiroz, do Templo Escola Umbanda Sagrada de Bauru.
Com esta visão, a morte não é um momento de lamentação, mas sim de celebração, afirma Queiroz. A garantia de uma boa transcendência é a “evolução do espírito”. “Precisamos dentro de uma série de preceitos e comportamentos humanos, ser cada vez mais comprometidos com o comportamento de auxílio ao meio em que vivemos, são necessárias ações positivas, frear os extintos negativos para promover uma lapidação da alma”, revela o sacerdote. “Se não for assim, a pessoa pode garantir uma queda para esferas inferiores da evolução no momento da morte. O preparo para a morte deve ser no nosso dia-a-dia e o saldo que cada um colhe no final da vida física é a sua obra de vida”, finaliza.
Juliana Franco
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Livro sobre Exu causa guerra santa em escola municipal
Professora umbandista diz que foi proibida de dar aulas em unidade de Macaé, dirigida por diretora evangélica
POR RICARDO ALBUQUERQUE, RIO DE JANEIRO
Rio - As aulas de Literatura Brasileira sobre o livro ‘Lendas de Exu’, de Adilson Martins, se transformaram em batalha religiosa, travada dentro de uma escola pública. A professora Maria Cristina Marques, 48 anos, conta que foi proibida de dar aulas após usar a obra, recomendada pelo Ministério da Educação (MEC). Ela entrou com notícia-crime no Ministério Público, por se sentir vítima de intolerância religiosa. Maria é umbandista e a diretora da escola, evangélica.
A professora Maria Cristina mostra desenhos feitos por alunos após a leitura: mães evangélicas se rebelaram. Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
A polêmica arde na Escola Municipal Pedro Adami, em Macaé, a 192 km do Rio, onde Maria Cristina dá aulas de Literatura Brasileira e Redação. A Secretaria de Educação de lá abriu sindicância e, como não houve acordo entre as partes, encaminhou o caso à Procuradoria-Geral de Macaé, que tem até sexta-feira para emitir parecer. Em nota, a secretaria informou que “a professora envolvida está em seu ambiente de trabalho, lecionando junto aos alunos de sua instituição”.
A professora confirmou ontem que voltou a lecionar. “Voltei, mas fui proibida até por mães de alunos, que são evangélicas, de dar aula sobre a África. Algumas disseram que estava usando a religião para fazer magia negra e comercializar os órgãos das crianças. Me acusaram de fazer apologia do diabo!”, contou Maria Cristina.
Sacerdotisa de Umbanda, a professora se disse vítima de perseguição: “Há sete anos trabalho na escola e nunca passei por tanta humilhação. Até um provérbio bíblico foi colocado na sala de professores, me acusando de mentirosa”.
Negro, pós-graduado em ensino da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira, o diretor-adjunto Sebastião Carlos Menezes aguardará a conclusão da procuradoria para opinar. “Só posso lhe adiantar que a verdade vai prevalecer”, comentou. Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, Sebastião contou que a diretora Mery Lice da Silva Oliveira é evangélica da Igreja Batista.
ATÉ CINCO ANOS DE PRISÃO
“Se houver preconceito de religião, acredito que deva ser aplicado todo o rigor da lei”, afirmou o coordenador de Direitos Humanos do Ministério Público (MP), Marcos Kac. O crime de intolerância religiosa prevê reclusão de até 5 anos. Em caso de injúria, a pena varia de 3 meses a 2 anos de prisão. O MP poderá entrar com ação pública penal se comprovar a intolerância religiosa. “Caso contrário envia à delegacia para inquérito”, explicou Kac.
Alunos do 7º ano leram a obra: referências ao folclore
Em 180 páginas, o livro ‘Lendas de Exu’, da Editora Pallas, traz informações sobre uma das principais divindades da cultura afro-brasileira. O autor da obra, Adilson Martins, remete ao folclórico Saci Pererê para explicar as traquinagens e armações de Exu.
Na introdução, Martins diz que ele é “um herói como tantos outros que você conhece”. Em Macaé, 35 alunos do 7º ano do Ensino Fundamental leram o livro.
Nas religiões afro-brasileiras, Exu é o mensageiro entre o céu e a terra, com liberdade para circular nas duas esferas. Por isso, algumas pessoas acabam o relacionando a Lúcifer.
O presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos, garantiu que outros autores de livros, como Jorge Amado e Machado de Assis, sofrem discriminação nas escolas: “As ideias neopentecostais vêm crescendo muito, desrespeitando a lei”.
Ivanir explicou que o avanço da discriminação religiosa provocou o agendamento de um encontro, dia 12 de novembro, com a CNBB: “Objetivo é formar uma mesa histórica sobre os cultos afro e estabelecer uma agenda comum”.
VIVA VOZ
Até mães de alunos me proibiram de falar sobre a África
“Acusam-me de dar aula de religião. Não é verdade. No livro ‘Lendas de Exu’, de Adilson Martins, há histórias interessantes, são ótimas para trabalhar com os alunos. Li os contos, como se fosse uma contadora de histórias, dramatizando cada uma delas. Praticamos Gramática, e os alunos ilustraram as histórias de acordo com a imaginação deles. Não dá para entender por que fui tão humilhada. Até mães de alunos, evangélicas, me proibiram de falar sobre a África”.
MARIA CRISTINA MARQUES, professora, 48 anos
Fonte do texto acima:
http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2009/10/livro_sobre_exu_causa_guerra_santa_em_escola_municipal_42866.html
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
ESPÍRITOS ATORMENTADOS
Prosseguem como se estivessem imanados à aflição que os retinha na carne.
Guardam carantonhas atormentadas, refletindo angústias superlativas.
Comprazem-se, enceguecidos, dominados por prazeres irreais, semiloucos.
Conservam o fascínio às moedas reluzentes ou às notas acumuladas, penetrando as mãos em vasa fétida que confundem com o ouro imaginário.
Afirmam-se condutores do pensamento, afligindo mentes incautas em demorados processos de hipnose, minando a organização física e psíquica dos semelhantes encarnados.
Conservam as expressões de luxúria, perseguindo miragens da própria sandice.
Aprisionam-se às opiniões pessoais, apaixonados e vencidos por cadeias mentais de difícil remoção.
Demoram-se vinculados aos pútridos despojos carnais, longe do discernimento.
Aventuram-se em empresas cruéis, alimentando tristes ideais de vingança ultriz.
Asseveram-se espoliados dos bens terrenos, jugulados a ódios infernais.
Acreditam-se traídos pela fidelidade dos que ficaram na carne, convertendo-se em algozes impiedosos.
Enlouquecidos, formam bandos de delinqüentes como nuvens de horror, semeando inquietações sem nome e desequilíbrio sem conta.
*
Ignoram a situação em que se encontram.
Aparvalhados ante a realidade veraz da desencarnação que desvelou para eles as revelações da imortalidade, despertam, infelizes, aprisionando-se às malhas dos objetivos iníquos a que se ligaram na Terra.
São portadores de reminiscências vigorosas:
— antigos possuidores de moedas que se enferrujam distantes do uso;
— verdugos da paz alheia que se esqueceram de amar;
— vencedores dos jogos da ilusão que se distanciaram da verdade;
— ladrões da felicidade de muitos, que converteram o lar em inferno e o cônjuge em escravo.
São os gozadores de todo jaez que triunfaram em rios de lágrimas, atingindo culminâncias com a máscara da hipocrisia afivelada à face, em jornadas subalternas.
Morreram, sim... Mas não se consumiram no túmulo.
A vida os aguardava além da morte com os painéis das experiências malogradas, a se desdobrarem indestrutíveis...
Desequilibraram-se ao impacto da consciência violentadas pelo pavor que se torna verdugo, ou pelo remorso que se faz vingador de si mesmo.
Intranqüilos, perturbam e afligem quantos se lhes vinculam pela identificação de pensamentos e atos.
*
Recorda-os com piedade consoladora, laborando em benefício deles com o perdão.
Evoca-os em tuas orações intercessórias, que os alcançarão em forma de lenitivo e esperança.
Todos retornarão, como tu mesmo, ao cadinho purificador da reencarnação.
Ninguém está fadado à felicidade sem termo nem às punições indefinidas.
O Celeste Pai é Magnanimidade e a Sua Misericórdia de acréscimo é sol que ilumina e aquece todos os Seus.
Ajuda-os, por tua vez, como ontem te auxiliaram outros corações dos quais não recordas...
E participando da desdita deles, agradece à Doutrina Espírita que te ergue o véu que ocultava a realidade do além-túmulo, convocando-te para a conduta reta e o dever superior.
Não importa que sofras na via edificante.
Não reclames as agonias na austera caminhada.
Não acredites, levianamente, que as dores e perseguições deles, que te chegam aos ouvidos da alma pelo veículo da mediunidade ultrajada, na obsessão, ou pela informação medianímica, no socorro psíquico, possam converter-se em devaneio social para as horas vazias, fazendo-te arrogante, quando fores convocado à dialogação evangelizante.
Compreende-os e prepara-te igualmente.
Embora a carne moça e estuante pareça um casulo que te defende, atingirás a sepultura, tragado pela desencarnação; e, se a irresponsabilidade assinalar teus dias, mesmo que finjas ignorar a verdade que o contato com o Mundo Espiritual te ensejou, tornar-te-ás igual a eles, e jornadearás, perturbado, até o momento em que, buscando alguém, anseies, como eles agora, o socorro sincero e a compaixão cristã.
Joanna de Ângelis.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
DE JOELHOS SIM !!!
DE JOELHOS SIM !!!
Dentro das várias ritualísticas que se desenvolvem nos terreiros de Umbanda, é comum vermos principalmente
DE JOELHOS SIM !!!
Dentro das várias ritualísticas que se desenvolvem nos terreiros de Umbanda, é comum vermos principalmente no início e término dos trabalhos espirituais o corpo mediúnico com os joelhos no chão. Alguns vêem esta postura como arcaica e sem sentido, porém nunca se deram ao trabalho de analisarem detidamente tal comportamento.
É de conhecimento geral que as primeiras religiões do globo terrestre já inseriam em seus rituais O Ajoelhar , exteriorização de respeito junto ao Criador e também manifestação de humildade que todos devem ter, seja para com o Divino, seja para com o próximo. Da mesma forma, o ato de postar-se de joelho fazia e faz ver aos fiéis que assistiam ou assistem uma manifestação de religiosidade, a seriedade, o respeito e a simplicidade do sacerdote, frente ao plano espiritual superior.
A implantação do ajoelhar-se tem como finalidades mostrar a Deus todo o nosso carinho, obediência, respeito e amor e o quanto somos pequeninos diante do universo criado por Ele; e para passar a assistência que aquele espaço de caridade tem a exata noção do papel que desempenha, como instrumentos de trabalho dos bons espíritos.
Infelizmente, é do conhecimento de todos que, ao lado de criaturas humildes, simples, meigas e caridosas que estão sempre dispostas a dar seu suor à Umbanda, existem outras tantas orgulhosas, vaidosas, "auto-suficientes", que procuram a todo custo imporem-se aos demais, maximizando suas "qualidades" e minimizando as virtudes alheias.
Ostentam falsas conquistas, querendo submeter todos a seus caprichos. Contudo, nada mais doloroso e incômodo para estas pessoas do que ficar em posição de subserviência, de aparente inferioridade.
Tal postura lhes sangra a alma e lhes oprime o pétreo coração.
Suas visões ofuscadas não conseguem enxergar que tal rito e para seu próprio bem, para sua própria libertação dos sentimentos mesquinhos e posterior elevação espiritual, pois auxilia na quebra da vaidade e da soberba.
Alguns até podem dizer que ao postar-se de joelhos, o médium pode ter em mente pensamentos diametralmente opostos àquela posição. Mas aí meus irmãos é que termina a tarefa dos encarnados e inicia-se o processo de assepsia e lapidação dos arrogantes e vaidosos, levados a efeito pelos amigos de Aruanda, e assim, dando luz a estas pessoas e reconduzindo-as ao rebanho Divino.
Joelhos ao chão sim !!!
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Obrigação do Adobá
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Umbanda é declarada patrimônio imaterial do estado do Rio
— A partir do momento em que os cultos viram patrimônio, eles passam a ser mais divulgados, diminuindo a intolerância e a violência — comentou, em nota, Palmares, que também é autor da lei que declara o candomblé patrimônio imaterial do estado.
Para a professora de antropologia da UFRJ e autora do livro "Guerra de Orixá", Yvonne Maggi, o tombamen-
to é uma forma de dar legitimidade à religião:
— A umbanda foi criada no Rio de Janeiro dos anos 20 por um grupo que se separou do Kardecismo, mas que não queria assumir todos os ideais do candomblé. O tombamento preserva essa cultura. O mais difícil é mudar a relação cotidiana entre os fiéis de várias religiões.
Diretora da Congregação Espírita Umbandista do Brasil, Fátima Damas espera que a lei faça com que a crença seja vista com outros olhos:
— Estou muito feliz. É uma coisa que queríamos muito. Nossa religião é genuinamente brasileira, mas a sociedade não a vê como tal. A falta de conhecimento faz com que muitos tenham preconceito.
Lideranças de candomblé e umbanda acreditam que a transformação das religiões em patrimônio imaterial é um reconhecimento da importância da cultura afro para a história do estado.
— É preciso preservar a liturgia, a história da umbanda e do candomblé. Somos sacerdotes que lutamos pela verdadeira essência da religião. Umbanda é manifestação do espírito para prática da caridade, como disse o Caboclo das Sete Encruzilhadas — defende o babalorixá Marcos Penna.
Pai Paulo de Oxalá concorda com a visão:
— Essa lei é de suma importância para uma religião que no passado foi vítima de represália. É uma vitória, para nossos mais velhos, ialorixás e babalorixás antigos.
São Jeronimo Cao Xangô
Doutor da igreja, e um dos maiores especialistas em bíblias de sua época.
Ele nasceu em Stridonium perto de Aquiléia, Itália e estudou em Roma. Foi batizado na idade de 18 anos, mas foi criado desde pequeno como cristão .Em 374 foi para a Antiópia e teve um visão em que Cristo o admoestava dizendo:
"Ciceronianus es, non Christianus"
"Você é um Cicerone e não um Cristão"
Uma condenação da preferencia de Jerônimo a literatura romana e não aos escritos cristãos. Ele foi então para Chalcis, no deserto da Síria e ficou lá por quatro anos, aprendendo hebreu e os escritos de São Paulo de Tebas.
Após sua ordenação ele viveu em Constantinopla, hoje Istambul, estudando sob São Gregório Nazaianzus. Retornando a Roma ele chamou a atenção do Papa Damascus e serviu com secretario papal tornando-se uma figura muito popular até a morte de Damascus.
Depois foi para Belém onde ficou lá com Santa Paula, São Eustáquio e outros, pregando na Palestina e no Egito.
São Jerônimo devotou a sua via aos propósitos escolares traduzindo Sagradas Escrituras, revisando versões em Latin do Novo testamento principalmente a tradução da bíblia do grego para o Latin chamada "Vulgate ", na qual ficou 15 anos (teria sido uma sugestão do Papa Damascus).
De 405 até a sua morte ele continuou a escrever e atacar a heresia Pelagiana. Seus outros trabalhos incluem :
1)"Uma Continuação da Historia Eclesiástica ".
2)"De Viris Illustribus" (uma apresentação dos maiores escritores dos anos anteriores).
3)Um grande número de cartas ; uma tradução de Origines e a tradução e comentários de uma vasta variedade de tratados controvertidos.
Ele morreu em 30 de setembro após longa doença.
Ele é honrado com sendo um dos primeiros estudiosos do início da Igreja e um gênio que deu uma grande contribuição para a área escolástica bíblica.
Na arte litúrgica ele mostrado as vezes como um cardeal atendido por um leão ou ainda como um eremita. Outras vezes como um escolástico.
Padroeiro dos bibliotecários e das secretárias
A sua festa é celebrada em 30 de setembro.
Porque do leão ?
O Leão e São Jerônimo
Em Vita Divi Hieronymi (Migne. P.L., XXII, c. 209ff.) traduzido para o Inglês por Helen Waddell em "Beasts and Saints" (NY: Henry Holtand Co., 1934), você encontrará as razões pelas quais São Jerônimo é pintado geralmente com um leão ao seu lado.
" Uma tarde São Jerônimo sentou-se com seus amigos monges no seu monastério em Jerusalém ouvindo a lição do dia quando um gigantesco leão aproximou-se andando em três patas, com a quarta pata levantada. Imaginem o caos que se seguiu quando todos os monges correram, cada um para um lado, mas São Jerônimo calmamente levantou-se e foi se encontrar com o hospede não convidado.
Naturalmente o leão não podia falar, mas ofereceu a sua pata ferida ao bom padre.
Jerônimo examinou a pata e pediu a um monge menos medroso, um balde com água e lavou a pata ferida do leão.
Aí Jerônimo notou que a pata estava perfurada por espinhos.
Jerônimo retirou com cuidados os espinhos e aplicou uma pomada e o ferimento rapidamente sarou.
O gentil cuidado amansou o leão que ia e vinha pacificamente onde estava São Jerônimo como se fosse um animal doméstico.
Deste episódio Jerônimo disse "Pensem sobre isto e vocês encontrarão várias respostas.
Eu creio que não foi tanto para a cura de sua pata que Deus o enviou, pois Ele curaria a pata sem a nossa ajuda, mas enviou o leão para mostrar quanto Ele estava ansioso para prover o que necessitamos para o nosso bem."
Os irmãos sugeriram que o leão poderia ser usado para acompanhar e proteger o jumento que carregava a lenha para o monastério.
E assim foi por muito tempo. O leão guardava o jumento enquanto este ia e vinha.
Um dia entretanto, o leão ficou cansado e dormiu enquanto o jumento pastava. Mercadores de óleos egípcios levaram o jumento.
O leão lá pelas tantas acordou e passou a procurar o jumento.
Com incrível ansiedade procurou todo o dia.
No final do dia voltou e ficou no portão do monastério parado e consciente de sua culpa o leão não tinha mais o seu andar orgulhoso que ele fazia ao lado o burrico.
Quando outros monges o viram concluíram que o leão tinha na verdade comido o jumento.
E eles recusaram a alimentar o leão e o enviaram de volta para comer o resto da sua matança.
Mas ainda havia uma certa dúvida se o leão havia ou não matado o jumento e assim Jerônimo mandou que eles procurassem pela carcaça do jumento e não a encontraram, e nem sinal de violência.
Os monges levaram a noticia para São Jerônimo que disse " Eu fico triste pela perda do asno, mas não façam isto com o leão.
Tratem dele como antes dêem comida a ele, e ele fará o serviço do jumento.
Façam com que ele traga em seu lombo algumas das peças de lenha."
E assim aconteceu.
O leão regularmente fazia a sua tarefa, mas continuava a procurar o seu velho companheiro.
Um dia ele subiu uma colina e viu na estrada homens montados em camelos e um montado em um jumento.
Ele então foi de encontro a eles. Ao se aproximar ele reconheceu o seu amigo e começou a rugir.
Os mercadores assustados correram como puderam deixando o jumento e os camelos e sua carga para atras.
O leão conduziu os animais para o mosteiro .
Quando os monges o viram aquela parada inusitada de um leão liderando um jumento e camelos correram para Jerônimo e ele foi lá, abriu os portões e disse: "Tirem a carga dos camelos e do jumento, lavem suas patas e dêem comida a eles e esperem para ver o que Deus tinha em mente para mostrar a este seu servo quando nos deu o leão".
Quando sua instruções foram seguidas o leão começou a rugir de novo e a balançar o seu rabo alegremente.
Os irmãos com remorso da calúnia que haviam pensado do pobre leão disseram uns aos outros
"Irmão confie na sua ovelha mesmo se por um tempo ela pareça um ganancioso rufião e Deus fará um milagre para curar o seu caráter".
Neste meio tempo Jerônimo sabendo o que viria disse: "
Meus irmãos fiquem preparados e preparem refrescos porque novos hóspedes virão e deverão ser tratados sem embaraços’.
Assim os irmãos preparam para receber as visitas e em breve os mercadores estavam no portão. Foram bem-vindos, mas eles prostraram aos pés de São Jerônimo e pediram perdão pelas sua falhas.
Gentilmente Jerônimo disse "dêem os refrescos a eles e deixem partir com os seu camelos e suas cargas. Os mercadores ofereceram metade do óleo que os seus camelos carregavam para as lâmpadas do mosteiro e mais alguns alimentos para os monges.
O chefe dos mercadores estão disse "Nós daremos todo óleo que vocês precisarem durante todo ano e nossos filhos e netos serão instruídos de seguirem esta ordem, e ainda nada de sua propriedade será jamais tocada por qualquer de nós ".
São Jerônimo aceitou e os mercadores de sua parte aceitaram os refrescos e partiram com benção e voltaram alegres para o seu povo.
São Jerônimo então disse "vejam meus irmãos o que Deus tinha em mente quando nos mandou o seu leão"!
Xangô nasce do poder e morre em nome do poder.
Rei absoluto, forte e imbatível.
O seu prazer é o poder Xangô é o rei entre todos os Orixás.
É um Orixá de fogo.
Por sua origem real, Xangô é o Santo da Justiça, castigando com o raio.
Ele é também conquistador; possui as três esposas: Oba a mais velha e menos amada; Oxum, que era casada com Oxossi e por quem Xangô se apaixona e faz com que ela o abandone ; e Iansã. Esposa dedicada e forte guerreira, que precede o marido nas batalhas e, por ser dona do raio, deu o fogo a seu amado Xangô comandando as forças da natureza que se caracterizam pela violência: o trovão, o raio (o fogo sobrenatural do céu), atira pedras do céu.
Destacando-se pela sua valentia e liderança castiga mentirosos, infratores e ladrões.
Por isso a morte pelo raio é considerada infame, assim como uma casa atingida por uma descarga elétrica é tida como marcada pela ira de Xangô..
Xangô tem pavor da morte .
Na África sob seus aspectos, histórico e divino.
A filha de Elempe, rei dos Tapás, que havia firmado uma aliança com Oranian. Xangô cresceu no país de sua mãe, indo instalar-se mais tarde, em Kòso (Kossô), onde os habitantes não o aceitaram pelo seu caráter violento e imperioso; mas ele conseguiu, finalmente, impor-se por sua força.
Em seguida, acompanhado pelo seu povo, dirigiu-se para Oyó, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de Kossô. Conservou, assim, seu título de Obá Kòso, que, com o passar do tempo, veio a fazer parte de seus oríkì.
Xangô, no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado porém, tendo Yamase como mãe e três divindades como esposas: Oyá, Oxum e Obá.
Xangô é o irmão mais jovem, não somente de Dadá-Ajaká como também de Obaluaiyè. Entretanto, ao que parece, não são os vínculos de parentesco que permitem explicar a ligação entre ambos, mas sua origem comum em Tapá, lugar onde Obaluaiyè seria mais antigo que Xangô , e, por deferência para com o mais velho, em certas cidades como Seketê e Ifanhim são sempre feitas oferendas a Obaluayiè na véspera da celebração das cerimônias para Xangô.
Xangô, é viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores, razão do que de sobra, para ser denominado, deus da justiça.
Os èdùn àrá (pedras de raio - na verdade, pedras neolíticas em forma de machado), são consideradas emanações de Xangô, e são colocadas sobre um odó - pilão de madeira esculpida -, consagrado à Xangô. Seu símbolo é oxé - machado de duas lâminas - lembra o símbolo de Zeus em Creta. Esse oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao memso tempo, o duplo machado e lembra, de certa forma, a cerimônia chamada ajere, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma vasilha cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo; e, em uma outra cerimônia, chamada àkàrà, durante a qual engolem mechas de algodão embebidas em azeite de dendê em combustão. É uma referência à lenda, segundo a qual Xangô tinha o poder de escarrar fogo graças a um talismã que ele pedira à Oyá buscar no território bariba.
Seu maior símbolo..........machado de lâmina dupla(oxé); meteorito.
Suas plantas...................folha de Xangô (comigo-ninguém-pode ), quiabo, cambará, sabugueiro.
Seu dia...........................segunda-feira
quarta-feira
Sua cor...........................vermelho e branco
Seu mineral.....................aço
Seus elementos................fogo.
Saudação........................Caô Cabiecilê!
Domínios:......................o fogo celeste: raio, trovão, meteorito.
Comidas:........................amalá, rabada, zorô, bobó, milho assado. Fruta de conde.
Animais:........................jabuti
Quizilas..........................doença e morte
Características.................autoritário, severo, justiceiro, líder maduro; egocêntrico, mandão.
O que faz : ....................corrige injustiças, protege contra catástrofes.
Riscos de saúde...............hipertensão e suas conseqüências; nevralgias e tensão.
"São pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas e conscientes de sua importância real ou suposta.
Das pessoas que podem ser grandes senhores, corteses, mas que não toleram a menor contradição, e, nesses sensíveis ao charme do sexo oposto e que conduzem com tato e encanto no decurso das reuniões sociais, mas que podem perder o controle e ultrapassar os limites da decência.
Enfim, o arquétipo de Xangô é aquele das pessoas que possuem um elevado sentido da própria dignidade e das suas obrigações, o que as leva a se comportarem com um misto de severidade e benevolência, segundo o humor do momento, mas sabendo guardar, geralmente, um profundo e constante sentimento de justiça".
Oração a São Jerônimo
Ó Deus, criador do universo, que vos revelastes aos homens, através dos séculos, pela Sagrada Escritura, e levastes a vosso servo São Jerônimo a dedicar a sua vida ao estudo e à meditação da Bíblia, dai-me a graça de compreender com clareza a vossa palavra quando leio a Bíblia.
São Jerônimo, iluminai e esclarecei a todos os adeptos das seitas evangélicas para que eles compreendam as Escrituras, e se dêem conta de que contradizem a religião Católica e a própria Bíblia, porque eles se baseiam em princípios pagãos e superticiosos.
São Jerônimo, ajudai-nos a considerar o ensinamento que nos vem da Bíblia acima de qualquer outra doutrina, já que é a palavra e o ensinamento do próprio Deus. Fazei que todos os homens aceitem e sigam a orientação do nosso Pai comum expressa nas Sagradas Escrituras.
São Jerônimo, rogai por nós.
Assim seja!
Amém.